SN ficou parada, sentindo a tensão no ar, enquanto Saehee se aproximava. A frieza no olhar da irmã mais velha fazia o coração de SN acelerar, mas ela não queria mais fugir. Ela precisava tentar.
— Saehee, por favor... não me trate assim. — SN falou, a voz trêmula, mas com um tom de quem estava pedindo por algo que parecia impossível.
Saehee olhou para ela, com os olhos ardendo em raiva. Então, sem aviso, ela gritou:
— Eu te odeio, mainha! Você sempre conseguiu tudo o que queria, não é?! — Saehee estava descontrolada, e suas palavras saíam como veneno.
SN recuou um passo, sem entender o que estava acontecendo. A dor era tão forte que ela mal conseguia reagir. Mas, mesmo assim, ela não podia deixar passar as palavras de Saehee.
— O que você está falando? Você é louca! Você precisa de tratamento! — SN falou, tentando se manter firme, mas o desespero começou a invadir suas palavras.
Saehee, no entanto, riu de forma debochada, um riso cruel que fez SN se arrepiar. Era como se ela estivesse completamente fora de si, como se nada que SN falasse importasse.
— Vai logo descer pra jantar. — Saehee mandou com desdém, virando-se de costas, sem sequer olhar para a irmã.
SN ficou ali, parada, com o peso daquelas palavras ecoando em sua mente. Ela não sabia o que mais fazer. A dor estava insuportável. Sentiu-se pequena, desamparada, como se estivesse à mercê de algo que não podia controlar.
Ela desceu as escadas lentamente, mas, ao chegar no meio delas, a angústia tomou conta dela. As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Ela se encostou na parede, sentindo que não podia mais suportar tudo aquilo.
Entre os soluços, pegou seu celular e, com a voz embargada, mandou uma mensagem para Lucas, sem saber o que mais fazer. Ela precisava de alguém. Alguém que pudesse ouvir sua dor, mesmo que fosse em palavras simples.
“Lucas... eu não aguento mais. Me ajuda...” — ela escreveu, esperando que ele visse, esperando que, talvez, ele fosse a única pessoa que realmente se importava.
Ela olhou para o celular, aguardando a resposta, sentindo-se perdida e com o coração pesado. O jantar não importava mais, nem a irmã cruel. Tudo o que ela queria agora era ser ouvida, ser vista, e talvez encontrar um pouco de alívio no caos que sua vida se tornara.
SN ficou com o celular nas mãos, as lágrimas ainda escorrendo pelo seu rosto enquanto ela olhava fixamente para a tela, esperando uma resposta que parecia não vir. O som da casa em silêncio, apenas o eco de seus pensamentos e a agonia interna que ela tentava suprimir.
Então, o celular vibrou, quebrando o silêncio.
SN olhou para a tela, e seu coração deu um pulo. Era Lucas.
“Eu sei o que você está passando. Fica calma, ok? Eu estou aqui. Não importa o que aconteça, você não está sozinha. Se precisar de mim, estarei por perto.” — A mensagem de Lucas apareceu na tela, como um farol de esperança no meio da escuridão.
SN sentiu uma onda de alívio misturada com gratidão. Ela não sabia por que, mas as palavras dele pareciam ser a única coisa que a fazia sentir que, talvez, alguém realmente se importasse. Alguém que não estava tentando usar ou manipular a situação.
Ela respirou fundo, enxugou as lágrimas e, com uma calma temporária, respondeu.
“Obrigada, Lucas. Eu só... não sei o que fazer. Tudo está dando errado aqui em casa. Minha irmã me odeia, minha mãe está tão distante... eu não aguento mais.”
SN apertou os olhos, sentindo que estava se abrindo para ele de uma forma que nunca tinha feito com ninguém. Era difícil colocar em palavras tudo o que estava sentindo, mas, naquele momento, parecia que Lucas era a única pessoa disposta a ouvir.
Lucas demorou alguns minutos, mas logo a resposta dele apareceu na tela.
“Eu entendo. Sei que é difícil. Mas acredite, você merece ser feliz, SN. Se precisar sair de casa por um tempo, ou se quiser falar mais sobre o que está acontecendo, me avisa. Vou te apoiar no que for preciso.”
SN sentiu um peso enorme se levantar de seus ombros. Era como se ele tivesse colocado um pouco de paz dentro de sua bagunçada vida. Por um momento, ela não estava mais sozinha no mundo.
