Nem tudo é verdade

A mulher de vestido lilás, que disse se chamar Isabelly, olhou para a bússola nas mãos de Cléo. Passou os dedos finos sobre a tampa de metal, como se despertasse memórias antigas.

— Essa bússola pertenceu a um marinheiro chamado Adalberto — começou ela, a voz baixa e carregada de mistério. — Ele chegou aqui há muitos anos, depois de uma viagem que quase o levou ao fundo do mar. Mas essa bússola... ela nunca apontava para o norte. Sempre para algum outro lugar.

Bárbara e Cléo trocaram olhares. A casa cheirava a madeira velha e incenso, e as fotos dos marinheiros pareciam observá-las.

— Ele acreditava que a bússola era amaldiçoada — continuou Isabelly, o olhar distante, como se falasse mais para si mesma do que para as meninas. — Mas eu sei que ela apenas mostrava o que ele precisava ver. O que estava dentro dele. E talvez… o que está dentro de vocês também.

Um silêncio pesado caiu sobre a sala. Isabelly repousou a bússola na mesa entre elas, como se fosse uma oferenda.

— Levem isso. — Ela disse, com um tom que soou mais como ordem do que como conselho. — Continuem procurando… mas cuidado com o que encontram.

Cléo e Bárbara pegaram a bússola com cuidado. Saíram da casa quase sem trocar palavras, o som abafado da porta se fechando atrás delas. Na rua, o vento parecia ter mudado, como se a noite tivesse ficado mais densa.

Enquanto se afastavam, uma figura surgiu na janela onde Isabelly estava antes. Um homem, alto, de barba por fazer e olhar severo, os olhos seguindo cada passo das duas garotas. Ele parecia ter sempre estado ali, mas invisível até então.

Bárbara estremeceu.

— Você viu aquilo? — sussurrou para Cléo.

Cléo apertou a bússola contra o peito, a respiração ofegante.

— Vi. E acho que agora… tudo vai ficar ainda mais complicado.

— Quem eram? — perguntou o homem, a voz grave e ríspida, enquanto suas mãos se fechavam num gesto nervoso.

Isabelly se virou lentamente para ele, mantendo a postura elegante, mas com o rosto endurecido.

— Eram só duas garotas, perguntando quem tava tocando — respondeu, o tom calmo como se não tivesse nada a temer.

Junior estreitou os olhos, os punhos ainda cerrados. A lâmpada pendurada no teto balançava levemente, projetando sombras nas paredes, dando à cena um ar quase cinematográfico.

— Se você estiver escondendo algo de mim, você vai se ver comigo — disse ele, aproximando-se até ficar a poucos centímetros de Isabelly. Seu hálito quente cheirava a cigarro e menta.

Isabelly ergueu o queixo, desafiadora.

— Acredite em mim, Junior — disse ela, a voz firme, como se nada pudesse quebrá-la. — Eu nunca escondi nada de você.

O olhar de Junior queimava de desconfiança, mas ele não disse nada. Apenas virou-se, abrindo a porta com um estrondo e desaparecendo pela rua, deixando Isabelly sozinha na penumbra da sala.

Ela suspirou, levando a mão à testa. As fotos dos marinheiros pareciam observá-la com um ar de cumplicidade silenciosa. E a bússola, agora nas mãos das duas garotas, parecia mais leve — mas apenas à primeira vista.

A bússola mostrava a direção para volta da casa da Isabelly

— Que estranho? — Cléo olha para bússola

— Está funcionando, está indo na direção na casa que acabamos de sair — Falou a Bárbara

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