Cena – Primeira Conversa: Viviane & Nando
Viviane tá encostada perto da mureta da laje, olhando pro visual da cidade iluminada lá embaixo. O som de fundo é um pagode baixinho, a galera conversando, rindo. Ela tá na dela, mexendo no celular, tentando parecer ocupada pra não ficar deslocada.
Nando chega perto, com aquele jeito quieto. Para do lado dela, sem fazer muito alarde. Dá uma olhada pra vista… depois olha pra ela.
Nando:
— Primeira vez aqui, né?
Viviane (olha pra ele, meio surpresa por ele puxar papo):
— É… dá pra perceber?
Nando (dá uma risadinha de canto):
— Um pouco. Fica com essa cara de quem tá se perguntando o que tá fazendo aqui.
Viviane (rindo também, meio sem graça):
— Tô só me adaptando… é muita gente nova, lugar novo… ainda tô me acostumando.
Nando:
— Normal. O pessoal aqui é de boa… só dá um tempo.
Viviane:
— Tô vendo… a Bruna me chamou, achei que ia ser legal conhecer a galera.
Nando (dá de ombros, como quem diz “faz sentido”):
— Se ela te chamou, tá de boa.
Ele dá mais um gole na cerveja, fica quieto por uns segundos, como se estivesse pensando se continua o papo ou não. Aí solta, de repente:
Nando:
— Mas é bom ir devagar também.
Viviane (franze a testa, sem entender):
— Como assim?
Nando:
— Só… tem gente que chega querendo ser amigo de todo mundo de uma vez… aqui o pessoal repara, saca?
Viviane (dá uma risada leve):
— Fica tranquilo… não sou dessas. Mal consigo puxar assunto com uma pessoa, imagina com todo mundo.
Nando (sorri de leve, pela primeira vez):
— Bom saber.
Viviane olha de canto pra ele, percebendo que ele é mais na dele, mas não é tão grosso quanto parecia de longe.
Viviane:
— E você… sempre faz essa linha “observador calado”? Ou hoje que tá inspirado?
Nando (dá um sorriso discreto):
— Eu só falo quando vale a pena.
Viviane (ri):
— Justo.
Um pequeno silêncio entre os dois, mas agora sem aquele peso de antes. Ele dá uma última olhada nela, dá mais um gole na cerveja, e começa a se afastar.
Nando:
— Bem-vinda aí.
E segue andando, voltando pro canto dele.
Viviane fica ali, com um sorrisinho de canto, meio surpresa de como o papo foi melhor do que ela imaginava.
Um tempo depois!
As duas saem da laje juntas. A rua tá com aquele movimento típico do morro: gente conversando nas calçadas, umas crianças brincando de pique, cheiro de churrasquinho no ar. O vento da noite tá fresquinho, e a ladeira parece até menos cansativa com companhia.
Bruna (descendo ao lado da Vivi, rindo):
— Tá viva aí? Sobreviveu à sua primeira festa na laje?
Viviane (rindo também):
— Por pouco… quase pedi um Uber pra descer a ladeira rolando.
Bruna:
— Ih, mas se acostuma. Dá um mês… cê vai tá subindo e descendo igual cabrita.
As duas riem juntas.
Viviane:
— Mas ó… obrigada de verdade. Se você não tivesse me chamado, eu ia ficar enfurnada em casa de novo.
Bruna:
— Nada disso! Aqui a gente não deixa ninguém ficar no isolamento não.
(faz uma careta engraçada)
— Até porque… o morro inteiro já reparou que chegou gente nova.
Viviane (fazendo graça):
— Sério? Tô famosa já?
Bruna:
— Lógico! Aqui novidade espalha rápido.
(dá uma cutucada de leve no braço da Vivi)
— Inclusive… vi que você trocou ideia com meu irmão.
Viviane na hora dá um sorriso sem graça, tentando disfarçar.
Viviane:
— Ah… foi nada demais. Ele só puxou um papo… do jeito dele, né?
Bruna (ri, balança a cabeça):
— Do jeito dele… exatamente.
(faz voz de deboche, imitando o irmão)
— "Cuidado com quem cê anda…"
(as duas caem na risada)
— Ele é assim… fala pouco, parece que tá sempre de cara fechada… mas no fundo, é só um chato preocupado.
Viviane (rindo, aliviada por Bruna não levar pro lado ruim):
— Eu percebi… mas até que foi menos grosso do que eu imaginei.
Bruna:
— Ih, então hoje ele tava de bom humor! Aproveita… que amanhã pode ser outra história.
As duas riem de novo, já descendo a última parte da ladeira. O portão da casa da Vivi já tá ali na frente.
Viviane (parando na porta, virando pra Bruna):
— Obrigada de novo… de verdade. Fez meu dia ser bem menos chato.
Bruna (sorrindo sincera):
— Tamo junta! E ó… amanhã vou te chamar pra subir de novo. Cê vai ver… daqui a pouco vai conhecer o morro todo.
Viviane:
— Tô esperando.
As duas trocam um tchau com a mão. Bruna segue descendo e Vivi entra em casa, ainda sorrindo sozinha.
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Atualizado até capítulo 96
Comments
Leitora compulsiva
já xonou 🤭💖
2025-06-26
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