Capítulo 5:
A dor foi o primeiro registro consciente. Uma dor aguda, intrusiva, que rasgou o véu da dissociação em que Elena se refugiara. Ela não estava mais apenas observando o que acontecia ao seu corpo; estava sentindo. Cada movimento de Silas dentro dela era uma violação calculada, uma afirmação física brutal da posse que ele tanto alardeava. Seus músculos protestavam, tensos e resistentes, mas ele era imensamente mais forte. Suas mãos grandes e impiedosas imobilizavam seus quadris, forçando-a a aceitar o ritmo imposto por ele – profundo, lento, deliberadamente dominador.
Ele não a beijava mais. Observava. Seus olhos cinza, agora mais escuros, quase negros na penumbra do quarto, fixos em seu rosto, capturando cada espasmo de dor, cada tremor de pavor, cada lágrima silenciosa que escorria pela sua têmpora e se perdia no travesseiro escuro. Era um exame clínico de sua subjugação. Ele parecia se alimentar de seu desespero, de sua impotência.
“Relaxe, Elena,” sua voz surgiu rouca, um sussurro cortante no silêncio pesado do quarto, quebrado apenas pelo som úmido de seus corpos unidos e pela respiração ofegante dele. “Quanto mais você resiste, mais dói. Aceite. Você é minha agora. Este corpo… é meu.” Para enfatizar, ele enterrou os dedos com força na carne macia dos seus quadris, certamente deixando hematomas, enquanto impulsionava-se ainda mais fundo, um movimento que arrancou um gemido rouco de dor e revolta de sua garganta.
Elena virou o rosto para o lado, tentando focar na parede fria de concreto, na chuva que agora batia mais forte contra o vidro, em qualquer coisa que não fosse aquela realidade insuportável. Mas era impossível ignorar o calor invasivo do corpo dele, o peso esmagador, o cheiro intenso e masculino que a envolvia – madeira, poder e algo selvagem que emanava de seus poros. Era um cheiro que, em outra vida, talvez pudesse ser atraente. Aqui, era o odor do seu carcereiro, do seu violador.
Ele mudou o ângulo, deliberadamente, e um choque inesperado percorreu a espinha de Elena. Não era prazer. Era algo mais primitivo, uma resposta fisiológica traiçoeira à estimulação intensa e inescapável. Um suspiro involuntário escapou de seus lábios, seguido imediatamente por uma onda avassaladora de vergonha. Não. Não isso.
Um rugido baixo, quase de triunfo, escapou do peito de Silas. Ele sentira. “Sim,” ele sibilou, seus dedos subindo rapidamente e entrelaçando-se em seus cabelos, puxando sua cabeça para trás e forçando-a a encará-lo. Seus olhos ardiam com uma posse feroz e um prazer perverso. “Até seu corpo me obedece, Elena. Até ele reconhece seu dono.” Ele começou a mover-se com mais força, mais rapidez, explorando o novo ângulo, perseguindo aquela resposta involuntária que a envergonhava e enfurecia tanto quanto a violação.
Elena tentou prender os gemidos, morder os lábios até sangrar, mas era uma batalha perdida. Seu corpo, traindo sua mente aterrorizada, começou a reagir. Ondas de calor contraditórias percorriam-na, misturadas à dor aguda e ao profundo nojo. Foi a humilhação final. Sentir qualquer coisa que não fosse ódio e terror sob o corpo dele era uma traição a si mesma. Ela fechou os olhos com força, novas lágrimas quentes escapando.
“Olhe para mim,” a ordem foi um chicote, acompanhada por uma sacudida violenta nos seus quadris. “Olhe para mim enquanto tomo o que é meu!”
Relutantemente, ela abriu os olhos, inundados de lágrimas. O rosto de Silas acima dela estava tenso com o esforço e o prazer, seus traços duros transformados por uma beleza sombria e perigosa. Ele estava no auge do seu poder, possuindo-a física e psicologicamente, e saboreava cada instante. Quando seu próprio corpo traiu-a novamente, tensionando-se num espasmo involuntário que nada tinha a ver com vontade, ele soltou um grunhido gutural de satisfação absoluta.
“Sua luz,” ele arquejou, seus movimentos ficando descontrolados, brutais, “Sua resistência… é minha!” Seus dedos apertaram sua carne com força quase insuportável, marcando-a. “Toda… sua… essência… É MINHA!”
