O resto da manhã foi estranho… no tipo de estranho que só acontece quando dois corações estão tentando ignorar uma tensão que já virou impossível de disfarçar.
Julie terminou o café da manhã com Caleb, trocando algumas piadas leves, mas por dentro o peito dela parecia um campo de batalha. Cada vez que ele passava por ela na cozinha, cada vez que ele sorria ou a olhava daquele jeito… uma parte dela congelava e a outra queimava.
Ela se pegava lembrando do toque das mãos dele na noite passada… quando ele a ajudou a levantar, quando a cobriu no sofá, quando os lábios dele ficaram perigosamente perto demais.
“Isso é só culpa da bebida… e da carência… é só isso.” Ela repetia mentalmente, tentando se convencer.
Quando terminou de comer, ela levantou-se e foi até a sala, pegando a bolsa e os sapatos.
— Acho melhor eu ir… — disse, meio sem saber onde colocar as mãos.
Caleb encostou-se ao batente da porta, ainda só de bermuda, com os braços cruzados.
— Quer que eu te leve?
— Não… eu… acho que o ar fresco vai me fazer bem.
Ele assentiu, mas o olhar dele não a deixava confortável. Não no mau sentido… mas no sentido de que, por mais que ele não dissesse nada… parecia que ele estava pensando em tudo que ela também estava tentando esconder.
Julie caminhou até a porta, mas antes de sair, virou-se para ele.
— Sério… obrigada, Caleb. Por cuidar de mim ontem.
Ele deu um meio sorriso, enfiando as mãos nos bolsos da bermuda.
— Sempre vou cuidar de você, Julie. Não importa o quanto você tente fugir de mim.
Ela sentiu o estômago virar.
Não respondeu. Apenas sorriu, sem graça, e saiu o mais rápido que pôde.
O caminho até em casa parecia mais longo do que o normal. A cabeça dela ainda estava uma confusão: culpa, saudade de Ramon, e aquele calor estranho que começava toda vez que pensava em Caleb… ou pior… no jeito como ele a olhava.
Ela entrou em casa, jogou a bolsa no chão e se largou no sofá.
Passou as mãos pelos cabelos, frustrada.
— Que droga, Julie… o que você tá fazendo? — disse em voz alta, sozinha.
O celular vibrou. Uma notificação de Caleb.
“Se precisar de mim, você sabe onde me encontrar.”
Ela jogou o celular de lado, mas o coração dela… esse já tinha entendido o que ela ainda insistia em negar.
O problema era um só: quanto mais ela tentava fugir, mais ela se via presa naquele sentimento que crescia a cada dia… e que estava prestes a sair do controle.
Julie passou os dias seguintes tentando voltar à rotina — ou o que restava dela.
Acordava cedo, caminhava até a padaria, comprava café mesmo sem fome. Limpava a casa mais do que o necessário, organizava coisas que Ramon havia deixado para trás. Como se cada gaveta arrumada fosse uma forma de silenciar o caos dentro dela.
E, principalmente… ela evitava Caleb.
Ignorava mensagens, recusava ligações. Quando ele passou na casa dela dois dias depois, ela fingiu não estar. Ele deixou uma sacola com pão e frutas na porta. E um bilhete.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 40
Comments