Ela olhou para a tela, pensativa. Talvez fosse hora de começar a mudar as coisas. E talvez, com a ajuda de Lucas, ela pudesse finalmente encontrar uma saída para todo aquele caos.
Ela respondeu, mais confiante agora, mesmo com o peso de seus problemas.
“Eu vou tentar, Lucas. Obrigada por me ouvir. De verdade.”
E, com isso, uma pequena chama de esperança se acendeu dentro dela. Mesmo que o mundo ao seu redor ainda estivesse desmoronando, talvez, só talvez, ela pudesse encontrar um caminho para a felicidade – com a ajuda de quem a compreendia.
SN não tinha mais forças para descer para o jantar. O peso da dor e da frustração parecia maior do que qualquer outra coisa. Ela ficou ali, sentada na escada, chorando silenciosamente. As lágrimas não paravam de cair, e a vontade de comer desapareceu completamente. Ela sentia como se tivesse perdido o apetite por tudo ao seu redor. O único som que preenchia a casa era o de seus soluços abafados.
Foi então que ela ouviu uma batida na porta. Antes que pudesse sequer reagir, a voz de Lucas veio, suave e cheia de cuidado.
— SN? Eu trouxe chocolate, tem cachorro-quente, X tudo, hambúrguer, batata frita... — ele pausou por um momento. — Vamos pra minha casa. Ninguém vai mexer com você lá, ok?
SN, ainda com o rosto molhado de lágrimas, não sabia como responder, mas o gesto de Lucas fez seu coração se aquecer um pouco. Ele realmente se importava.
Ela estava tão exausta que não conseguiu argumentar. Lucas entrou e, vendo a condição dela, tirou seu casaco e o colocou em seus ombros com suavidade.
— Coloca isso, você vai se sentir melhor. — Ele falou, tentando de alguma forma amenizar o sofrimento dela.
SN, ainda sem palavras, colocou o casaco, sentindo o calor e a proteção que ele oferecia. Era como se, por um breve momento, ela tivesse encontrado um pouco de segurança.
Na casa de Lucas, tudo parecia diferente. Era como se ali ela pudesse finalmente respirar de forma tranquila. Eles estavam sentados à mesa, comendo e bebendo refrigerante. Lucas fez questão de cuidar dela, e, enquanto comiam, ele limpou suavemente as lágrimas que ainda restavam no rosto de SN.
— Você não vai mais precisar se preocupar com nada por enquanto. — Lucas disse, com uma voz calma e protetora. — Eu vou conversar com o diretor e pegar a matéria pra você. Você não precisa ir pra escola amanhã, ok?
SN, ainda em choque com a gentileza dele, apenas assentiu, sentindo-se grata, mas também perdida. O peso de sua vida ainda estava lá, mas por um momento, ela teve a sensação de que, com Lucas, poderia encontrar alguma paz.
Lucas puxou a cama de cima para preparar o lugar onde SN poderia descansar, sua expressão cuidadosa e preocupada enquanto ele se certificava de que tudo estava pronto.
— Vem, deita e descansa. Ninguém vai te incomodar aqui. — Ele falou, dando um sorriso suave. — Você só precisa descansar. Esquece de tudo um pouco. A gente vai dar um jeito em tudo.
SN, sem forças para protestar, deitou na cama de cima, sentindo o alívio de estar em um lugar onde ela finalmente podia relaxar, sem medo, sem brigas, sem pressão.
— Obrigada, Lucas... — foi tudo o que ela conseguiu dizer antes de se entregar ao cansaço, sentindo-se pela primeira vez em muito tempo, segura.
Na manhã seguinte, Lucas acordou cedo e, com o rosto sério, decidiu que precisava agir. Ele não podia mais ver SN naquele sofrimento, então foi até a escola para conversar com o diretor. Ele precisava entender o que estava acontecendo e encontrar uma maneira de proteger a amiga. Quando entrou no carro, pensava em como tudo se desenrolaria, determinado a ajudar SN de qualquer forma.
Ao chegar na escola, ele conversou com o diretor, contando sobre a situação difícil de SN em casa e a crueldade de sua irmã, Saehee. O diretor parecia surpreso, mas também compreensivo. Depois de algumas palavras de apoio, Lucas voltou para casa, sua mente já cheia de planos para garantir a segurança de SN.
Quando chegou à cozinha, encontrou sua mãe preparando o café da manhã. Ela parecia cansada, mas ainda assim, sua expressão foi suave ao ver o filho entrar. Lucas, então, se aproximou e começou a conversar com ela, sem rodeios.