Ele enterrou-se nela com um último impulso selvagem, um grito rouco e possessivo escapando de seus lábios enquanto o corpo dele tremia em liberação. Elena ficou imóvel sob ele, como um animal atropelado, sentindo a invasão final, a marca física indelével de sua posse. A dor e a humilhação misturavam-se num turbilhão que a fazia querer desaparecer.
Ele desabou sobre ela por um instante, o peso esmagador, a respiração ofegante quente em seu pescoço. Então, com um suspiro profundo que parecia de satisfação profunda, ele se afastou. O súbito vácuo, a perda do calor opressivo, foi quase tão chocante quanto a invasão.
Silas levantou-se da cama, seu corpo poderoso iluminado pelas luzes fracas que entravam pela janela. Ele não parecia envergonhado, cansado ou arrependido. Parecia… reabastecido. Satisfeito. Como um predador após uma refeição bem-sucedida. Ele pegou seu robe de seda preta que estava jogado em uma poltrona e vestiu-o com movimentos despreocupados, amarrando-o na cintura.
Seus olhos, agora mais calmos, mas não menos intensos, pousaram nela, ainda imóvel na cama, as cobertas puxadas instintivamente até o queixo, tentando se cobrir, se esconder. O vestido rasgado jazia no chão, um símbolo destruído de sua vida anterior.
“Você pertence aqui, Elena,” ele disse, sua voz de volta ao tom controlado, quase contemplativo. “Nesta cama. Nesta casa. Comigo.” Ele se aproximou da cama, olhando para ela de cima. “O ajuste será mais fácil se você aceitar isso. A dor… é opcional.” Ele estendeu a mão, não para tocá-la, mas para afastar um fio de cabelo do seu rosto molhado de lágrimas. Ela estremeceu violentamente. Ele retirou a mão, um leve brilho de algo indiscernível nos olhos – irritação? Desapontamento? “Descance. Marcus trará café e roupas pela manhã. Espero você no café da manhã às oito. Pontualmente.”
Sem outra palavra, ele virou-se e saiu do quarto, deixando a porta entreaberta, uma lembrança silenciosa de que não havia privacidade, não havia barreiras entre ela e ele.
Elena ficou imóvel por muito tempo, ouvindo os próprios batimentos cardíacos acelerados, sentindo a dor latejante entre as pernas, o cheiro dele impregnado na pele dela, nas roupas de cama. A humilhação queimava como fogo, mais intensa do que a dor física. Seu corpo reagira. Traíra-a. Isso era o que mais a envergonhava, o que mais a fazia sentir-se suja e conivente.
Quando a primeira luz cinzenta do amanhecer começou a filtrar-se pela imensa janela, ela arrastou-se para fora da cama. Cada movimento doía. No banheiro de mármore frio, sob a luz crua, ela examinou as marcas no corpo: os hematomas em forma de dedos nos quadris, na cintura, no braço. Marcas da posse de Silas Thorne. Ela entrou no chuveiro e esfregou a pele até ficar vermelha, tentando apagar seu toque, seu cheiro, a sensação dele dentro dela. Mas sabia que era inútil. A violação era mais profunda do que a pele. Marcara sua alma.
As roupas que Marcus trouxe eram caras, imaculadas, mas frias. Um vestido de malha cinza elegante, sem forma, que caía até os joelhos. Meia-calça. Sapatos baixos. Roupas íntimas novas, sem etiquetas. Tudo perfeitamente adequado, mas impessoal. Como um uniforme. Queimaram suas roupas velhas, seu último elo tangível com a vida anterior. Agora, vestia a pele da propriedade de Silas Thorne.
O café da manhã foi servido em uma sala de jantar imponente, com uma mesa longa de madeira escura que poderia acomodar vinte pessoas. Silas estava sentado na cabeceira, lendo um tablet, vestido com um terno cinza prateado impecável. Ele parecia fresco, poderoso, totalmente no controle. Ela sentiu-se esfarrapada, dolorida, e profundamente vulnerável.
“Sentem-se, Elena,” ele disse sem levantar os olhos do tablet. “O café está quente.”
Ela sentou-se na cadeira mais distante dele, à direita. Um empregado silencioso serviu café e colocou diante dela um prato de frutas exóticas e um croissant perfeito. Ela não tinha apetite. O cheiro do café a enojava.
“Você parece cansada,” ele comentou, finalmente erguendo os olhos. Seu olhar percorreu seu rosto pálido, as olheiras escuras. Não havia preocupação genuína; era uma constatação, talvez uma avaliação da sua condição atual. “O corpo leva tempo para se ajustar à nova realidade. E à nova… frequência.”
