Dois anos depois, o ônibus já não era mais parte da rotina diária, mas ainda era parte da história deles. Tão parte que, no aniversário de Ryan, Lucas apareceu com um presente inusitado: uma placa dourada com os dizeres "Assento reservado para Ryan (meu amor de ponto final)".
— Não acredito que você mandou fazer isso. — Ryan riu, segurando o riso com a mão na boca.
— Você vivia dizendo que o terceiro banco da direita era seu. Só fiz oficializar.
Ryan o puxou pela cintura e beijou seu rosto.
— Sabe que agora meu lugar é só onde você estiver, né?
Caio, agora com cinco anos, interrompeu os dois com cara de nojo.
— Aff, de novo se beijando?
— Acostuma, pentelho — disse Ryan, bagunçando o cabelo dele.
— Pelo menos espera eu sair da sala! — Caio cruzou os braços, fingindo drama, mas com um sorrisinho no canto da boca.
Lucas o pegou no colo e olhou pra Ryan.
— Engraçado, né? Começou com um lugar cedido... e agora tenho vocês dois. Um virou meu lar, e o outro, meu caos favorito.
— E você, meu amor barulhento. — Ryan beijou o ombro dele. — Mas o caos vale a pena.
Mais tarde, os três saíram pra andar de ônibus só por nostalgia. Ryan se sentou no seu lugar clássico, Lucas ao lado, e Caio no colo, fingindo que era a primeira vez de novo.
— Ei, Ryan — Lucas sussurrou, no mesmo tom malicioso de sempre — lembra do túnel?
— Acha mesmo que esqueci o beijo mais quente da minha vida?
— Quero replay quando a gente chegar em casa.
— Você é insuportável. — Ryan sorriu.
— E você me ama.
Ryan segurou a mão dele, apertando devagar.
— Mais do que tudo.
Caio bufou entre os dois.
— Já disse que eu tô bem aqui, né?
Eles riram, e a cidade seguiu lá fora — como sempre —, mas dentro daquele ônibus, tudo parecia no lugar.
Amor, amizade, e um assento reservado no coração um do outro.
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