Capítulo 1

Capítulo 1 [ O Corpo Marcado ]

A chuva caía em lâminas finas sobre a cidade de Lucerna, lavando os becos com o brilho sujo dos letreiros de neon. A delegada Isabel Moura ajustou a gola do sobretudo e se abaixou ao lado do corpo estendido no chão encharcado. A cena parecia congelada, como se o tempo tivesse hesitado antes de aceitar aquela morte.

O cadáver estava nu, sem uma gota de sangue visível. Mas o que mais chamava atenção era o símbolo gravado no peito - círculos entrelaçados com linhas que pareciam vibrar sob a pele morta. Quase um feitiço desenhado com lâmina.

- Quinto caso essa semana - murmurou o perito atrás dela, balançando a cabeça - Sem testemunhas, sem digitais nem sangue.

- E com arte tribal no peito - disse Isabel, sem tirar os olhos do símbolo - Isso não é um serial killer, isso parece até um ritual.

O perito hesitou. - A senhorita quer que eu... comunique o setor de crimes religiosos?

- Não - respondeu ela, levantando-se. - Quero que me tragam todos os arquivos com símbolos parecidos, cultos, seitas, qualquer coisa. E descubra quem era esse sujeito. Quero tudo em uma hora.

O perito assentiu e se afastou, deixando-a sozinha no beco, Isabel olhou ao redor, nenhuma câmera, nenhuma testemunha, só o zumbido dos postes e o eco distante de um saxofone vindo de algum bar decadente.

Ela não acreditava em magia. Mas esse caso estava zombando da lógica.

..Duas horas depois, ela estava sentada na penumbra do escritório da 12ª DP, revisando relatórios antigos. A mesma marca apareceu três anos antes, num caso arquivado: um corpo encontrado no subsolo de uma estação abandonada, também sem sangue, também com o símbolo no peito.

Isabel se recostou na cadeira, os olhos ardendo de cansaço, ela odiava coincidências, ainda mais quando envolviam símbolos estranhos e vítimas que sumiam das câmeras antes de morrer. Foi então que o celular vibrou.

Mensagem anônima:

"Quer entender os símbolos? Vá até o Inferno Azul e pergunte para o Dante"

Isabel franziu a testa, não havia remetente, nem histórico, ela olhou para o símbolo no dossiê, depois para a mensagem. Inferno Azul murmurou Isabel

Era um bar no centro velho da cidade, conhecido por suas apresentações de música obscura e pela clientela... digamos um pouco exótica, não exatamente o tipo de lugar para uma delegada, mas também não era o tipo de noite para seguir o protocolo.

O bar parecia um pedaço de outro mundo encaixado entre dois prédios esquecidos. A fachada era de vidro espelhado, manchada pela umidade, com um letreiro em neon azul-petróleo que piscava como um batimento cardíaco falhando. Lá dentro, o som grave da música vibrava nos ossos, Isabel entrou sem hesitar, os olhos ajustando-se à meia-luz púrpura. A multidão era diversa, rostos cobertos, olhos estranhos, sorrisos afiados demais para parecerem humanos.

No bar, uma figura alta observava a multidão como um predador entediado, camisa escura com as mangas dobradas até os cotovelos, tatuagens que pareciam pulsar com a luz do ambiente, e olhos... olhos dourados, como metal derretido.

Isabel não precisava perguntar, aquilo só podia ser Dante

Ela se aproximou com passos firmes, Ele virou o rosto lentamente, como se já soubesse que ela viria.

- Você não parece uma cliente habitual - disse ele, a voz baixa, rouca, carregada de algo que vibrava como eletricidade.

- Isabel Moura Polícia, estou investigando um assassinato, recebi uma dica, disseram que você entende de símbolos, correto?

Ele sorriu de lado, e por um instante, o ar pareceu aquecer entre eles.

- Isso depende, Qual símbolo?

Ela tirou uma foto do bolso e estendeu, ele a pegou sem olhar para ela, quando seus dedos tocaram os dela, uma faísca invisível percorreu a pele de Isabel, rápida e quente demais para ser explicada.

Dante olhou a imagem e seu sorriso desapareceu na hora

- Você devia queimar isso, e esquecer que viu.

- Não sou do tipo que foge de um caso.

- Não é o caso que vai te matar - ele disse, devolvendo a foto - É o que vem atrás dele.

- Então me ajuda a impedir

Dante a observou em silêncio, havia algo nele... não só ameaça, mas um peso, como se ele carregasse um passado do qual não conseguia escapar, e ainda assim, quando olhava para ela, havia curiosidade, uma espécie de reconhecimenton, como se ele estivesse vendo algo muito mais antigo do que aquela conversa.

- Se eu te mostrar o que está por trás disso - disse ele, inclinando-se para perto - não vai ter mais volta, Isabel Moura.

Ela sentiu o calor do hálito dele contra sua pele, e por um segundo, o símbolo da foto pareceu brilhar em sua mente, algo dentro dela se agitou, como se estivesse despertando.

- Então me mostra - ela respondeu, firme, mas com o coração disparado.

Dante sorriu, dessa vez com respeito.

- Amanhã.. Me encontra no beco da Rua Silvana, atrás do cemitério velho, à meia-noite e sozinha.

- Por quê lá?

- Porque é onde os mortos falam, e talvez você precise ouvir o que eles têm a dizer.

Ele se afastou e desapareceu entre as sombras do bar, como se nunca tivesse estado ali.

Isabel ficou parada, sentindo a pele arrepiada, algo estava muito errado ou será que estava certo? E pela primeira vez em anos, ela não sabia se queria recuar ou seguir adiante.

Mas no fundo... ela já tinha escolhido.

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