Aisha chegou cedo naquela manhã.
Muito antes de qualquer outro funcionário aparecer pelos corredores espelhados do edifício imponente onde funcionava o império de Matteo Bianchi. Estava vestida com um conjunto discreto: saia lápis preta, camisa branca com leve transparência e cabelos presos em um coque elegante. Seus saltos ecoavam pelo piso de mármore, mas dentro dela tudo era um redemoinho.
A noite anterior ainda martelava em sua mente como um sonho perigoso. O jantar, o olhar intenso de Matteo, o toque de sua mão... o beijo. Um beijo que incendiara cada centímetro de sua pele, fazendo seu coração bater como se nunca tivesse sido amado antes.
Ela havia dito que o queria. E ele deixara claro que aquilo não era apenas uma aventura.
Mas e agora? Como seguir a rotina profissional como se nada tivesse acontecido?
— Bom dia, signorina Aisha — disse a recepcionista, ao vê-la atravessar o saguão.
— Bom dia, Gianna — respondeu ela, com um sorriso gentil.
Assim que entrou em sua sala, sentiu o coração acelerar. Matteo ainda não havia chegado. E isso só aumentava a tensão. Tentou focar no que sabia fazer de melhor: organização. Abriu os e-mails, atualizou agendas, confirmou reuniões. Tudo de forma automática, como quem precisa se apegar à lógica para não desmoronar na emoção.
Pouco antes das nove, o som grave do elevador exclusivo soou.
Matteo chegou.
Vestia um terno cinza escuro impecável, camisa branca aberta no colarinho e os cabelos grisalhos arrumados com aquela naturalidade sedutora que ela conhecia bem. Ele passou por ela sem dizer uma palavra, apenas lançando um olhar rápido — e intenso — que pareceu despí-la inteira com um só movimento de olhos.
A porta da sala dele se fechou.
Aisha prendeu a respiração e soltou lentamente.
Dez minutos depois, o interfone tocou.
— Aisha, venha até minha sala, por favor.
Ela se levantou, alisou a saia com as mãos e respirou fundo antes de bater à porta.
— Entre.
Matteo estava em pé, próximo à enorme janela com vista para o centro de Milão. De costas para ela.
— Bom dia, senhor Matteo.
Ele se virou lentamente, com um leve sorriso.
— Não precisamos continuar com isso, Aisha.
Ela franziu a testa, confusa.
— Continuar com...?
— Esse jogo de formalidades. — Matteo caminhou até a mesa, parando a centímetros dela. — Depois de ontem, fingir que somos apenas chefe e secretária é uma perda de tempo.
— Mas estamos no trabalho — sussurrou ela, sentindo o coração descompassado.
— E você acha que eu me importo?
Ela não conseguiu responder. Matteo estendeu a mão, tocando seu rosto com a ponta dos dedos. Um toque suave, respeitoso, mas carregado de desejo contido.
— Pensei em você a noite inteira — disse ele, a voz baixa e rouca. — E de manhã, tudo o que quis foi te ver de novo. Tocar você de novo.
Aisha sentiu a respiração falhar. Estavam tão próximos que podia sentir o calor do corpo dele irradiar contra o seu.
— Matteo... — tentou falar, mas ele a interrompeu com um beijo.
Dessa vez, não houve hesitação.
Foi intenso. Profundo. Ardente.
O beijo que selava tudo o que vinha sendo construído entre eles desde o primeiro dia. Os lábios se encaixaram com urgência, as mãos de Matteo envolveram sua cintura, trazendo-a para mais perto. Aisha correspondeu sem medo, envolvendo os braços ao redor do pescoço dele, sentindo a barba roçar em sua pele sensível.
Quando o ar começou a faltar, separaram-se lentamente. Mas os olhos diziam tudo: não havia mais como negar. Estavam envolvidos. E não era apenas física.
— Se alguém nos visse... — sussurrou Aisha, tentando recuperar o fôlego.
— Que vejam — respondeu ele, com firmeza. — Você acha que eu me importo com as regras? Eu criei esse império com minhas próprias mãos, Aisha. E não vou esconder o que sinto por você.
Ela sentiu o estômago revirar. De desejo. De medo. De algo novo.
— Mas e se alguém usar isso contra você? Contra mim?
— Eu dou um jeito. Sempre dei. — Ele tocou o rosto dela novamente. — Só não me peça para fingir que não quero você. Porque não consigo.
Ela assentiu, emocionada. E o sorriso que trocavam naquele momento era mais do que cumplicidade. Era conexão.
