Amor no Silêncio – Capítulo 5
O que os olhos não querem ver, o coração sente primeiro
O silêncio entre eles não era desconfortável. Pelo contrário... era cheio de coisas não ditas, de lembranças, de uma conexão que nunca precisou de muitas palavras.
Aurora sentou-se no banco ao lado do piano, bem perto, com aquele sorriso doce, um pouco tímido. Os cabelos ruivos, levemente bagunçados, refletiam as luzes do salão, e seus olhos verdes pareciam buscar respostas nos olhos azuis de Luca.
— “Eu... nem sabia que esse piano ainda funcionava.” — disse, ajeitando uma mecha atrás da orelha. — “Faz tanto tempo...”
Luca sorriu de leve, abaixando o olhar. As mãos tremiam. Ele respirou fundo, ergueu as mãos para sinalizar, mas as palavras... ou melhor, os sinais... simplesmente não saíam.
Seu peito gritava: “Fala! Diz! Conta que você sempre gostou dela! Conta que nunca esqueceu!”
Mas a boca, as mãos, o corpo inteiro... travaram.
E foi nesse exato momento, quando ele finalmente reuniu um pouco de coragem, que Aurora ajeitou a postura e deixou escapar, de forma tão natural quanto cruel para quem ouvia:
— “Ah... eu... queria te contar, antes que você ouvisse por aí...” — ela respirou fundo, apertando as mãos no colo. — “Eu... estou namorando.”
Por um segundo, Luca não entendeu. Apenas piscou, encarando seus lábios, tentando decifrar. Ela percebeu e, com toda a delicadeza, tocou levemente no braço dele.
— “Namorando...” — repetiu, devagar, fazendo o gesto com os dedos cruzando — aquele sinal universal que ele conhecia bem.
O mundo de Luca pareceu rachar no meio. Uma fisgada apertou seu peito de um jeito que ele não sabia se era tristeza, frustração... ou as duas coisas juntas.
Ele forçou um sorriso, abaixou os olhos, e simplesmente assentiu, balançando a cabeça como quem diz “eu entendi”, mas sem dizer mais nada.
Aurora não percebeu o peso que aquilo causava nele. Continuou falando, meio sem jeito, como quem tentava justificar algo que nem sabia se precisava de justificativa.
— “Ele... se chama Thiago. A gente se conheceu na faculdade, faz uns três meses. Ele é... legal. Cuida de mim, sabe?” — disse, olhando pro chão, mordendo o lábio. — “Mas... ver você aqui, agora, me pegou de surpresa...”
Luca apertou forte os joelhos. A vontade de dizer tudo estava ali, na ponta dos dedos. Dizer que ele nunca esqueceu dela. Que olhava pra janela esperando vê-la. Que ela era a melodia mais bonita que ele já tinha sentido.
Mas, de novo... travou. O medo falou mais alto. O medo de parecer pequeno, de parecer ridículo, de ser rejeitado.
Ele apenas sorriu de canto, segurando firme o coração que ameaçava despedaçar por dentro. Levantou as mãos e sinalizou, simples, direto:
— “Fico feliz por você...”
Aurora sorriu, meio aliviada, meio confusa. Talvez não tivesse entendido que aquele “feliz” doía mais do que ele jamais conseguiria explicar.
Gabriel, do lado de fora, assistia tudo pela fresta da porta. Fechou os olhos, apertou os punhos e balançou a cabeça, como quem dizia pra si mesmo:
— “Aí não, cara... não assim...”
Mas uma coisa ele sabia: essa história estava longe de acabar.
Porque amor... amor de verdade... não desliga. Nem com o tempo. Nem com a distância. Nem com um novo amor no caminho.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 46
Comments