Quando Antonella voltou para casa, o céu já estava tingido de laranja e dourado. O silêncio das passadas do cavalo contrastava com o turbilhão dentro dela. As palavras de Giancarlo ainda ecoavam como um enigma.
> "Eu não perderia meu tempo com uma mulher que não considerasse para isso."
"O que se constrói em silêncio... dura mais."
Palavras que sugeriam tudo, mas confirmavam nada.
Assim que entregou o cavalo aos cuidados de um dos empregados, avistou as figuras familiares de suas irmãs na varanda. Valentina estava sentada, cruzando as pernas com elegância, uma xícara de chá nas mãos. Bianca, de pé, de braços cruzados, como uma sentinela à beira do ataque.
— Já era hora de voltar — disse Bianca, com um sorriso que não chegou aos olhos.
Antonella apenas assentiu, descendo os últimos degraus com calma.
— Então? — Valentina perguntou com doçura. — O que vocês dois foram fazer? Passear pelo campo como em um romance antigo?
— Ele quis cavalgar — respondeu Antonella, evasiva.
— Com você? — Bianca rebateu, com a voz cortante. — Justo com você?
Antonella sustentou o olhar da irmã, sem demonstrar fraqueza.
— Sim. Comigo.
Bianca deu um passo à frente.
— Você acha que por ter dado um passeio ao lado dele isso significa algo? Giancarlo é calculista. Ele não age por impulso. Ele fala com todas. Ele está explorando opções.
— E se eu for uma delas? — retrucou Antonella, num tom calmo, mas firme.
A provocação atingiu Bianca como um tapa silencioso.
— Você não é feita para aquele mundo — disparou ela, com crueldade. — Você é frágil demais. Sensível demais. E Giancarlo Vitalle... não ama. Ele escolhe o que é útil. Você não é útil, Antonella. Você é uma distração. E ele vai enjoar de você.
Valentina, até então quieta, interveio com uma expressão menos venenosa.
— Bianca... já basta.
Bianca bufou e virou as costas.
Valentina se levantou e olhou para Antonella com um meio sorriso — ambíguo, mas menos cruel.
— Não acredite em tudo que Bianca diz. Mas também não acredite em tudo que ele mostra. Giancarlo é perigoso. E mesmo que escolha você... isso vem com um preço.
Antonella ficou em silêncio.
Ser invisível era mais leve. Ser notada... começava a doer.
Horas depois, sozinha em seu quarto, Antonella sentou-se na janela e observou o campo agora vazio. O mesmo campo onde ele a vira. Onde ele a escolhera com os olhos. Onde ele não disse... mas deixou sentir.
O coração dela estava dividido: entre o medo e o fascínio, entre fugir e ficar.
Entre continuar sendo sombra... ou aceitar ser luz.
Giancarlo
A cada reunião, a mesma conversa.
— Giancarlo, a filha dos Mancini seria uma escolha estratégica.
— A família Bianchi está disposta a oferecer terras e apoio comercial.
— A herdeira dos Ferreti é educada em Florença, fluente em três línguas.
— A filha dos Romano é treinada em etiqueta e política. Uma joia.
Ofertas, promessas, sorrisos disfarçados de interesse.
E todas com um objetivo claro: casar sua filha com o herdeiro Vitalle.
Mas nenhuma delas fazia Giancarlo sequer levantar o olhar dos documentos.
— Estão me vendendo esposas como se fossem cavalos — disse ele, seco, ao pai, Don Alberto, após mais uma tarde de propostas.
O velho chefe riu.
— Isso é a máfia, filho. Casamos por aliança. Escolhemos com a cabeça, não com o coração.
— Eu tenho cabeça suficiente para saber que nenhuma dessas me serve.
Don Alberto cruzou os braços, observando o filho por alguns segundos.
— Você está mesmo inclinado à filha mais nova dos Rossi?
Giancarlo não respondeu. Apenas lançou um olhar cortante.
— Antonella não nos trará poder — disse o pai. — Mas talvez... equilíbrio.
Giancarlo levantou-se da cadeira. Ajustou o paletó e respondeu com calma:
— Equilíbrio é mais perigoso do que poder mal construído.
Don Alberto sorriu, satisfeito por ver que o filho, mesmo enigmático, já havia feito sua escolha. Mesmo sem anunciar.
Em outro canto da cidade, na casa dos Romano...
— Ele não respondeu à nossa proposta? — perguntou a matriarca, furiosa.
— Disse apenas que está... considerando com calma — respondeu o mensageiro.
— Com calma? Isso é um insulto!
A notícia corria.
O herdeiro Vitalle estava indeciso — ou já decidido demais. E o nome Antonella Rossi começou a circular entre os corredores, entre sussurros e olhares de desprezo.
— Ela? A quieta?
— Ele enlouqueceu?
— Isso é piedade ou tática?
Mas nenhum deles sabia.
Para Giancarlo, já não se tratava de escolha política.
Se tratava de instinto. E instinto nunca erra.
No fim da noite, Giancarlo retornou à varanda da mansão Vitalle, segurando uma carta selada. Um envelope de cor creme, com o brasão da sua família em relevo dourado.
Um convite formal.
Endereçado ao senhor Massimo Rossi e sua família.
Para um jantar reservado.
Com a família e o herdeiro da família Vitalle.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Dulce Gama
meu Deus estou ficando um pouco nervosa quando ele escolher a Antonella e as cobras vierem com tudo pra cima dela 👍👍👍👍👍♥️♥️♥️♥️♥️🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹🌟🌟🌟🌟🌟
2025-06-26
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