A noite avançava e, com ela, o teor alcoólico de todos também. As risadas ficavam mais soltas, os passos mais desajeitados e as conversas... cada vez menos coerentes.
Julie já não sabia mais quantos copos tinha virado. Cerveja, tequila, depois mais cerveja. O gosto amargo na boca já não incomodava, e a tontura parecia um alívio bem-vindo, uma trégua para o peso que ela carregava dentro de si.
Caleb também não estava muito melhor. Entre goles e brincadeiras com os amigos, ele disfarçava a maneira como, de vez em quando, o olhar dele parava nela por mais tempo do que deveria.
— Eu tô... ótima — Julie disse, rindo sozinha enquanto tentava alcançar o copo que mal conseguia segurar.
— Claro que tá... — Caleb respondeu com uma ironia leve, pegando o copo da mão dela antes que ela derrubasse tudo em cima da mesa.
Diego e Vanessa estavam tão bêbados quanto os dois. Já cambaleavam pela pista, rindo alto, como se o mundo fosse uma grande piada.
Por volta das três da manhã, Caleb decidiu que já era o bastante.
Ele se aproximou de Julie, que agora estava sentada num canto do bar, com os cotovelos apoiados na mesa e o olhar meio perdido.
— Ei... — ele chamou, tocando de leve no ombro dela. — Tá na hora de ir.
— Ah... Não quero ir pra casa... — ela murmurou, arrastando as palavras. — Minha casa tá... muito vazia...
Aquela frase acertou Caleb como um soco no estômago. Ele respirou fundo, tentando manter o foco apesar da própria embriaguez.
— Eu sei... — disse baixo. — Mas você não pode ficar aqui desse jeito.
Ela olhou pra ele, os olhos meio marejados, e sorriu de um jeito triste.
— Você sempre cuidando de mim, né?
Caleb não respondeu. Apenas a ajudou a levantar, passando o braço dela pelos ombros dele, sustentando seu peso com cuidado.
— Diego, Vanessa... — ele gritou, vendo os dois amigos rindo encostados na parede do bar. — Vou levar a Julie comigo. Ela tá mal. Depois falo com vocês.
Eles só acenaram, meio fora de si.
O trajeto até o apartamento dele foi um desafio. Julie reclamava de sono, dizia que queria deitar ali mesmo, na calçada. Caleb ria, mas ao mesmo tempo ficava atento para que ela não tropeçasse mais do que já estava tropeçando.
Quando finalmente chegaram, ele abriu a porta e a conduziu até o sofá.
— Fica aqui. Vou pegar um copo de água pra você.
Julie apenas murmurou alguma coisa incompreensível, largando-se no estofado como se fosse a coisa mais confortável do mundo.
Caleb voltou com a água, mas ela já estava quase dormindo. A respiração dela estava lenta, e os cabelos caíam desordenados sobre o rosto.
Ele ficou ali, parado por alguns segundos, só olhando.
Era impossível não notar o quanto ela estava bonita, mesmo naquele estado de bagunça. Mas, acima de tudo, era impossível ignorar a tristeza que ela carregava... aquela sombra que parecia acompanhá-la desde que Ramon se foi.
Caleb passou as mãos pelo rosto, tentando afastar os próprios pensamentos.
— Isso é só uma amiga bêbada. Só isso — ele disse pra si mesmo.
Cobriu-a com uma manta fina e puxou uma cadeira, decidido a dormir ali na sala mesmo, por precaução. Não queria deixá-la sozinha. Não daquela forma.
Antes de fechar os olhos, ele lançou mais um olhar para ela.
Mal sabia que, naquela noite... o destino acabava de dar mais um passo rumo a algo que os dois ainda não estavam preparados para enfrentar.
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Atualizado até capítulo 40
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