capítulo 5

Momentos antes dela se aproximar, o Rei Alfa já sentia algo errado.

Seu lobo estava inquieto, agitado, rosnando baixo dentro dele.

Alerta. Ansioso.

Ele olhou em volta, procurando a ameaça. Mas não encontrou nada.

Foi então que o cheiro veio.

O melhor perfume que ele já sentira em toda a vida — doce, quente, tão familiar que fez o peito dele doer.

Seu lobo, que até então estava em silêncio há anos, uivou de alegria dentro dele.

Companheira.

O rei se manteve imóvel, os olhos varrendo o salão, até vê-la.

Pequena, cabelos negros escorrendo pelas costas, vestido preto colado ao corpo...

E a aura de quem carregava o mundo nas costas.

Quando ela se sentou ao seu lado, ele sentiu o choque percorrer cada músculo.

Mas algo estranho aconteceu.

Ela não o reconheceu.

O olhar dela era curioso, confuso, inocente.

Quando Agatha explicou que não tinha um lobo, que não podia sentir as hierarquias, ele entendeu.

E em vez de se importar, em vez de recuar...

Aceitou.

Aceitou como uma promessa antiga finalmente cumprida.

Na cabeça dele, uma coisa ficou clara: nada, nem ninguém, tiraria sua mulher de perto dele agora.

---

O salão inteiro parecia ter desaparecido.

Agatha sentia como se estivesse presa em um sonho — ou um pesadelo.

O Rei Alfa, o homem mais temido daquele mundo, a segurava no colo como se ela fosse algo precioso.

E havia acabado de chamá-la de Luna.

O choque foi tão grande que o corpo dela agiu sozinho.

Ela tentou se levantar, as mãos tremendo, os olhos arregalados.

— Deve... deve haver algum engano — disse, a voz trêmula. — Eu... eu sou filha de um alfa, mas... eu não tenho um lobo. Sem lobo, não existe laço de companheiros...

Ela tentava explicar, tentando achar alguma lógica, alguma saída que fizesse tudo aquilo sumir.

Mas ele não soltou.

Continuou com ela firme no colo, o calor do corpo dele envolvendo o dela.

O rei a olhou nos olhos — aqueles olhos azuis que pareciam carregar o peso de séculos — e falou, com uma calma que arrepiou até a alma dela:

— Meu lobo não se enganaria.

A mão grande dele subiu devagar pelas costas nuas dela, como se a gravasse na memória.

— Agora que encontrei você... — sua voz baixou ainda mais, rouca, possessiva — não há como deixar você ir.

Agatha abriu a boca para protestar, mas não saiu som algum.

Porque, no fundo, uma parte dela — aquela que ela nunca quis reconhecer — sentia a mesma coisa.

O destino deles já estava selado.

E não adiantava correr.

---

---

Antes que Agatha pudesse entender o que estava acontecendo, a voz venenosa que conhecia tão bem cortou o silêncio:

— Majestade, não perca seu tempo com essa humana imunda — disse Lisa, sua meia-irmã, se aproximando com passos duros.

— Nem a própria família dela a suporta. A vida dela está em suas mãos. Pode fazer o que quiser.

— Nossa alcatéia está pronta para reparar a afronta que ela cometeu ao se sentar no lugar da sua verdadeira Luna.

Cada palavra era uma lâmina cravada em Agatha.

Ela se encolhia cada vez mais no colo do rei, o corpo tremendo de vergonha e humilhação.

Mas Lisa não parou.

Pensando que a fúria no rosto do rei era dirigida a Agatha, ela continuou, acendendo o próprio destino:

— Essa vadia não merece nem respirar o mesmo ar que nós.

Foi a gota d'água.

O rugido do Rei Alfa explodiu pelo salão como uma tempestade.

O chão pareceu tremer.

Todos os lobos ali presentes — sem exceção — caíram de joelhos, instintivamente, expondo o pescoço em submissão total.

Agatha arregalou os olhos, o coração disparando.

O rei se levantou, ainda com ela segura firmemente nos braços.

Não a soltaria. Não agora.

Ela era o seu bem mais precioso.

A voz dele, quando falou, foi como ferro em brasa:

— Mais uma ofensa contra minha Luna... e você... — os olhos dele brilharam de puro ódio — e toda a sua alcatéia... pagarão com sangue.

Lisa, finalmente entendendo a gravidade do que tinha feito, empalideceu até parecer feita de cera.

— P-por favor, Majestade... — gaguejou, tremendo. — Perdão... perdão...

Ela se ajoelhou, cabeça abaixada, pedindo perdão de todas as formas.

Mas o rei não cedeu.

O salão inteiro estava sufocado de medo e tensão.

Foi então que Agatha, com a voz fraca, quase num sussurro, murmurou no ouvido dele:

— Não... por favor... não faça nada...

Só o som da voz dela bastou.

O lobo dentro dele, que rugia para matar, se acalmou instantaneamente.

O rei fechou os olhos por um segundo, respirando fundo, e cessou a força esmagadora que mantinha os outros de joelhos.

O suor escorria pela testa dos lobos, muitos ainda tremendo, incapazes de se mover direito.

Ele abriu os olhos e encarou Lisa, agora destruída pelo medo.

Ainda segurando Agatha como se o mundo inteiro fosse roubá-la a qualquer momento, o rei falou, a voz fria como gelo:

— Saia da minha vista... enquanto eu ainda permito.

Lisa tropeçou para trás e desapareceu no meio da multidão, com o rabo entre as pernas.

O salão ficou em completo silêncio, ninguém ousando nem respirar alto.

E Agatha, ainda no colo dele, sem entender como, tinha acabado de mudar o destino de todos.

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Comments

Patricia Sousa

Patricia Sousa

hummm toma distraída a vadia aqui é tu e não ela 🐍venenosa

2025-06-05

2

Alison Noemi Zetina Sepulveda

Alison Noemi Zetina Sepulveda

Quero mais capítulos pra ontem!😫

2025-04-29

2

Ver todos

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