Baile da Máfia – Palazzo Nuccio, Palermo
O salão era um templo do poder. Lustres de cristal refletiam em taças de ouro branco, violinos preenchiam o ar com Vivaldi, e todos os nomes que realmente importavam estavam ali — envoltos em perfumes caros, ternos sob medida e sorrisos que escondiam armas.
Domenico Mancini entrou como uma sombra imponente em meio às luzes.
Vestia um terno preto italiano cortado com precisão quase militar, gravata fina, abotoaduras de ônix. A barba feita. O cabelo, escuro como a noite, penteado para trás. Nenhum exagero. Nada desnecessário. Só presença — e o peso da autoridade.
Ao vê-lo, as conversas cessaram por segundos. Depois, voltaram em sussurros.
— Ele está sozinho?
— Não... lá vem ela...
Chiara De Luca, sua "noiva", vinha atrás com pressa, tropeçando quase, em um vestido vermelho brilhante, colado demais, com recortes que sugeriam mais do que permitiam. A maquiagem carregada, o sorriso forçado. Tentava andar como uma rainha, mas o salto alto parecia mais inimigo do que aliado.
Ela deu o braço a Domenico, que aceitou sem emoção. Ele não olhou para ela nem por um segundo.
— Domenico, estamos lindos. Aposto que somos o casal mais comentado da noite! — sussurrou ela, colando o rosto no braço dele.
Ele respondeu apenas com um movimento leve da mandíbula. Para quem o conhecia, isso já era impaciência extrema.
Ao redor, os homens brindavam e sorriam... mas pelas costas de Chiara, os risos se tornavam zombarias abafadas.
— Ela se acha rainha... com vestido de amante barata, murmurou um dos capos, erguendo a taça.
— Mancini só não mandou ela pra cova ainda porque seria trabalho demais. Apostei com Marco que ela cai antes do próximo inverno.
— Ela quer o trono, disse outro. — Mas nem o respeito do guarda da porta conseguiu.
Domenico ouvia. Ele sempre ouvia. Mas nunca se rebaixava a responder. Ignorava Chiara como se fosse um anel apertado demais: incômodo, mas temporário.
Chiara sorriu, tentando disfarçar os olhares que sabia que não eram de admiração. Só que quando viu a atenção do salão mudar, o sangue dela gelou.
— Quem é...? — perguntou, virando o rosto com ares de desdém.
Domenico também olhou.
No alto da escadaria, ela apareceu.
Baile da Máfia – Entrada de Isadora Bellini Vitale
Os violinos mudaram de tom. A música se calou por um segundo — talvez coincidência, talvez instinto coletivo.
Todos os olhos se voltaram para o topo da escadaria.
E lá estava ela.
Isadora Bellini Vitale. A viúva. A lenda. A ausência que sempre pesou mais do que a presença de qualquer outra mulher.
Vestia um vestido negro com corte impecável, moldado ao corpo com elegância letal. Tecido opaco, ombros à mostra, decote exato: nem vulgar, nem recatado — simplesmente imperial. Um colar com uma única pedra safira como uma assinatura de sangue nobre. Cabelos soltos, como uma serpente negra escorrendo pelas costas. A pele pálida parecia ainda mais viva sob a luz amarela do salão.
Mas nada era mais marcante do que o olhar.
Frio. Fino. Afiado como lâmina recém-polida.
Um olhar que dizia:
"Se tentar me usar, eu estraçalho seu legado até a última geração."
Os convidados se calaram. Havia um burburinho sutil. Ninguém esperava aquilo. Esperavam uma mulher cansada, fragilizada, buscando atenção. Mas ali estava uma rainha. Sem trono, sem coroa — e ainda assim, acima de todos.
Mesmo Domenico Mancini, que até então sustentava o salão com sua presença, não conseguiu desviar os olhos.
Ela desceu devagar. Cada passo medido. Como se o chão tivesse sido desenhado para seus pés.
E ele soube.
Soube que ela era o que faltava. A mulher que não se curvava. Que não implorava. Que sabia o peso de um nome — e não precisava gritar para ser ouvida.
Chiara apertou o braço dele.
— Domenico... você tá vendo como ela tá se exibindo? — o ciúme escorria no tom.
Ele nem respondeu. Continuou olhando.
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Atualizado até capítulo 45
Comments
Renata
adeus chiara kkk vc perdeu/Facepalm/
2025-06-09
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