Capítulo 2

Os filhos do Mafioso

O silêncio dentro do carro era quase tão ensurdecedor quanto a chuva que caía lá fora.

Isabela mantinha os olhos fixos na janela, fingindo ignorar a presença dele ao lado, mas cada segundo ali ao lado de Vicente Mancini a fazia lembrar que estava sendo levada como uma posse, como parte de um acordo que ela jamais aceitou.

A viagem não foi longa, mas a tensão a fez parecer eterna.

Quando o carro atravessou os portões de ferro da mansão, Emilly sentiu o estômago se revirar.

O lugar era enorme, cercado por árvores, guardas armados e um silêncio pesado que parecia gritar.

A casa era linda por fora, mas exalava uma frieza que fazia qualquer beleza parecer cinza.

Vicente saiu primeiro, deu a volta e abriu a porta para ela, como se aquilo fosse um gesto cortês. Mas o olhar dele deixava claro: ela não tinha opção.

Emilly desceu, com os cabelos molhados, as roupas úmidas e a raiva fervendo sob a pele.

Tentava não demonstrar fraqueza, mas por dentro tudo nela gritava por liberdade.

Assim que entrou na casa, o ar frio a envolveu.

Pisos de mármore, lustres imensos, quadros caros.

Nada ali parecia real. Nada ali parecia… humano.

E então, um som inesperado preencheu o ambiente

Eloise:Papai!

lucas:papa(animados)

Do topo da escada, uma garotinha de cerca de seis anos desceu correndo, sorridente, com os cabelos castanhos presos em coquinhos bagunçados.

Atrás dela, vinha um garotinho menor, arrastando um ursinho de pelúcia.

Emilly ficou parada, surpresa. Não sabia que Vicente tinha filhos.

Mas ali estavam eles — Eloise e Luca.

Vicente se abaixou e abriu os braços, recebendo os dois com uma Elexpressão que, por um segundo, não parecia tão dura.

Vicente:Eloise Luca... Esta é Emilly. Ela vai morar com a gente agora.

A garotinha olhou para Emilly com curiosidade e um sorriso doce.

Emilly:Você é bonita. Vai ser nossa nova mamãe?

Isabela engoliu em seco, sem saber o que dizer.

Ela não queria estar ali. Muito menos assumir o papel que todos pareciam esperar dela.

Emilly:Eu… não sou mãe de ninguém. — disse, firme, mas sem agressividade.

Eloise continuou sorrindo, como se não tivesse entendido a recusa.

Eloise:Mas pode brincar com a gente?

A pergunta simples e inocente desmontou qualquer resistência em Isabela.

Aqueles pequenos estavam longe de serem culpados por toda aquela situação.

Vicente a observava em silêncio. Era difícil decifrar o que se passava em seu olhar: aprovação, cálculo, curiosidade? Talvez um pouco de tudo.

Vicente:Leve ela até o quarto, Giulia. — ele disse, firme, mas calmo.

Eloise Vem! Eu te mostro! — a menina disse, pegando a mão de Isabela sem pedir permissão.

E, mesmo que tudo dentro dela dissesse para recuar, Isabela permitiu.

Deixou-se guiar por mãos pequenas e sinceras, enquanto por dentro ainda tentava entender onde estava pisando.

Naquele momento, ela soube de uma coisa:

Se ela fosse sobreviver naquela casa, não seria por ele.

Seria por aquelas crianças.

Pela luz que elas traziam em meio à escuridão de Vicente Monteiro

No quarto de Emilly...

Laura entrou correndo no quarto, puxando Emíly pela mão com a alegria típica de uma criança que não entende o peso das decisões dos adultos.

Eloise: Aqui é o seu quarto! Tem uma cama enorme e uma penteadeira só sua. E olha só essa janela… dá pra ver o jardim!

Emília olhou ao redor.

O quarto era lindo. Móveis claros, cama grande, lençóis de seda branca. Tudo decorado com o tipo de cuidado que nunca chegaria a tocar sua alma.

Porque não importava o quanto aquilo fosse bonito — ainda era uma prisão.

Uma cela disfarçada de luxo.

Laura apontou para um canto.