— Mãe, eu preciso falar sobre a SN. O que está acontecendo com ela em casa não é mais aceitável. — Lucas falou baixinho, sua voz cheia de preocupação.
Sua mãe parou o que estava fazendo, olhando para o filho, esperando que ele explicasse mais.
— Ela está sendo tratada como lixo, mãe. A Saehee a maltrata o tempo todo, e a mãe delas nem percebe. Eu não quero que a SN continue vivendo assim. Eu pensei em uma solução. — Lucas continuou, já pensando em como proteger a amiga de uma vez por todas.
A mãe de Lucas ficou em silêncio por um momento, mas o olhar dela demonstrava que ela estava ouvindo com atenção. Lucas respirou fundo antes de continuar.
— Eu quero que a SN venha morar aqui comigo. Ou, se preferir, posso levá-la para morar com o meu pai na mansão. O papai é empresário e pode dar um emprego pra ela, ajudar a juntar o dinheiro e até alugar uma casa. Eu não quero que ela seja maltratada novamente, mãe. — Ele falou com firmeza, seu olhar determinado.
A mãe de Lucas olhou para ele, pensativa. Ela sabia o quanto a situação estava difícil para o filho, e também se preocupava com a vida de SN. Depois de alguns momentos de silêncio, ela suspirou e falou, com um tom suave, mas sério:
— Eu sei o quanto você se importa com ela, Lucas. E se você realmente acredita que ela estará melhor em outro lugar, eu apoio você. Mas, só quero que tenha certeza de que é o melhor para ela também. A vida dela não está fácil, e você tem razão, ela não merece esse sofrimento.
Lucas acenou com a cabeça, grato pelo apoio da mãe. Ele sabia que ela tinha muitas preocupações, mas também confiava que ela queria o melhor para ele e para as pessoas que ele amava.
— Eu vou conversar com a SN sobre isso. Eu só quero que ela tenha uma chance de viver em paz, sem medo de ser maltratada. — Lucas respondeu, agora mais determinado do que nunca.
Sua mãe sorriu levemente, sentindo que talvez Lucas realmente tivesse uma solução para ajudar SN. Ela sabia que o filho não tomaria essa decisão levianamente, e se ele achava que isso era o melhor para a amiga, ela não teria mais objeções.
— Faça o que você achar certo, filho. Eu confio em você. — Ela falou, com um sorriso carinhoso.
Agora Lucas estava mais seguro de que podia dar a SN uma chance de começar uma nova vida, longe do abuso e do sofrimento. Ele sabia que ela merecia mais, e ele faria tudo o que fosse possível para garantir que ela tivesse essa oportunidade.
Após uma conversa silenciosa, a mãe de Lucas decidiu que precisava falar diretamente com a mãe de SN. Era hora de enfrentar a situação de frente e descobrir o que realmente estava acontecendo na casa de SN. Lucas, sempre protetor, não queria deixar a amiga sozinha nesse momento difícil, então se ofereceu para ir junto.
Eles chegaram à casa da mãe de SN, e Lucas sentia o peso da tensão no ar. Era agora ou nunca.
Dentro da casa, a mãe de Lucas começou a falar diretamente, sem hesitar:
— Eu preciso falar com você sobre o que está acontecendo com a SN. O Lucas me contou o que ele percebeu, e isso não pode continuar assim. A Saehee está tratando a SN de uma forma cruel, e isso não é algo que podemos ignorar. — Ela falou com uma firmeza que deixou claro que não estava disposta a aceitar mais abusos.
A mãe de SN, que estava na sala com as duas filhas, olhou para ela com um sorriso cínico, como se estivesse prestes a se defender de qualquer acusação.
— Eu não sabia de nada, e, para ser sincera, eu nunca vi nada de errado. Mas se isso fosse realmente um problema, por que a Saehee não me contou? — Ela riu, olhando de canto para Saehee, tentando minimamente se justificar, mas seu tom parecia mais incrédulo do que convincente.
Lucas, que estava observando tudo em silêncio até então, não conseguiu mais se controlar. Ele se aproximou, seus olhos queimando de raiva e preocupação.
— Você vai deixar a Saehee maltratar a SN assim? Você é cega? Não vê o que está acontecendo dentro da sua própria casa? — Lucas gritou, sua voz cheia de fúria. — Eu não vou deixar ninguém chegar perto dela. Não enquanto eu estiver aqui!
