Melissa não demorou a mostrar seu verdadeiro rosto. Por trás dos sorrisos educados diante de Renato, escondia um temperamento ardiloso e uma habilidade nata para manipular situações. Seu olhar, sempre calculista, parecia buscar fraquezas ao redor, e logo encontrou o alvo ideal: Isadora.
No primeiro mês de convivência, as provocações eram sutis. Trocas de roupas escondidas, joias que pegava e nunca devolvia, indiretas maldosas durante o café da manhã. Mas, com o tempo, as atitudes escalaram.
— Olha , pai... Isadora jogou meu celular no chão, — dizia Melissa com voz manhosa, segurando as lágrimas nos olhos, — e ainda me chamou de "intrusa"...
Renato, dividido entre o amor por Isadora e a vontade de manter a paz com a nova família, começava a se confundir.
— Isa, não esperava isso de você... A Melissa está tentando se adaptar. Não dificulte as coisas, por favor.
Isadora abria a boca para se defender, mas a dúvida já havia sido plantada. E Regina, sempre com ares conciliadores, alimentava sutilmente a vitimização da filha.
Melissa aproveitava a ausência de Renato para ameaçar:
— Se você contar alguma coisa, vou fazer parecer que foi você quem me atacou. E quem você acha que ele vai acreditar? Em mim. Sempre em mim.
Isadora, atônita, sentia-se cada vez mais sozinha. A cumplicidade que tinha com o pai se tornava distante. As conversas diminuíam, os sorrisos agora eram raros, e a casa onde antes ela se sentia segura, agora parecia um labirinto de armadilhas.
Na faculdade , Melissa se aproximava das amigas de Isadora e contava mentiras. Dizia que a menina era mimada, arrogante, que inventava histórias para chamar atenção. Em pouco tempo, Isadora se via isolada, sendo observada com desconfiança.
O golpe final veio quando Melissa caiu de propósito da escada da sala e gritou por socorro, acusando Isadora de tê-la empurrado. Mesmo negando com veemência, Isadora viu nos olhos do pai algo que nunca havia visto antes: decepção.
Regina se apressou em dizer:
— Isso foi longe demais. Ela precisa de um tempo. Talvez um ambiente mais calmo, longe da pressão da cidade... Sua ex mulher não era do interior ? Pelo que sei ela tem parentes que podem recebê-la bem.
O silêncio pairou no ar com a sugestão da madrasta, o sol começava a se pôr atrás das grandes janelas da sala de estar. As cortinas abertas deixavam entrar uma luz dourada e melancólica, como se o próprio dia lamentasse o que estava por vir.
Isadora cruzou os braços e franzil o cenho, ainda irritada com os acontecimentos, sentido os olhares silenciosos, os sussurros pela casa. Sentou-se no sofá sem cerimônia, cruzando as pernas, enquanto o pai permanecia de pé diante dela, os braços para trás e o rosto mais sério do que de costume.
— Querida a gente precisa conversar sobre isso— disse ele.
— Ótimo. Podemos começar pelo teatro da sua esposa — rebateu Isadora, ácida. — Ou pela forma como você vem se afastando de mim.
Ele respirou fundo, evitando a provocação. Sentou-se na poltrona em frente a ela e olhou em seus olhos, como se procurasse forças para o que diria.
— Tomei uma decisão. Você vai passar um tempo com sua tia Carmem, no interior.
Isadora deu uma risada incrédula.
— O quê?
— É isso mesmo. Vai amanhã de manhã. irei conversar com ela hoje e deixar tudo acertado.
Ela se levantou num pulo, o rosto tomado pela indignação.
— Você só pode estar brincando! Eu nem conheço essa tia carmen, além das histórias que me contava sobre a família da mamãe, só sei que ela mora no fim do mundo, plantações, vacas, galinhas... isso não tem nada a ver comigo!
— E talvez seja exatamente disso que você precisa, Isadora. Um tempo longe daqui. Um tempo longe dessa... bolha.
— Ah, entendi. Isso é coisa dessas duas ai , não é? Aposto que ela adorou essa ideia. Me tirar do caminho, como se eu fosse um estorvo!
— Não envolva a Regina e a Melissa nisso. Essa decisão é minha. E já está tomada.
Isadora se aproximou dele, os olhos marejados, mas a voz ainda firme.
— Você está me mandando embora, é isso?
— Estou te dando uma chance. De crescer. De reencontrar a Isadora que você perdeu pelo caminho.
Ela balançou a cabeça, desacreditada.
— Você prometeu que sempre estaria comigo. Que nunca me deixaria sozinha.
O pai se levantou, com o olhar pesado de quem também sofria, mas sabia que não podia voltar atrás.
— E continuo aqui. Mas não posso te proteger de tudo. Nem de você mesma. Não agora.
O silêncio se arrastou entre os dois. Pela primeira vez, Isadora sentiu que o mundo que conhecia realmente começava a desmoronar. E dessa vez, não haveria desculpas ou consertos rápidos.
Ela estava indo. Querendo ou não, e a única coisa que passava em sua cabeça era o quanto queria sua mãe ali, para apoiá-la e dizer que tudo ficaria bem .
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Andreia Cristina
o que a inveja não faz né elas chegou de mansinho e já transformou a cabeça e agora ele está virando as costas pra filha q um dia prometeu proteger de tudo e de todos 😢😔😔
2025-05-03
1
Maria Veronica Fernandes
que pai idiota se tem condições a casa no mínimo devia ter câmera e devia investigar a verdade ... que ódio dessas 🐍🐍
2025-05-01
3
Claudia
Isadora se tivesse colocado câmeras esculta agora poderia se livrar das acusações 🤔🤔♾🧿
2025-05-02
1