O sábado amanheceu preguiçoso e úmido, com aquele céu cinza que combinava com nada — exceto talvez com o humor de Lian, que acordou com a notificação de que teria que passar o dia todo… com Nick.
Nick tinha um “evento beneficente da faculdade”, o tipo de coisa que os filhos de gente rica têm que comparecer, mesmo sem vontade. E como agora ele “namorava” Lian, bem… o convite foi estendido. E o drama também.
...
— Você não acha que tá exagerando nessa blusa? — Lian perguntou, apontando pra camisa branca semiaberta de Nick.
— É evento beneficente. Tenho que parecer confiável, mas acessível. Rico, mas apaixonado.
— Você parece um galã de novela mexicana com crise existencial.
— Ótimo, então tô no tom certo.
Eles chegaram no jardim da faculdade, onde várias barracas estavam montadas com vendas, música e aquela vibe de “ricos tentando fingir que são simples”.
Nick imediatamente segurou a mão de Lian. Não com força. Mas firme.
Lian respirou fundo. Ele tinha decorado a regra: em público, contato físico constante. Mas ninguém disse que ele ia começar a gostar desse toque.
...
As primeiras horas passaram num borrão de cumprimentos falsos, poses pra fotos e perguntas do tipo:
— Como vocês se conheceram mesmo?
— Já falaram “eu te amo”?
— Quem é o mais ciumento? 😍
A cada resposta, Nick fazia parecer real. E Lian… já não sabia mais se estava mentindo bem demais ou se sentindo estranhamente confortável naquele papel.
Até que veio a barraca de flores.
...
Nick, claro, foi direto nela.
— Vou escolher uma pra você. Espera aqui.
Lian cruzou os braços, fingindo que não achava aquilo minimamente fofo.
Do outro lado, Nick escolhia uma flor branca, enquanto discutia algo com a vendedora. Lian, observando de longe, deu um leve sorriso. Um daqueles involuntários, que escapa antes que o cérebro permita.
Foi aí que aconteceu.
Uma colega do curso de fotografia, que tava cobrindo o evento, passou bem na hora.
Ela levantou a câmera, achando a cena irresistível: Lian sorrindo de verdade, enquanto olhava pra Nick, que segurava uma flor como se fosse um filme adolescente em câmera lenta.
Click.
Nem viram.
...
À noite, quando Lian chegou no dormitório e largou os sapatos, o celular vibrou com força.
@campusnews: “Casal do Ano? 😍🌸 Nick & Lian são flagrados em momento fofo durante o evento beneficente. A gente apoia SIM!”
Lian clicou na foto.
Ali estava ele. Rindo de leve. Com os olhos presos em Nick, como se o mundo fosse só aquilo.
A legenda dizia:
“Nem parece fake. ❤️”
Ele engoliu seco.
— Nem parece fake… — repetiu em voz baixa.
Nick apareceu na porta do quarto, ainda tirando os brincos de prata que usou no evento.
— Já viu? A foto tá viralizando.
Lian encarou ele.
— Como… como você consegue parecer tão natural?
Nick deu de ombros, jogando a jaqueta na cadeira.
— É fácil quando você me olha daquele jeito.
Silêncio.
Lian desviou o olhar, sentindo o rosto queimar.
— Eu não te olhei de jeito nenhum.
— Não? — Nick chegou mais perto, só um passo. — Então a fotógrafa tá mentindo?
— Eu… não sei. Era o sol.
— Tava nublado.
— Reflexo do vidro.
— A barraca era de lona.
Lian ficou sem saída.
Nick sorriu. Devagar.
— Relaxa, "Potter". A gente tá só fingindo… lembra?
Lian assentiu, rápido demais.
— Lembro.
Mas a verdade?
Aquela foto não parecia fingimento.
E aquele olhar que ele deu?
Também não.
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Atualizado até capítulo 41
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