capítulo 5

Baile – Dança, Ciúme e Descontrole

A noite seguia, densa de olhares e intenções. A música havia mudado para algo mais suave, um jazz com arranjos clássicos. Casais se formavam no salão como peças de um tabuleiro cuidadosamente coreografado.

Isadora, ainda sentada ao lado de Domenico, observava tudo com a calma de quem não precisava competir com ninguém. Até que uma figura se aproximou da mesa — um homem de terno cinza escuro, cabelo grisalho elegante, postura respeitosa, mas íntima.

Salvatore Rizzi. Antigo aliado de Luca Vitale. Amigo de longa data da família Bellini.

— Madonna Isadora, — disse ele, fazendo uma reverência leve, com um sorriso sincero. — Ainda mais bela do que me lembro. Que alegria ver você de volta a este mundo... mesmo que ele não mereça.

Ela sorriu, de verdade. Um sorriso discreto, mas real.

— Salvatore... pensei que estivesse em Genebra.

— Voltei ontem. Mas para ver você aqui... já vale a viagem. — Ele estendeu a mão. — Me concede uma dança, minha rainha? Em memória dos velhos tempos?

Ela hesitou por um segundo. Depois se levantou, com elegância.

— Com você, sempre.

E então foram.

Domenico os acompanhou com os olhos. Em silêncio. O copo ainda cheio na mão. O corpo imóvel, mas o maxilar levemente travado.

Isadora dançava com leveza, com respeito, com intimidade silenciosa. Eles conversavam em voz baixa. Rizzi dizia algo no ouvido dela, ela ria, comedida, mas com calor. Era um riso que ele ainda não tinha visto dela.

Domenico não percebeu quando Chiara puxou seu braço.

— Quer dançar? Podemos mostrar pra aquela viuvinha quem reina aqui...

Ele não respondeu. Continuava olhando.

— Domenico!

— Não. — A palavra veio seca, direta. Como um tiro com silenciador.

Chiara fechou a cara.

— Por que você só tem olhos pra ela agora? Quem é aquele cara? Estão rindo de quê? Você devia fazer alguma coisa!

Domenico virou o rosto devagar, com os olhos frios.

— Silêncio.

— Você tá fazendo papel de idiota, sabia?

Mas ele já não a ouvia. Chamou discretamente um dos seguranças de confiança, sem tirar os olhos do casal que dançava.

— Descubra quem é esse Rizzi. Quero histórico completo. Contatos, rotas, registros, o que for. E me diga se ele tem... algo com ela.

— Algo tipo...?

— Você entendeu.

O segurança assentiu e sumiu na multidão.

Chiara se levantou da cadeira de supetão, furiosa. Vestido bufando, olhos rasos d’água.

— Ridículo isso. RIDÍCULO!

Mas Domenico sequer virou o rosto. Os olhos ainda estavam fixos em Isadora, que, mesmo de costas, parecia sentir o impacto do olhar dele.

A dança continuava. Mas o jogo tinha mudado.

Domenico não sabia o que era aquilo que sentia — desconforto? Raiva? Ciúme?

Só sabia que nenhuma mulher jamais o deixara tão fora de controle... sem nem tentar.

Troca de Dança, Promessas Veladas e Ódio Desperto

O salão parecia girar em torno de Isadora e Salvatore Rizzi, envoltos numa dança elegante, clássica, cheia de memórias silenciosas. Ele falava em voz baixa, ela sorria com gentileza. Os olhos de todos, até os mais poderosos, eram puxados para aquele par improvável.

Mas então, Domenico Mancini se aproximou.

Alto, firme, com o andar de quem não precisa anunciar sua chegada. Parou ao lado dos dois como uma sombra e, com um leve inclinar de cabeça, falou com um tom que soou tanto como convite quanto como decreto:

— Permite a próxima dança?

Salvatore olhou de soslaio, entendeu o recado e soltou a mão de Isadora com um sorriso de respeito.

— Claro. Só não se esqueça, minha cara… ainda espero nosso jantar amanhã. Sete em ponto. Villa Rossini.

Isadora sorriu.

— Confirmado. E leve aquele vinho suíço que você guarda só pra ocasiões importantes.

Domenico ouviu tudo. E não gostou de nada. Mas não deixou transparecer. Apenas estendeu a mão com educação gelada.

Ela aceitou.

A mão dele firme na dela. O outro braço ao redor da cintura. A dança começou.

Silêncio entre os dois por alguns segundos. Não era desconforto. Era análise mútua. Medição de força.

— Não sabia que tinha um jantar marcado, — ele comentou, casual, mas com um fio de gelo.

— Não sabia que estava interessado em saber da minha agenda, — ela respondeu com um sorriso pequeno, sem olhar diretamente nos olhos dele.

Ele não respondeu. Apenas dançava, os passos firmes, conduzindo sem agressividade. Mas com domínio.

— Rizzi é um velho amigo da família. Um dos poucos que nunca tentou puxar meu tapete ou minha alça do sutiã, — ela comentou, quase como quem corta o veneno pela raiz.

Domenico arqueou a sobrancelha.

— Então o padrão está baixo demais... ou você anda cercada de covardes.

— Estou cercada de homens armados e egos inflados, — disse ela. — Covardes e perigosos são quase sinônimos nesse meio.

Eles giraram suavemente no centro da pista. Ela não tentava provocá-lo, nem seduzi-lo. Mas sua presença, seu equilíbrio, sua mente... tudo nele dizia “inacessível”, e isso o atiçava de um jeito novo.

Do outro lado do salão, Chiara observava.

Com os olhos ardendo de raiva, o vestido vermelho apertado demais, os dedos cravados na taça.

Ela assistia ao homem que nunca lhe deu mais que desprezo, dançando com a mulher que acabava de voltar, mas que em minutos tomou tudo que ela lutava para conquistar há anos.

— Acha que vai me roubar? — sussurrou para si mesma, com a voz afiada de inveja e ódio. — Não vai durar. Eu juro. Nem você, nem essa pose de rainha que engana otários.

Chiara sorriu com um canto da boca. Frio. Decidido.

— Eu vou te arrancar desse salão como uma peste. E se precisar... sangrando.

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Comments

Renata

Renata

a criatura fica no seu lugar .
vc tá pedindo para morrer

2025-06-09

0

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