Capítulo 3

...┋ 𝐕𝐄𝐍𝐓𝐑𝐄 𝐈𝐍𝐔́𝐓𝐈𝐋┋...

...O dia rapidamente havia chegado e os raios do sol se filtraram pelas janelas, inundando o quarto com sua luz de qualidade. Lá estava Angelice, preparando o traje que Joseph usaria hoje. Revisou com precaução cada detalhe com cuidado, mantendo uma camisa branca impecável e perfeitamente passada, sua gravata alinhada junto ao conjunto e o paletó para complementá-lo. Do chuveiro, podiam-se ouvir as gotas de água correr. Joseph estava sob o chuveiro alheio aos movimentos de sua esposa; que ao terminar procedeu a colocar um belo vestido de seda branco, e prendeu seu cabelo em um coque baixo e elegante, deixando cair duas suaves mechas em sua testa, precisamente como ele gostava que se vestisse....

...Mas pouco depois, o som do celular quebrou a tranquilidade que havia no quarto. Angelice, virou-se para a pequena mesa de cabeceira onde repousava o celular de Joseph que tocava com insistência....

... —Amor!, Seu celular está tocando!—alçou a voz, com força para que ele tivesse a capacidade de escutá-la sob a água....

... —Querida! Poderia verificar quem é?! Por favor! — pediu, com um tom despreocupado....

...Assim que obteve a resposta, aproximou-se da mesinha de cabeceira que estava perto de sua cama e pegou o telefone, mas quando estava em suas mãos parou de tocar justo quando estava disposta a deixá-lo novamente sobre a mesa, a tela se acendeu deixando ver uma mensagem...

...“Pequeno Jos, cheguei à cidade, poderia vir me buscar no aeroporto? “♥"...

...Angelice se mostrou confusa e desconcertada, perguntando-se quem seria a pessoa que lhe enviava este tipo de mensagens a seu esposo e por que um coração? Tentou não pensar muito sobre isso; dizendo a si mesma que seguramente era um amigo próximo a ele. Para confirmar, tentou desbloquear o celular, mas a senha dava erro; sentiu um ligeiro desconforto perguntando-se se Joseph havia mudado a senha do celular ou se, com certeza, ela estava colocando-a mal. Mas como poderia ser se a senha de ambos era a data de seu casamento? Só ficou quieta observando a tela, onde só saía “número desconhecido”...

...Logo a água do chuveiro cessou, e em poucos segundos Joseph apareceu no quarto com uma toalha ao redor de sua cintura e; as gotas ainda escorrendo por sua pele enquanto ele secava seu cabelo com uma toalha. Quando notou a expressão no rosto de Angelice não pôde evitar franzir ligeiramente a testa, à medida que se aproximava dela....

...—Aconteceu algo? Por que você está com essa cara? — interrogou, mas ela não respondeu de imediato, simplesmente estendeu o telefone....

...—Não sei, mas deixaram uma mensagem para você —disse....

...Ainda confuso pela mudança repentina no rosto de sua esposa, Joseph pegou o telefone nas mãos e leu a mensagem, depois sem se apressar começou a digitar nele. Mas o que realmente desconcertou Angelice por completo não foi o fato de que respondeu, mas sim o sorriso que ao momento de fazê-lo apareceu em seu rosto, fazia muito tempo que não sorria assim nem sequer para ela....

...—Você parece muito feliz, quem é?—perguntou, curiosa para saber de quem se tratava. Joseph levantou o olhar para ela, e encolheu os ombros....

...—Mm... É um amigo, me pediu que nos víssemos hoje à noite —respondeu, mas o sorriso ainda permanecia em seu rosto sem desaparecer, sem se esvanecer nem sequer um minuto, logo procedeu a inclinar-se para ela depositando um pequeno beijo em sua testa....

...—Querida, vou me preparar —acrescentou, querendo encerrar o tema sem dar mais voltas à situação e se afastou....

...Enquanto ele se vestia no closet, Angelice deixou escapar um pequeno suspiro; não queria perguntar mais, mas não podia evitar sentir que algo não estava bem. Sem dar mais voltas, decidiu descer à cozinha encontrando margaret preparando o café da manhã com eficiência....

...—Nana, precisa da minha ajuda com algo mais? —perguntou Angelice, em um gesto amável...

...Mas margaret mostrando um sorriso se negou...

...—Não, minha menina. Isso é tudo, só tenho que levá-lo à mesa....

