Dias difíceis

Acordei, e me dei conta que não era um pesadelo, eu estava com muita fome e minha cabeça doía muito, a sala era muito escura, Mas dava para ver por algumas festas no teto que o sol já estava alto, não tenho ideia de que horas eram.

Fiquei presa naquela sala por um bom tempo, eu escutava alguns barulhos do lado de fora só que não dava para prestar atenção e nem ouvir ao certo que estavam dizendo. Minhas necessidades eu tinha que fazer com aquelas privadas que era um buraco no chão que tinha ali no canto o cheiro do lugar era insuportável cheirava sangue podre nem sei explicar.

A fome já estava demais, comecei a gritar implorando por comida e água, ninguém apareceu. Deitei naquele colchão imundo e fiquei pensando que realmente eu estava sozinha no mundo,eu tinha esperança do meu pai vir me resgatar,mas pelo jeito não vai vim.

Percebi que já tinha escurecido, já imaginei que iriam me deixar a míngua para morrer, deitei de novo conformada com a minha sentença.

Depois de um tempo, um vapor entrou e me deu uma garrafa de água e um pão seco.

Comi como se fosse a coisa mais gostosa do mundo.

Passei mais uma noite naquele inferno

Don:

Peguei o meu telefone e liguei para o delegado Mariano.

- Tu tá sabendo que a sua filha tá aqui de refém?

Que o pau no cú de um mandado seu deixou a mina aqui como garantia?

- Tô sabendo sim, e se você aceitar ela é o pagamento, essa menina só atrasa a minha vida.

- Tu é um cuzão de merda mesmo, vai mesmo deixar a sua filha aqui pra morrer?

- Você vai tá fazendo-me um favor.

- Sua dívida tá paga, ela não sai mais daqui.

- Ela é sua, faz que quiser.

Desliguei o telefone inconformado, nem eu que sou bandido faria isso com uma filha minha.

Por um momento me deu dó da moça, imagina o que já deve ter passado com esse pai, balancei a cabeça espantando os pensamentos.

Agora tô pensando o que vou fazer com ela.

Fui dormir mas não consegui pegar no sono.

Acordei cedo e fui para a boca, vi o vapor que tava fazendo a segurança da mina.

- Tudo tranquilo? Tá dando trabalho?

- Nada chefe, não deu um piu.

Fui olhar as cameras que tem na sala de tortura. Vi a moça deitada no colchão, quase imóvel. Mas eu não posso amolecer.

- Entrei na sala de tortura, ela continuou deitada,

-Levanta morena. De falei alto e firme.

Ela se levantou meio cambaleando.

- Agora senta. Falei apontando a cadeira.

Sentei em outra cadeira na frente dela e a encarei, ela olhava pra baixo com o olhar perdido.

- Eu falei com o teu pai.

Ela arregalou os olhos e me olhou

- Tu sabe o que ele disse?

Ela só balançou a cabeça em negação.

- Ele me deu você como pagamento... disse que você atrasa a vida dele.

Ela deu um sorriso rancoroso.

- Acaba logo com isso, me mata de uma vez. Ela disse com lágrimas nos olhos.

Não respondi, saí da sala em silêncio, precisava pensar.

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