Capítulo. 4

Automaticamente, assumo o controle dos meus sentimentos. Preciso de pouco esforço para permanecer calmo agora, resultado de uma vida

inteira engolindo em seco, escondendo emoções.

- Ah, é mesmo? Você sempre esquece as pessoas que tiram quase toda a sua roupa? Que conveniente... Algo brilha em seus olhos. Será que

ele está... achando graça?

Acho que eu me lembraria de algo assim. Pode acreditar nisso.

Amélia pula do banco e assume uma postura agressiva, com as mãos fechadas nos quadris.

O que está acontecendo aqui?

Eu não sou o tipo de cara que gosta de causar problemas entre um casal. O que eles fazem e escondem um do outro é problema deles. Mas desta vez é diferente. Não sei por que, mas é.

Talvez porque ela seja minha prima. Digo isso a mim mesmo, mas sei que não há nenhum sentimento de afeição entre mim e Amélia. Outro

pensamento vem à minha mente, um pensamento que diz que estou aborrecido por ter sido esquecido, de forma tão simples, pelo cara em quem acordei pensando -mas descarto essa ideia completamente, rotulando como "ridículo", e sigo em frente.

Primeiro, me dirijo à Amélia: Bem, acontece que o Bonito aqui apareceu na despedida de solteira da

Emma ontem à noite, dizendo que era proprietário da boate e que se chamava Joseph. - Em seguida, me viro para o impostor em questão. Por mais que eu tente, não consigo tirar o sarcasmo do meu tom de voz: E Você.

Fala sério! Joseph ou José? Não acha que poderia ter sido um pouco mais original? Que coisa mais estúpida!

Fico a esperar que Amélia tenha um ataque de fúria, e Joseph/José se arrependa imediatamente, ou até que chegue a mentir para sair desta situação. Mas que acontece em seguida é o que eu menos poderia imaginar.

Ambos caem na gargalhada. Enquanto assisto, mim sinto confuso, parece que a diversāo dos dois só faz

aumentar. Consequentemente, a minha raiva cresce.

É Joseph/José quem fala primeiro:

- Acho que Amélia não mencionou que eu tenho um irmão gêmeo, não é?

José

Eu observo gama completa de emoções oscilarem através do rostinho bonito deste garoto. Confusão, raiva, indignação, prazer e, mais uma vez, confusão. Por fim, o seu rosto se fixa numa expressão de descrença.

-Você está brincando. De jeito nenhum. Quem se daria ao trabalho de inventar uma história dessas?

Ele ainda está me encarando com um olhar confuso.

Então você é o José.

— Correto.

E tem um irmão gêmeo chamado Joseph.

—Correto.

E Joseph é o dono daquela boate, the slanted door

— Correto.

Deste modo, isto faz de você o advogado.

 — Bem, não tecnicamente. Pelo menos, não ainda. Mas, sim.

— E não estou participando de uma pegadinha.

Eu rio.

Não, Você não está numa pegadinha.

Ele morde o lábio inferior enquanto tenta compreender tudo aquilo. Não creio que ele faça ideia do quanto é sexy e lindinho.

Quando tudo fica esclarecido, ele respira fundo e pergunta:

Podemos recomeçar?

— Claro.

Um sorriso brilhante vem imediatamente aos seus lábios e ele aponta para mim.– Você deve ser José, o namorado. Eu sou Benjamin, O primo meio sem graça da Amélia.

Eu sorrio mais uma vez.

Prazer em conhecê-lo, Benjamin, O primo meio sem graça da Amélia.

Duvido que haja qualquer coisa sem graça em você.

Ele retribui meu cumprimento com um gesto de cabeça e se vira para ir até a cafeteira. E tudo que posso fazer para deixar de olhar. Tenho que me obrigar a ficar concentrado na bela loira que

Está diante de mim. Sempre que eu olhava para a Amélia, via uma mulher elegante, escultural, maravilhosa.

 Mas, esta manhã, estou lamentando que ela não seja um moreno lindo, sexy e todo amarrotado.

Merda! Isto não é nada bom!

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