Elena manteve os olhos baixos, fixos no prato. Falar parecia impossível. Cada palavra dele era um lembrete da noite passada, da sua submissão forçada.
“Damien virá hoje,” ele continuou, tomando um gole do café. “Meu chefe de segurança. Ele fará um briefing sobre as regras da casa, protocolos de segurança. Você dará a ele sua impressão digital e uma foto para o sistema de reconhecimento facial. As portas externas e os portões só se abrem com minha autorização ou a dele.”
Ela ergueu os olhos, horrorizada. “Sou uma prisioneira.”
Ele encarou-a, os olhos frios. “Você é protegida. O mundo lá fora é hostil. Nathan é apenas um dos perigos.” Ele pousou o tablet. “Você terá acesso aos jardins, à biblioteca da casa, à sala de música. Se precisar de algo específico, informe Marcus. Mas sair… só comigo. Ou com minha permissão expressa e acompanhada por Damien.”
A gaiola, embora dourada, tinha suas grades bem definidas. Biblioteca, jardins… eram distrações dentro da prisão.
“E se eu me recusar?” ela sussurrou, testando os limites.
Ele sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos. “Você não vai se recusar, Elena. Porque sabe as consequências.” O olhar dele desceu significativamente para o colo dela, onde as marcas dos seus dedos estariam escondidas sob o vestido. “A dor é opcional,” ele repetiu. “Mas a submissão… é inevitável. Escolha sabiamente como quer passar seus dias aqui. Lutando contra o inevitável… ou aceitando os confortos da sua posição.”
A ameaça estava clara. Resistência significava mais violência, mais humilhação. Submissão significava uma existência mais tranquila, mas igualmente aprisionada.
Damien chegou depois do café da manhã. Era um homem mais jovem que Silas, talvez no final dos vinte anos, mas com uma presença sólida e olhos observadores que não perdiam nada. Cabelo curto, militar, postura rígida. Ele tratou Elena com uma cortesia profissional, mas distante, como se ela fosse um objeto valioso sob sua responsabilidade. A coleta da digital e a foto foram rápidas, clínicas, como se estivesse sendo processada. O sistema de segurança da casa era uma fortaleza: sensores de movimento, câmeras em todos os ângulos, vidros à prova de balas, portas com múltiplas trancas biométricas. A mensagem era inequívoca: fuga era impossível.
A tarde foi um vazio opressivo. Elena vagueou pelos cômodos permitidos. A biblioteca da casa era impressionante, cheia de primeiras edições e volumes raros, mas fria, sem a alma da biblioteca pública onde trabalhava. Os jardins eram paisagísticos com perfeição artificial, cercados por altos muros cobertos de hera e, ela suspeitava, cercas elétricas. A beleza era sufocante.
Ao voltar para o quarto leste – seu quarto – no final da tarde, algo chamou sua atenção. Um pequeno pedaço de papel dobrado, quase imperceptível, havia sido enfiado por baixo da porta. Com o coração acelerado, ela olhou ao redor, mas o corredor estava vazio. Agarrando o papel, ela trancou-se no banheiro – o único lugar com trinco, talvez por esquecimento ou por conter apenas uma pequena janela inútil.
Com mãos trêmulas, ela abriu o papel. Uma caligrafia feminina, rápida e nervosa:
"Ele observa tudo. Menos a lareira da sala de música às 3 da madrugada. O flanelinha do parque tem um recado. Cuidado com Damien. - A."
Elena esmagou o papel no punho, o coração batendo loucamente. Quem era 'A'? Uma empregada? Alguém que tentara ajudar antes e desaparecera? O flanelinha do parque… o único parque que ela via dos jardins era o pequeno Jefferson Square, lá embaixo, fora dos muros. Como alguém de lá teria um recado para ela? E por que 'cuidado com Damien'?
Era uma mensagem de esperança? Ou outra armadilha elaborada por Silas para testar sua lealdade? A possibilidade de comunicação com o mundo exterior, de uma aliada secreta dentro da fortaleza, era um raio de luz na escuridão opressiva. Mas também era um risco mortal. Se Silas descobrisse…
A porta do banheiro foi aberta bruscamente, sem bater. Silas estava parado no vão, seus olhos cinza varrendo o pequeno espaço e pousando nela, sentada no chão frio de mármore, o papel escondido rapidamente atrás das costas.
“Escondendo-se, Elena?” ele perguntou, a voz suave, mas perigosamente alerta. Seus olhos pareciam perfurar o papel que ela escondia. “O que você tem aí?”
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Atualizado até capítulo 30
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