As duas saem da cozinha e começam o pequeno tour. Helena observa tudo com os olhos brilhando. Cada cômodo da mansão parece ter saído de uma revista de decoração. Elas passam pelo salão principal, sala de jantar, biblioteca, e então sobem a escada imponente até o segundo andar.
Camila: Aqui em cima ficam os quartos. Esse é o da Luiza, a faxineira que você vai substituir. E ali é o meu, aquele outro é o do senhor Nathan e também temos os das vistas…
Helena: Tudo tão bonito, parece até cenário de filme.
Camila sorri, orgulhosa.
Camila: Agora, esse último aqui… é o quarto principal.
Ela empurra a porta devagar.
Camila: Do senhor Ethan.
A porta se abre e revela um ambiente bem diferente do restante da casa. O quarto é grande, mas com tons escuros. Cortinas pesadas bloqueiam parte da luz. Os móveis são escuros, impecavelmente arrumados, mas frios. Um cheiro leve de madeira e perfume amadeirado paira no ar.
Helena entra com cuidado, olhando ao redor, impressionada.
Helena: Nossa… É tão diferente do resto da casa.
Camila: O patrão não gosta de muita luz. Nem de bagunça. E menos ainda de visitas no quarto dele.
Antes que pudesse terminar, uma voz ecoa do jardim:
Zé: Dona Camila! Ô dona Camila! A piscina tá vazando de novo, minha santa! Tá tudo alagado aqui!
Camila: Por Deus… Não me dão dois minutos de sossego nessa casa!
Ela se vira para Helena, ajeitando os cabelos com pressa.
Camila: Me perdoa, minha filha, mas preciso ver isso. Fica à vontade aqui. Só dá uma olhadinha, não mexe em nada, tá bom? Já volto.
Helena: Pode deixar…
Camila sai correndo, deixando Helena sozinha no quarto.
Helena caminha devagar pelo espaço, observando cada detalhe. É como se aquele ambiente carregasse uma energia pesada, diferente. Ela tenta encontrar o interruptor da luz, que parece escondido. Estica o braço, tateando a parede.
Assim que encontra e acende a luz, sente uma mão pousar em seu ombro.
Vira-se de súbito, soltando um grito:
Helena: Ai, meu Deus!
Ela se depara com um homem alto, vestido com elegância, de olhar firme e penetrante. Os cabelos ainda úmidos do banho rápido que tomara ao chegar, a expressão severa. Ele exala autoridade.
Ethan: Quem é você? E quem pensa que é pra estar mexendo nas minhas coisas?
Helena congela. Os olhos arregalados, o peito subindo e descendo rápido com a respiração descompassada. Assustada… e hipnotizada.
Helena: Eu… eu… não tava mexendo em nada, senhor… Eu só… só tava olhando. Camila me trouxe… Ela foi chamada na piscina…
Ethan a observa, estreitando os olhos, como se a estudasse por inteiro.
Helena: Eu sou a irmã do Ricardo. Vim pra entrevista da vaga de faxineira. Só isso… não quis faltar com respeito, me desculpa…
Ethan: E acha que isso justifica estar no meu quarto, sozinha?
Ela ergue o rosto de novo, com os olhos firmes agora.
Helena: Eu só obedeci à dona Camila. Mas se o senhor se sentiu invadido, me desculpe. Ela autorizou que eu aguardasse aqui.
Ethan permanece em silêncio por alguns segundos. Seu olhar se fixa nela de forma intensa. A tensão paira no ar. Até que ele recua um passo.
Ele se vira, caminha até a cômoda e pega o celular, como se encerrasse o assunto. Helena respira fundo e se apressa em sair, sentindo o coração disparado.
Mas enquanto fecha a porta, ainda sente o peso do olhar dele em suas costas.
Helena mal consegue respirar direito ao sair do quarto. Ainda tenta entender o que acabou de acontecer. Ao dar os primeiros passos para o corredor, dá de cara com Camila, que vinha subindo as escadas apressada, vinda da área da piscina.
Camila: Ah não… Não acredito. O senhor Ethan te pegou aí dentro, não foi?
Pergunta ao ver o rosto de Helena.
Helena balança a cabeça levemente, os olhos arregalados e a pele pálida. Estava tremendo.
Camila: Ai, meu Deus do céu… Fica calma, Helena. Me espera ali no hall, tá bom? Não sai daí. Eu vou resolver isso agora.