...—Pelo menos deixe-me ajudar com isso— sugeriu aproximando-se dela e pegando os pratos que restavam e ambas começaram a levar cada prato à mesa, faltava levar o café e Angelice foi buscá-lo, assim que regressou ouviu os passos firmes de Joseph descer das escadas com passos apressados enquanto ajustava sua gravata com movimentos desesperados....

...—Querido, que bom que já está aqui. Venha tomar café da manhã antes que tudo esfrie — o chamou, mas Joseph se negou....

...—Agora não tenho tempo, querida. Há muitas coisas para fazer na empresa —respondeu, com um tom despreocupado para logo aproximar-se dela; e deixar um rápido beijo em seus lábios antes de retirar-se....

...Angelice permaneceu de pé observando como ele ia, e ver como fechava a porta atrás dele sentindo uma sensação que não podia ignorar...

...—Bom, mais para mim...Suponho — exclamou, voltando seu olhar à mesa com um pouco de decepção....

...A tarde logo havia chegado, e Angelice se encontrava tomando ar fresco embaixo da sombra de uma árvore enquanto desfrutava de uma xícara de chá com tranquilidade encontrando nisso um pouco de paz em meio aos seus pensamentos, no entanto, logo se viu interrompida quando notou aparecer a familiar silhueta de sua sogra aproximar-se dela....

...A mulher caminhava até ela com passos seguros, e uma presença imponente, antes que pudesse articular alguma palavra; Angelice se pôs de pé com rapidez aproximando-se dela adaptando postura amável e respeitosa....

...—Senhora, Leora… —comentou, com um tom amável— O que a traz por aqui?....

...O olhar de leora, para ela era seco e indiferente. Olhava-a de cima abaixo como se estivesse avaliando-a, antes de responder....

...—Acaso preciso de uma razão para visitar a casa de meu filho? —perguntou com frieza....

...—Não é o que quis dizer. Não me interprete mal, só......

...Leora não lhe deu a oportunidade para terminar a frase, só seguiu direto tomando assento como se o lugar fosse seu. Angelice, ficou de pé por uns momentos pensando em que dizer; até que a voz de sua sogra se fez escutar arrancando-a de seus pensamentos....

...—Acaso pensa ficar aí como tonta? Não pensa em me servir o chá? —disse, em um tom seco e sem rodeios....

...Angelice imediatamente reagiu, e aproximou-se para servir-lhe o chá. Assim que o fez, Leora tomou a xícara com delicadeza e após dar um gole mostrou uma careta de desgosto, deixando a xícara novamente sobre a mesa....

...—Isto está demasiado doce —expressou com desgosto....

...—Assim é como costumo tomá-lo sempre —contestou Angelice....

...Leora alçou a mão indicando-lhe que parasse de falar —Suficiente. Não vim aqui para falar sobre chá, estou aqui para falar com você sobre um assunto importante —declarou, com um tom de voz que não deixava margem a distrações....

...—De que quer falar senhora, Leora ?— perguntou, com curiosidade tomando assento à frente....

...—Já sabe que para nossa família é muito importante continuar com a linhagem— começou a falar com severidade em sua voz —Joseph é meu único filho varão, e minha filha Inés ao menos já tem uma filha Não acha que já é momento de que você também tenha um?— lhe questionou com frieza— Quando planeja nos dar um herdeiro?...Lembre-se que uma galinha que não põe ovos não serve para nada....

...Esse último insulto lhe caiu como um balde de água fria golpeando-a com força; mas decidiu não mostrar seu descontentamento. Só optou por exalar com calma antes de responder....

...—Já realizei os exames necessários, e o doutor me disse que estou bem —começou a explicar— Mas, ainda não sei por que não pude engravidar. Se pudesse me ajudar a pedir a Joseph que talvez, fizesse um exame médico poderíamos......

...Mas uma vez mais Leora não lhe permitiu terminar de falar, ao contrário se pôs de pé e começou a questioná-la com severidade e reprovação....

...—O que? acaso insinua que meu filho tem problemas para conceber?...Escute-me muito bem os homens em minha família são muito saudáveis. Se não pode trazer um filho ao mundo, não atrase o caminho de meu filho e divorcie-se dele....

...As palavras foram um golpe definitivo, como uma sentença que pesava como uma área iminente. Angelice a mirou ir-se sentindo como seu coração batia com força, mas sem saber como reagir ou responder como responder ante aquela crueldade disfarçada de exigência...

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