A Saehee, do outro lado da sala, riu de forma debochada, tentando desmerecer as palavras de Lucas.
— Você e a SN são completamente loucos. Como pode acreditar nisso tudo? — Saehee disse, com um sorriso arrogante.
Lucas, furioso e sem paciência, respondeu com um tom cortante.
— Você é uma mentirosa! Você maltrata a SN desde criança, e ela me contou tudo! Não adianta fingir que não sabe o que está acontecendo.
A mãe de SN olhou para sua filha mais velha, sem saber como reagir. Mas ela continuava em silêncio, como se não quisesse admitir o que estava claramente diante de seus olhos.
A Saehee tentou se defender, mas seu rosto já demonstrava uma frustração crescente.
— Era mentira! — Ela disse rapidamente, como se tentasse apagar qualquer indício de culpa.
Mas a tensão no ambiente era palpável, e a mãe de SN não sabia mais o que dizer. Ela olhou para a mãe de Lucas, em um momento de hesitação.
— Eu não sei o que está acontecendo, mas preciso pensar no que fazer... — A mãe de SN falou, ainda em choque com a acusação.
A discussão continuava intensa, e a situação estava cada vez mais insustentável. Lucas estava determinado a proteger SN a todo custo, e agora ele sabia que essa batalha não seria fácil. Mas, mais do que nunca, ele estava disposto a lutar para garantir que SN tivesse a chance de viver em paz, longe do abuso que ela havia sofrido durante toda a sua vida.
A tensão no ambiente parecia se intensificar a cada palavra trocada. A mãe de Lucas, vendo a gravidade da situação e a dor nos olhos de SN, tomou uma decisão imediata. Ela olhou para a mãe de SN, com uma expressão firme e decidida.
— Eu preciso dos documentos da SN e algumas roupas dela. Vou cuidar dela a partir de agora. — A mãe de Lucas falou, sua voz inabalável. Ela sabia que não podia mais esperar ou hesitar. Era hora de agir.
A mãe de SN, ainda meio atordoada, olhou para sua filha e, depois, para a mãe de Lucas. Ela parecia perdida, sem saber exatamente o que fazer. No entanto, o olhar de Lucas e a decisão firme da mãe dele pareciam deixá-la sem opções.
— Você está decidida a levar a SN assim? — A mãe de SN perguntou, um tom de resignação na voz, embora ela ainda parecesse em dúvida sobre a decisão.
A mãe de Lucas não hesitou em responder.
— Sim, é o melhor para ela. Ela precisa de um ambiente seguro, onde possa viver sem medo e sem crueldade. Não posso permitir que a SN continue vivendo sob esse sofrimento.
Lucas, ouvindo tudo aquilo, se aproximou da mãe e falou com determinação, sem esconder sua raiva pela situação que SN enfrentava.
— Eu vou conversar com o advogado do meu pai e pedir para passar a guarda da SN para o nome da minha mãe. Não podemos esperar mais, não podemos deixar ela aqui com essa situação.
A mãe de Lucas olhou para ele com um sorriso orgulhoso e triste ao mesmo tempo. Ela sabia que o filho estava fazendo o que era certo, mas também sentia a dor de ter que tomar essas decisões tão drásticas.
— Eu vou começar com a papelada. Vou fazer tudo o que for preciso para garantir que a SN tenha um futuro melhor, Lucas. — Ela falou, sua voz cheia de determinação.
Enquanto isso, Saehee observava tudo de longe, com um sorriso debochado e uma expressão de desdém. Ela não entendia por que estava sendo tão questionada, e isso a irritava cada vez mais. Ela se aproximou de todos, tentando manter a aparência de confiança.
— Você realmente acha que pode mudar alguma coisa? — Saehee provocou, seu tom ácido. — Eu sou a única que sabe como a SN realmente é, e se acham que vão conseguir tirá-la daqui, estão completamente enganados!
Lucas, sem paciência para as provocações de Saehee, respondeu com firmeza, olhando-a diretamente nos olhos.
— Você não vai mais machucar a SN. Isso vai acabar. Eu vou garantir que ela tenha uma chance de viver em paz, e não vou deixar você fazer nada para impedi-la.
Saehee, furiosa, tentou dar um passo à frente, mas a presença de Lucas e de sua mãe era suficiente para ela recuar um pouco. Ela sabia que, naquele momento, sua autoridade sobre a irmã estava se desmoronando.
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Atualizado até capítulo 29
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