capítulo 2

Amor no Silêncio – Capítulo 2

O peso do silêncio

O sábado amanheceu diferente. Luca acordou decidido.

Decidido a, finalmente, falar com Aurora.

— “Hoje vai.” — sinalizou para Gabriel, enquanto ajeitava o cabelo no espelho.

Gabriel sorriu, cruzando os braços.

— “É ISSO, moleque! Bora deixar de ser só o vizinho da janela. Hoje você vai ser o cara do coração dela.” — disse, piscando. — “Mas antes... missão mercado. Minha mãe me escalou, e, adivinha? Você vem comigo.”

Luca rolou os olhos, mas topou. Talvez uma caminhada ajudasse a acalmar a ansiedade que dançava no peito.

No mercado...

O lugar estava cheio. Carrinhos lotados, crianças correndo, filas gigantes. Gabriel foi buscar refrigerante, enquanto Luca ficou segurando alguns pães e uma caixa de leite na fila preferencial — aquela para idosos, gestantes e pessoas com deficiência.

Ele estava ali, tranquilamente, até ouvir, do lado, uma voz grossa e carregada de impaciência:

— “Ô, ô, parceiro... aqui é fila preferencial, tá?” — um homem de uns 50 anos, barrigudo, cruzou os braços, encarando Luca. — “Sai daí. Essa fila não é pra você, não.”

Luca percebeu que o homem estava falando com ele, mas não entendeu de imediato o que dizia. Só notou quando viu o dedo apontando e a cara fechada.

Ele levantou as mãos, tentando sinalizar. Mostrou rapidamente o crachá que carregava no pescoço, que dizia "DEFICIENTE AUDITIVO".

Mas, em vez de entender, o homem bufou.

— “Ah, surdo... mas não tá na cadeira de rodas, né? Isso é desculpa pra furar fila agora?” — gritou, atraindo olhares.

O rosto de Luca queimou. Suas mãos tremiam. Ele tentou gesticular, tentou responder, mas a boca do homem não parava de se mover, despejando palavras que ele não podia ouvir, mas que doíam mesmo assim.

Foi quando uma voz surgiu, alta e furiosa:

— “Opa! Tá falando besteira pra quem, irmão? Abaixa esse tom aí!” — Gabriel surgiu, empurrando o carrinho.

Ele ficou entre Luca e o homem, com as mãos na cintura.

— “Você não tá vendo que ele é surdo, não? Ou quer que eu desenhe? Surdez é deficiência, sim. Tá na lei. Quer que eu te mostre?” — apontou para o próprio celular.

O homem bufou, virou as costas, e saiu resmungando.

Gabriel olhou pra Luca, que abaixou a cabeça, segurando o choro.

— “Não, não, não... Nada de abaixar essa cabeça, cara.” — colocou a mão no ombro dele. — “Você não é menos que ninguém, ouviu? Esse cara é que é pequeno demais pra entender isso.”

Luca respirou fundo, mas uma sombra já tinha se formado em sua mente.

E se... Aurora pensasse da mesma forma? E se, ao se aproximar dela, ela enxergasse ele do mesmo jeito que aquele homem enxergou?

O medo apertou forte no peito.

E, naquele instante, a coragem que ele construiu pela manhã parecia evaporar no ar...

Mas Gabriel não deixaria isso barato.

— “A gente vai dar a volta por cima, Luca. Você vai ver.” — disse, sério, batendo no ombro dele. — “Ela não é como aquele cara. Ela vai te enxergar... do jeito certo.”

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O terceiro capítulo será lançado em breve 😘😘

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