Eloise:Esse armário já tem alguns vestidos. O papai disse que eram pra você. Ele que escolheu.

Aquela frase fez o sangue de Emília ferver.

Emilly:💬Ele acha que pode escolher tudo por mim? Até o que eu visto? — pensou, rangendo os dentes.

Emily:Obrigada por me mostrar, Laura — disse Emília, forçando um pequeno sorriso. — Agora vai descansar, tá bem?

Eloise:Você promete que não vai fugir enquanto eu durmo?

A pergunta pegou Emília de surpresa.

A menina falava com uma inocência que machucava.

Emilly:Não vou a lugar nenhum — respondeu, com um nó na garganta.

Elo sorriu e saiu, deixando a porta entreaberta.

Sozinha, Emília respirou fundo, sentou-se na cama e levou as mãos à cabeça.

O choro veio silencioso. Não era desespero. Era raiva.

Raiva de estar ali. Raiva do pai. Raiva de Vicente.

E como se fosse invocado por esse pensamento... a porta se abriu.

Ele entrou

Vicente

Frio, imponente, de terno escuro e expressão controlada.

Vicente:Está confortável? — perguntou, com a voz baixa.

Ela se levantou, olhando direto nos olhos dele.

Vicente :Você me seguiu no aeroporto. Me trouxe à força. Agora aparece no meu quarto e pergunta se estou confortável? Está brincando comigo, Vicente?

Vicente:Não estou brincando. Eu nunca brinco. — respondeu ele, se aproximando um passo.

Ela não recuou.

Emilly Eu não sou um objeto. Não sou sua. Nem do meu pai. Isso aqui é errado. Você sabe.

Vicente Se fosse só por mim, Emília, eu teria deixado você fugir. Mas há mais coisa envolvida nisso do que você imagina. — ele respondeu com um olhar sombrio.

Ela riu sem humor.

Emilly:Claro. Negócios. Tráfico de pessoas. A velha máfia. Deve ser divertido pra você.

Ele fechou a porta atrás de si, com calma.

Vicente:Você acha que está aqui porque eu quis? — a voz dele agora era mais baixa, mais grave. — Seu pai me implorou. Me vendeu como quem vende um cavalo ferido. E mesmo assim… eu aceitei. Porque achei que talvez você merecesse mais do que a vida que ele te daria.

Emília sentiu a raiva vacilar por um instante. Mas não deixaria transparecer.

Emilly:Eu não pedi salvação. E definitivamente não pedi você.

Silêncio.

Os dois se encararam como se travassem uma guerra só com os olhos.

Vicente:Você vai tentar fugir de novo? — ele perguntou.

Ela cruzou os braços.

Emilly :Você vai me trancar?

Ele deu um meio sorriso.

Vicente:Não. Você é livre pra andar por onde quiser. A porta estará aberta. Mas...

Ele se aproximou ainda mais.

Vicente:— ...se você tentar fugir com Elo por perto, não responderei pelas consequências.

Aquilo foi o suficiente.

Emilly:Você não encosta nela. Nunca. Ou juro por Deus, Vicente… eu te mato.

Ele a encarou. E naquele instante… algo mudou no olhar dele.

Por um breve segundo, ela viu o homem por trás da muralha. E ele viu nela mais do que só uma peça de um jogo.

Vicente:Boa noite, Emília. — disse ele por fim, saindo sem dizer mais nada.

Ela ficou ali, de pé, com o coração acelerado e a mente em conflito.

> Odiava ele.

Mas algo nela, contra a própria vontade, começava a querer entender quem ele realmente era.

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Comments

Sonia Gasperoni

Sonia Gasperoni

estou muito chateada , Emily ok, Eloise ok, quem é Laura? Pietro? e esse Elo e encostar a mão em quem? me perdi

2025-08-28

1

Ana Maria

Ana Maria

tbm tou perdida?
será que os capítulos todos serão assim trocas de nomes
se for nen vou da continuidade

2025-08-29

0

Fatima Maria

Fatima Maria

EU TBM QUERO SABER QUEM É QUEM É TANTO NOME QUE EU NÃO SEI QUEM É. E PRINCIPALMENTE NO LVRO DE MAFIOSO.

2025-08-28

0

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