Local: Casa de Lawrence – Final de tarde
Lawrence estava sentado à mesa da cozinha. A xícara de café frio permanecia intocada havia horas. Ele se perguntava quantos dias ainda suportaria aquele vazio quando o celular começou a vibrar sobre a mesa. O visor mostrava o nome de Cristina.
Ele respirou fundo antes de atender.
— Cristina… — disse num tom cansado. — Aconteceu alguma coisa?
Do outro lado, havia silêncio por um instante. Ele quase pensou que a chamada tinha caído, até ouvir a voz dela, trêmula, bem diferente do tom firme que costumava ter.
— Lawrence… desculpa te ligar a essa hora… — disse ela, com dificuldade. — Eu… eu precisava falar com alguém que entendesse.
— Pode falar. — Ele se endireitou na cadeira, como se o simples ato de ouvir a voz dela despertasse um pedaço antigo do delegado que já tinha sido.
Cristina respirou fundo, tentando conter a emoção.
— Eu estive pensando muito… depois de tudo o que aconteceu. O ataque à delegacia… o Jacob… o Martin… — A voz dela falhou quando mencionou o nome do amigo. — E agora esse palhaço no comando da polícia, se vendendo pro prefeito e pra Parallax…
Lawrence apertou a xícara com força, mas não disse nada.
— Eu não sei se tenho força pra continuar fingindo que a polícia ainda significa alguma coisa. — A voz dela baixou, quase num sussurro. — Eu… eu estou pensando em pedir afastamento. Talvez até sair de vez.
Lawrence sentiu o peito apertar. Ele conhecia aquele tom de voz. Era o som de alguém que estava perdendo a fé.
— Eu entendo… — disse ele, com cuidado. — Mas tem certeza disso? Você sempre foi uma das mais fortes entre nós.
— Eu achei que fosse. — Cristina respirou fundo. — Mas quando eu vi aquele distintivo novo sendo levantado… quando ouvi aqueles discursos podres… parecia que tudo que a gente sacrificou não tinha valido nada.
Lawrence fechou os olhos por um instante.
— E talvez… talvez não tenha mesmo. — Ele suspirou. — Mas se tem uma coisa que eu aprendi, Cristina, é que a gente só consegue viver carregando esse fardo se tiver alguém que ainda acredita que vale a pena lutar.
Do outro lado, o silêncio ficou mais longo.
— Eu não sei se ainda acredito — disse ela, por fim.
— Então… — Lawrence apoiou o cotovelo na mesa e passou a mão pelo rosto. — Talvez seja hora de você descansar um pouco. Pensar em você. Mas, se um dia decidir voltar, vai ter lugar ao meu lado… seja como policial… ou só como alguém que não aceita ajoelhar pra esses canalhas.
Cristina não respondeu de imediato. Quando falou de novo, parecia conter lágrimas.
— Obrigada… por ainda falar comigo como se tudo não estivesse perdido.
— Eu… — Ele hesitou. — Eu não sei se ainda acredito que podemos ganhar. Mas ainda acredito em você.
Por um instante, o silêncio virou consolo. Nenhum dos dois desligou logo. Era como se precisassem sentir que, apesar de tudo, ainda havia alguém do outro lado da linha.
O telefone ficou um tempo parado sobre a mesa depois que Cristina desligou. Lawrence passou alguns segundos apenas encarando o visor apagado, como se não quisesse acreditar que tudo aquilo era real.
Mas, no fundo, ele sabia que não podia se dar ao luxo de ficar parado.
Com um suspiro pesado, buscou na agenda de contatos o número de Sánchez. Tocou duas vezes antes que a voz grave do inspetor atendesse.
— Sánchez.
— Sou eu — disse Lawrence, num tom rouco.
— Lawrence… — a voz do amigo ficou mais suave. — Eu ia te ligar. Fiquei sabendo da posse daquele verme do Clark Zeint.
— Eu acabei de falar com a Cristina. — Lawrence passou a mão pelo rosto, tentando conter a exaustão. — Ela… ela está pensando em sair da polícia.
— Não a culpo. Depois de tudo que vocês passaram… é milagre ainda ter alguém disposto a usar esse distintivo.
Lawrence respirou fundo.
— Eu não sei mais o que dizer pra eles. Parece que tudo que a gente fez, todo sacrifício… não significou nada. — Ele ficou em silêncio por um momento. — Mas eu não consigo ficar parado.
Do outro lado da linha, Sánchez demorou um instante antes de responder.
— Eu também não. — A voz dele soava firme, apesar da tristeza. — Essa cidade não vai se levantar sozinha.
— Eu sei que você ainda tem contatos… gente que não se vendeu. — Lawrence falava baixo, como se temesse que alguém pudesse ouvir. — Eu não estou dizendo que vamos fazer nada agora. Mas… se um dia precisarmos, vamos precisar saber quem ainda está do nosso lado.