Sem esperar resposta, Camila entra no quarto de Ethan e deixa a porta entreaberta. Helena permanece parada no corredor, com o coração disparado e os olhos fixos na entrada. Sem querer — ou talvez querendo —, acaba ouvindo a discussão lá dentro.
Helena permaneceu parada diante da porta entreaberta. A voz grave de Ethan se sobressaía no quarto.
Ethan: Eu já falei, Camila, você sabe que não gosto que entrem no meu quarto. Ainda mais uma desconhecida que nem foi contratada ainda!
Camila: Ethan, por favor. Eu precisei sair por causa da piscina, pedi que ela aguardasse aqui. Ela não tocou em nada.
Ethan: Mesmo assim, Camila. Já não tinha deixado claro que não queria a irmã do Ricardo como faxineira?
Camila: Eu sei. Mas foi a única que apareceu pra entrevista, e são só três meses. Além disso, ela salvou o cachorro do Nathan, tive que dar uma chance a moça.
Ethan: O quê? Eu não tô nem aí pra aquela bola de pelo. Faça o favor de dispensar ela.
Helena, do lado de fora, engoliu seco. Não sentia raiva. Só uma pontada discreta no peito. Nada além de uma decepção simples, abafada. Sabia que não era nada pessoal. Mas ainda assim… doía um pouco.
Sem fazer barulho, desceu a escada devagar. Saiu pela porta principal que já estava aberta, atravessando o jardim em silêncio. Ao longe, avistou Ricardo ao lado do carro, terminando de guardar algo no porta-malas. Ele virou e, ao ver a irmã, abriu um sorriso automático — que logo se desfez ao perceber o olhar dela.
Ricardo: Heleninha? Tá tudo bem?
Helena forçou um sorriso discreto, tentando parecer despreocupada.
Helena: Tá sim, maninho. Mas… acho que essa vaga não é pra mim, não.
Ricardo franziu a testa, se aproximando.
Ricardo: Como assim? Por que você tá dizendo isso?
Helena: Não é nada. É só que… a casa é muito grande, tem muita coisa.
Ricardo: Mas tem muitos funcionários também. Você só cuidaria de uma parte. Seria tranquilo, só tirar poeira, manter as coisas no lugar. Ninguém vai te sobrecarregar.
Helena: Vamos embora, Ricardo?
Antes que ele pudesse insistir, a voz de Camila ecoou da porta principal.
Camila: Ricardo! Helena!
Helena parou, mas não se virou. Ricardo segurou o braço dela com delicadeza, encorajando.
Ricardo: Vamos ouvir, vai.
Eles voltaram alguns passos até a entrada da mansão, onde Camila os aguardava, visivelmente constrangida.
Camila: Helena, me desculpa mesmo pelo ocorrido, tá?
Ricardo olhou para a irmã, confuso.
Ricardo: O que aconteceu, afinal?
Helena: Nada demais… Eu só entrei num lugar onde não devia. Foi erro meu.
Camila balançou a cabeça.
Camila: Na verdade, a culpa foi minha. Pedi pra Helena esperar no quarto do senhor Ethan enquanto eu resolvia um problema, não achei que vocês já tivessem voltado. Foi uma decisão errada. Ele não gostou, mas a culpa é toda minha. Mesmo assim, Helena, se puder, quero você aqui amanhã.
Helena hesitou, com os olhos baixos.
Helena: É melhor não… Eu escutei quando ele disse que ficou muito incomodado de me ver no quarto dele.
Ricardo: Então você não quer mais o emprego? Ele foi grosso com você?
Helena: Não… Ele não fez nada demais. Só não me senti bem aqui. Prefiro não continuar.
Ricardo suspirou, mas respeitou.
Ricardo: Tá certo, então. Dona Camila, não se preocupe. Agradeço de coração por ter dado essa chance à minha irmã. Mas… vamos embora. Amanhã a gente se vê, dona Camila.
Camila abriu a boca para dizer algo, mas os dois já estavam de costas. Ela ficou parada na porta, observando enquanto os irmãos atravessavam o jardim juntos, em silêncio.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Deise
Mais um repetido, no capítulo passado já tinha esse parágrafo
2025-07-15
0
Linalva Da Silva Magalhaes Ferreira
Mas esse Ethan é um grosseirão!
2025-07-14
1
Valdercina Rodrigues
Que homem grosso só porque e amargurado não dá o direito de maltratar os outros a sua volta.
2025-07-14
3