Ao longo das semanas, o clima entre os dois se tornou mais íntimo. Disfarçado em olhares, toques sutis, comentários sussurrados nos corredores. Mas, ao mesmo tempo, Aisha mantinha a postura profissional. Ela sabia que precisava se esforçar o dobro para não levantar suspeitas, principalmente por estar em uma posição sensível.
E Matteo... bem, Matteo parecia gostar do jogo de provocação.
— Esse vestido é perigoso — comentou ele, em uma tarde em que ela apareceu com uma peça justa e sofisticada.
— Por quê? — perguntou ela, fingindo inocência.
— Porque me faz querer te trancar nesta sala por horas.
Ela riu, mas desviou o olhar, corando.
Na sexta-feira, ao fim do expediente, Matteo a chamou para revisar os últimos contratos da semana. Estavam sozinhos, como sempre, mas havia algo diferente naquela noite. A tensão parecia mais carregada. As palavras, mais lentas.
— Matteo, esse termo precisa de uma cláusula de renovação automática — apontou ela, concentrada.
Ele assentiu, pegando o papel.
— Concordo. — Mas, em vez de olhar o documento, ele pousou a folha sobre a mesa e ficou observando-a. — Aisha... tem planos para hoje à noite?
Ela hesitou. Olhou os papéis. Depois, olhou para ele.
— Não.
— Então vem comigo.
— Pra onde?
— Surpresa.
Ela sorriu.
— Você é cheio delas, senhor De Luca.
— E você vai descobrir que eu ainda nem comecei.
Eles deixaram o escritório juntos, de forma discreta, e o motorista de Matteo os levou até uma de suas propriedades: uma casa afastada, em uma colina com vista para o lago Como. O lugar era paradisíaco, com janelas amplas, lareira acesa e uma trilha sonora suave preenchendo o ambiente.
— Isso tudo... — começou Aisha, encantada.
— Só o começo — respondeu ele, tirando o casaco e caminhando até ela.
Ela deu um passo para trás, quase como provocação.
— Vai me seduzir, Matteo?
— Achei que já tinha feito isso.
— Talvez eu queira ver de novo.
Ele sorriu, como um predador satisfeito. E então a puxou pela cintura, colando os corpos mais uma vez.
— Como quiser, mia bella.
O beijo veio, dessa vez carregado de promessas. As mãos exploraram, os corpos se colaram. Matteo a levou até o sofá diante da lareira, onde as chamas refletiam nos olhos escuros dele.
Aisha sentiu as mãos dele abrirem lentamente os botões da camisa dela, como se ele quisesse memorizar cada pedaço da sua pele. Ela deslizou os dedos pelo peito tatuado dele, sentindo a respiração acelerar.
— Você é linda demais — sussurrou ele, beijando seu pescoço, seus ombros, seu colo.
Ela se entregou, completamente.
Ali, sob o calor do fogo e dos toques, o que nasceu entre eles deixou de ser apenas uma atração. Era paixão. Desejo. Começo de amor.
Horas depois, deitada em seu peito, Aisha sentia o coração leve. Matteo acariciava seus cabelos, em silêncio. A noite era silenciosa, e o mundo parecia ter desaparecido. Só existiam eles dois.
— Sabe o que mais quero? — perguntou ele, em voz baixa.
— O quê?
— Acordar com você amanhã. E depois. E todos os dias.
Aisha sorriu, emocionada.
— Você vai se cansar de mim.
— Nunca. Eu esperei a vida inteira por alguém como você.
Ela levantou o rosto e olhou nos olhos dele.
— E eu esperei minha vida inteira para ser amada de verdade.
Matteo a beijou mais uma vez, como um selo silencioso de promessas que começavam a se formar.
Na manhã seguinte, Matteo preparou café enquanto Aisha, enrolada em um dos robes dele, explorava a casa com um sorriso bobo nos lábios.
— Você realmente vive como um rei.
— Um rei solitário. Até agora.
Ela se aproximou e o beijou de surpresa.
— Promete que vai continuar sendo assim... verdadeiro?
— Eu prometo mais. — Ele tirou algo do bolso. — Quero que use isso.
Era uma chave.
— Da minha mansão no lago. Está desocupada. Quero que você vá lá quando quiser. Ou... que more lá comigo.
Aisha arregalou os olhos, surpresa.
— Está me convidando para morar com você?
— Sim. Depois de dois meses fingindo me controlar, acho que mereço isso.
Ela riu, emocionada.
— Eu... vou pensar com carinho.
— Pense. Mas saiba que meu lugar agora é onde você estiver.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Dione Lopes
Aiiioi que fofo 🩷🩷🩷🩷🩷 amado
2025-06-13
1
Celia Aparecida
aí que lindo
2025-06-14
0