Sánchez soltou um suspiro pesado.
— Eu entendo. Pode contar comigo. Comigo e com alguns dos antigos. Eu não vou assistir esses canalhas tomarem tudo calado.
Lawrence apertou os olhos, sentindo-os arder.
— Obrigado, Sánchez. Eu só… precisava saber que não sou o único que pensa assim.
— Você não é. — A voz do amigo baixou um pouco. — E… Lawrence… se precisar de qualquer coisa… qualquer coisa mesmo… você me liga.
— Eu vou ligar. — Ele respirou fundo. — E, Sánchez… cuida de você também. Não deixa essa podridão te engolir.
— Pode deixar. — O outro respondeu num tom quase afetuoso. — Fica bem, meu amigo.
Lawrence desligou devagar. Ficou ali sentado, olhando o telefone sobre a mesa. Sabia que, cedo ou tarde, a hora de reagir chegaria. Mas, por ora, tudo que podia fazer era manter os poucos aliados que ainda restavam.
E esperar.
Local:Casa de Victor-Alta madrugada
-Porque Javier?
*Barulho de disparos*
-DESGRAÇADO!!!
-Ahhh
Martin despertou no meio da madrugada,mais um pesadelo,ele não conseguia mais dormir sem ter sonhos com Javier e com tudo que aconteceu na montanha Winter, Martin se levantou com dificuldade e pegou a muleta
-Já que eu não vou conseguir mais dormir hoje,vou movimentar um pouco essas pernas
Martin encontrou Victor na varanda da casa, olhando para o céu
-Um velho como você ainda tá acordado?
Victor sorriu
-E um jovem como você não consegue dormir?
-Acho que já dormir demais por esses tempos
-Martin, tem algo que não consigo parar de pensar
-O quê?
-Você estava envolvido na explosão do prédio da Parallax?
-De certa forma sim
Victor mordeu os lábios
-O que você fez?
-Eu não sabia que isso aconteceria,eu apenas seguir o plano que Leandro me passou para caso ele morresse,por isso apertei aquele botão,e sinceramente Victor eu não me importo,precisávamos de vantagem,os fins justificam os meios
-Não somos terroristas Martin
-Mas as vezes é necessário atitudes extremistas se quisermos nos manter no jogo
Victor ficou em silêncio por um momento
-Você tem razão,mas a partir de hoje,vamos tentar não tirar vidas inocentes
-Que seja
Victor encarou Martin por um instante
-Você tá bem diferente de quando saiu daqui naquela época
-Muita cosia aconteceu Victor,o inferno que eu vivi aqui nem se compara ao que eu passei lá,ter que ver meus amigos morrendo e eu sem poder fazer nada foi a pior coisa,ver meus aliados cair um por um,isso foi demais pra mim
-Eu sempre te disse que isso poderia ocorrer
-Eu vou matar todos eles Victor, não vou descansar até ver o sangue deles jorrando
-Eu sei que vai,e seu irmão?
-Vou mata-lo com minhas próprias mãos,ele que ordenou a execução da minha mãe
-Eu estarei ao seu lado nessa batalha,mas sozinhos não conseguiremos, nós precisamos de alidos,eu já estou trabalhando nisso,e você, precisamos trabalhar na sua recuperação o mais rápido, você receberá outro treinamento Martin,te tornarei mais letal do que você já é
Martin sorriu
-Estou pronto
-Você fez um belo estrago na Parallax Martin,eu sabia que você conseguiria,você se aliou ao antigo líder da organização, desestabilizou uma das principais fontes de renda deles,mas isso não foi o suficiente,mas dessa vez derrubaremos eles de uma só vez e iremos garantir que nunca mais se levantem
-A Parallax vai cair Victor, é por isso que eu sobrevivi, é por isso que ainda respiro, só vou me permitir estar em um caixão quando esses miseráveis forem exterminados....
Local:Sede de reuniões da Parallax
Javier estava sentado em sua mesa com um copo de uísque na mão,naquela dia a Parallax daria um grande passo para exercer a sua total soberania na cidade de Norwich
Um homem com um sobretudo preto entrou na sala
-Seja bem vindo Bryan,estava ansioso por esse momento
-Obrigado Javier, é uma honra estar a frente do novo e grande líder da Parallax,você conseguiu estabilizar a organização mesmo depois de tudo,você merece respeito,não só o meu mais o de todos
-Fiz apenas o que tinha que ser feito e espero que agora estejamos pronto para dar o próximo passo,ele é extremamente importante
-Com certeza! Não se preocupe,as eleições são daqui a dois anos,e já está tudo pronto, não se preocupe que seu lugar já está garantido
Javier sorriu
-Ótimo,dessa vez,ninguém ficará no nosso caminho.....
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Atualizado até capítulo 22
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