As mãos enluvadas dos homens de preto a seguravam com firmeza, mas havia um cuidado estranho nos gestos quase como se carregassem porcelana Elise, desacordada, foi colocada cuidadosamente no interior escuro de uma van blindada o cheiro de couro novo e algo metálico preenchia o ambiente nenhum som, além do ronco suave do motor e da respiração compassada dos sequestradores mascarados um deles checou o pulso dela, outro manteve uma seringa de reserva no bolso eles não falavam eram sombras eficientes. A van atravessou a madrugada silenciosa até parar em um aeroporto privado um jato negro, com acabamento fosco e janelas espelhadas, esperava na pista iluminada o símbolo de uma serpente envolta em espinhos estampava discretamente a lateral o interior do jatinho era luxuoso: estofado de couro caramelo, detalhes em dourado, piso de madeira escura, cortinas de veludo vinho e silêncio absoluto Elise foi deitada em uma poltrona reclinável, os pulsos amarrados com tiras de veludo que a mantinham imóvel, mas não deixavam marcas. Durante o voo, ela acordava brevemente o estômago embrulhado, a garganta seca, mas a venda sobre os olhos e o efeito da substância faziam tudo girar, vozes em línguas desconhecidas vinham e iam como ecos a sua mente flutuava entre a lucidez e o delírio então dormia outra vez.
Horas se passaram até o pouso na Itália, o dia já nascia com uma névoa fina cobrindo os campos distantes Elise foi transferida, ainda desacordada, para um carro de luxo com vidros escurecidos o caminho até o destino final foi feito por estradas rurais ladeadas por vinhedos e colinas onduladas aos poucos, a vegetação densa se transformou em uma trilha de pedras no alto de uma colina, como saído de um delírio gótico, surgiu a mansão do diabo.
A propriedade era um palácio negro com torres imponentes, arcos em estilo francês e esculturas de gárgulas de ferro fundido nos telhados as luzes amareladas iluminavam cada janela em contraste com a fachada sombria escadas largas levavam a jardins geométricos, fontes com anjos em pedra e espelhos d’água que refletiam as nuvens densas era belo assustador, irreal.
Elise foi levada por dentro do casarão, o piso de mármore branco fazia eco aos passos, cortinas de veludo negro moldavam janelas altas as paredes estavam cobertas de obras de arte clássicas e espelhos ornamentais ela foi conduzida a um dos muitos quartos amplo, com cama de dossel de madeira escura, colunas romanas, lareira acesa o ar tinha cheiro de incenso e algo floral.
Ali, uma equipe de mulheres a aguardava, todas vestiam roupas discretas, os cabelos presos, expressão neutra.
Em silêncio, começaram o ritual, retiraram com cuidado as roupas de Elise mesmo inconsciente, ela foi tratada com uma mistura de respeito e ritual, levaram-na para uma banheira de pedra, cheia de água morna com pétalas de rosa branca e óleo de baunilha, lavaram seus cabelos com movimentos suaves, massageando o couro cabeludo, cortaram suas unhas, depilaram sua pele com cera quente, esfoliaram cada centímetro do seu corpo. Depois, aplicaram uma loção hidratante com aroma de lírio e âmbar enxugaram-na com toalhas felpudas, escovaram seus cabelos longos até ficarem sedosos, por fim, vestiram-na com uma camisola fina, translúcida como névoa, de seda champagne com bordados em fio dourado nos contornos dos seios e quadris. Os ombros ficavam à mostra, e o tecido colava na pele como um suspiro, aquela roupa não escondia nada, era feita para ser admirada.
Com delicadeza, deitaram Elise na cama de lençóis acetinados a luz da lareira lançava sombras quentes sobre o corpo dela as mulheres saíram, trancando a porta atrás de si a gata estava na jaula e o diabo esperava.
A manhã seguinte nasceu preguiçosa e dourada, o sol atravessava as cortinas finas e beijava o rosto de Elise com ternura, ela se remexeu, sentindo os cílios pesados e a boca seca o calor na pele indicava que havia dormido por muitas horas os olhos se abriram lentamente a claridade do ambiente a cegava o teto era alto, ornamentado não era seu quarto não era sua casa. Ela se sentou bruscamente uma pontada latejou em sua têmpora o corpo estava estranho, como se flutuasse estava de camisola mas não era sua levantou a barra do tecido e apalpou o próprio corpo com desespero, estômago, costelas, rins nada parecia ter sido removido.
—Que tipo de tráfico humano é esse?, pensou, tonta as pernas bambas a levaram até a porta girou a maçaneta, estava destrancada uma brecha de esperança.
Ela saiu, os passos ainda instáveis, o corredor era comprido, com janelas altas e um chão que parecia não ter fim tudo era belo demais, limpo demais, ouviu vozes em italiano, vindo de algum ponto distante.
— “Signorina! Per favore, torni alla stanza!”
Ela ignorou, começou a correr, tropeçando nos próprios pés o mundo ainda girava, as vozes se aproximavam dois homens tentavam alcançá-la, mas Elise, mesmo grogue, era ágil ela dobrou um corredor, depois outro, até que uma parede surgiu em sua frente, sem saída o som de passos firmes atrás dela ela se virou e então braços fortes a envolveram pela cintura um homem alto, de ombros largos e força brutal, a segurou com facilidade ella tentou gritar, lutar, morder mas a exaustão, a droga e o medo se uniram contra ela e então o mundo apagou mais uma vez.
Quando abriu os olhos pela terceira vez, estava deitada em outra cama, o teto agora era mais escuro, a luz vinha de uma luminária antiga com cúpula dourada e então, uma voz rouca e masculina cortou o silêncio:
— Gatinha fujona…
Elise se virou com dificuldade, um homem estava sentado em uma poltrona próxima, vestindo um terno preto impecável os olhos cor de âmbar a observavam com um misto de divertimento e possessividade o cabelo castanho levemente ondulado, a barba bem-feita, a postura relaxada o seu rosto parecia esculpido, belo, letal.
— Onde… onde eu tô? — ela sussurrou, tentando erguer-se.
— Em casa — ele respondeu com um sorriso enigmático. — Na minha casa.
Ela recuou, apertando os lençóis contra o corpo.
— Quem é você?
Ele se levantou, cada passo revelando confiança felina, parou ao lado da cama, inclinando-se para perto do rosto dela a voz veio baixa, quase um sussurro:
— Sou o homem que você salvou… e agora, sou o homem que vai mantê-la bem perto, eu sou o seu dono
Elise sentiu o sangue gelar a caçada tinha terminado e ela era o prêmio.
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Atualizado até capítulo 30
Comments
Elenir Lima
E que comecem os jogos 👏👏👏
2025-06-24
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