O Último Andar

Arthur correu pelos degraus da escada, sentindo seu corpo protestar contra o esforço. A adrenalina o impulsionava, mas ele sabia que não poderia manter aquele ritmo por muito tempo. Atrás dele, o som dos rastreadores se aproximava—passos rápidos, movimentos ágeis demais para serem considerados humanos.

Cada novo andar parecia mais escuro que o anterior. O cheiro de mofo e sangue impregnava as paredes do hospital, tornando cada respiração um desafio. Ao chegar ao terceiro andar, Arthur empurrou a porta com força, entrando em um corredor iluminado apenas por lâmpadas piscando.

O rádio chiou em seu bolso.

— Arthur, você conseguiu subir?

Ele puxou o aparelho e respondeu, ofegante:

— Sim, mas eles estão vindo atrás de mim.

Helena hesitou antes de responder.

— O terceiro andar tem um acesso ao terraço. Mas você precisa atravessar toda a ala de internação para chegar lá.

Arthur olhou ao redor. As portas de diversos quartos estavam abertas, algumas quebradas, outras cobertas de marcas de arranhões. Cama hospitalares reviradas, seringas espalhadas pelo chão, prontuários amarelados pelo tempo.

Não havia sinais de vida.

Mas havia morte por toda parte.

Ele deu alguns passos à frente, tentando ignorar o eco dos próprios movimentos. O corredor era longo e claustrofóbico, cada sombra parecia esconder algo. A única coisa que o mantinha em movimento era a certeza de que parar significava morrer.

Atrás dele, a porta da escada bateu com violência.

Arthur não precisou olhar para saber—os rastreadores tinham chegado.

Seu coração acelerou. Ele correu.

O som dos passos das criaturas se misturava ao seu, uma orquestra de caos e sobrevivência. Arthur desviou de uma maca tombada, empurrou uma cadeira para trás na esperança de atrasá-los.

Nada funcionava.

O rádio chiou novamente.

— Arthur! O terraço fica no fim do corredor!

Ele olhou à frente e viu uma porta metálica. Última chance. Última saída.

Mas antes que pudesse alcançá-la, algo o atingiu por trás.

O impacto foi brutal, jogando-o contra a parede. Arthur sentiu o gosto metálico do sangue na boca e tentou se levantar, mas uma mão fria agarrou seu braço.

O rastreador estava sobre ele.

Seus olhos predatórios refletiam a luz fraca do hospital. Sua mandíbula se contraiu como se saboreasse a antecipação do ataque.

Arthur ergueu o facão e golpeou.

O corte foi preciso, mas não letal. O rastreador cambaleou por um instante, dando a ele uma oportunidade.

Com um esforço final, Arthur se impulsionou para frente, chutou a criatura para longe e correu em direção à porta do terraço.

Ele a empurrou com toda a força.

A luz do pôr do sol o cegou por um segundo.

O vento fresco bateu contra seu rosto.

E então ele percebeu—não estava sozinho no terraço.

Alguém já o esperava ali.

Arthur respirou fundo, sentindo o ar fresco do terraço contrastar com o cheiro de morte que impregnava o hospital. Seu peito subia e descia em um ritmo irregular, a adrenalina queimando em suas veias.

Ele deu um passo para frente, os olhos ajustando-se à luz do pôr do sol.

Alguém estava lá.

Uma silhueta se destacava contra o horizonte avermelhado.

A figura virou lentamente, revelando um rosto marcado pela sobrevivência. Pele suja, roupas rasgadas, olhos alertas.

E apontando uma arma diretamente para ele.

Arthur ergueu as mãos instintivamente.

— Não quero briga. Só quero sair daqui. — Sua voz saiu áspera, carregada pelo cansaço.

O estranho não respondeu imediatamente. Seus dedos ajustaram-se ao gatilho, como se testassem sua paciência.

O som distante de rastreadores ecoou pelo corredor atrás de Arthur.

Eles estavam chegando.

O estranho franziu o cenho.

— Você os trouxe para cá?

Arthur não teve tempo para explicar. O primeiro impacto contra a porta do terraço veio como um aviso brutal—os rastreadores estavam tentando entrar.

Sem pensar, o desconhecido abaixou a arma e correu para uma grade na lateral do terraço.

— Se quiser viver, me siga.

Arthur olhou para a porta. Ela não aguentaria por muito tempo.

O estranho já estava descendo pela lateral do prédio, usando uma corda presa precariamente a um cano enferrujado.

Arthur sabia que ficar ali significava morrer.

Sem mais opções, correu até a borda, segurou a corda com força e se jogou na descida.

Atrás dele, a porta se despedaçou.

E os rastreadores finalmente alcançaram o terraço.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!