“Coroa de Cinzas e Vingança”
Kael voltou ao castelo como uma sombra.
Coberto do sangue da única mulher que amou.
Segurando o luto como se fosse lâmina.
Ninguém ousou pará-lo.
Ele atravessou os salões frios e silenciosos até o trono onde o pai o esperava — o velho rei vampiro, de olhos frios e alma petrificada.
— Ela está morta, — disse Kael, baixo, firme. — E nossa filha foi levada.
O rei o olhou como se ouvisse uma reclamação trivial.
— Ela não era uma de nós, — disse com desdém. — E a criança… era um erro.
— Erro? — Kael cerrou os punhos. — Ela era minha filha. E a Minha companheira.
O rei apenas sorriu com desprezo.
— Você pode fazer outro filho. Escolher outra mulher. Essa história não vale uma guerra.
— Ela valeu minha alma.
Silêncio.
— Nada será feito. O tratado está intacto. O equilíbrio das raças se mantém. A dor é sua, e só sua. Agora, comporte-se como um príncipe novamente.
Kael ficou em pé.
Estático.
Frio.
Mas por dentro, algo se quebrou de vez.
“Eu vou me livrar de você.”
Pensou.
“Sou o primeiro na linha de sucessão. Quando essa coroa tocar minha cabeça… o mundo vai chorar sangue.”
E assim, ele planejou.
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Algum tempo depois...
O conselho estava reunido.
O rei falava sobre diplomacia, tratados, acordos.
Kael chegou atrasado, como quem não se importava.
A sala mal teve tempo de reagir.
Com um movimento limpo, elegante, preciso…
Kael atravessou o peito do rei com a própria mão.
Os olhos do velho se arregalaram.
Um segundo depois, o coração dele estava nas mãos do filho.
Silêncio mortal.
Kael olhou para todos ao redor.
O sangue escorrendo entre os dedos.
— Esse mundo matou minha mulher. Roubou minha filha. Ignorou meu luto.
— Mas agora… — ergueu o coração —
— ...uma nova era começa.
O corpo do rei caiu para frente, vazio, sem glória.
E Kael sorriu.
Frio.
Sombrio.
E a coroa... encontrou sua nova cabeça.
“O Estopim do Inferno”
O rugido da guerra estourou como trovão sobre as florestas.
Alcatéias inteiras foram rasgadas das raízes.
Vampiros avançavam como ondas de sombra, com olhos em brasas e presas sedentas.
O Rei Lycan, soberano absoluto do clã da montanha, observava seus homens tombando sem saber o motivo.
— Por que…? — rosnou, os olhos dourados fixos nos relatórios de sangue.
Nenhuma provocação havia sido feita.
Nenhum território invadido.
Mas os vampiros estavam destruindo tudo, como se estivessem em luto… como se carregassem um ódio pessoal, antigo e profundo.
Tentou contato com o novo rei vampiro.
Uma carta chegou, em pergaminho negro, escrita em sangue seco:
> "Não existe mais tratado.
Não existe mais equilíbrio.
Estamos em guerra."
— Rei Kael.
O rei Lycan rasgou o papel com as garras.
Sabia que precisava se mover.
Defender os seus.
Mas uma dúvida ficou queimando como brasa:
— O que provocou tamanha fúria? — perguntou a seus anciões.
— Descubram... e descubram agora.
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Na noite do ataque, o que ninguém viu…
No meio da carnificina, entre gritos, uivos e o cheiro sufocante de sangue fresco…
uma vampira correu com um fardo nos braços.
Era uma guerreira leal a Kael, que viu o momento exato em que Thorgan levantou a garra contra a bebê.
Ela não pensou.
Atravessou o campo de batalha como sombra viva e roubou Maysa dos braços do Alfa antes que a lâmina descesse.
Correu.
Com o coração em pânico.
Com os olhos cheios de dor.
Levou a bebê até a borda da floresta, até uma árvore caiada — conhecida por afastar Lycans com seu cheiro ácido.
Deitou Maysa ali, envolta numa manta manchada de sangue.
— Fica aqui, pequena... quando a batalha acabar, eu volto pra te buscar...
Mas ela nunca voltou.
Foi caçada no caminho.
Pelas garras de outro Lycan.
Morreu antes de revelar o que havia feito.
E ali, sozinha,
no frio da noite,
com o choro engasgado,
Maysa ficou.
Até que…
uma humana surgiu.
Uma mulher simples, camponesa, fugindo da confusão mais ao norte.
Viu a criança encolhida.
Cheia de sangue.
Com olhos impossíveis.
Mas não soube o que era.
Não entendeu que, a poucos metros, duas das raças mais poderosas do mundo se matavam por causa daquela criança.
Ela só viu um bebê.
E o pegou nos braços.
E levou embora.
Sem saber que estava carregando o destino do mundo nos braços.
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Atualizado até capítulo 62
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