A Caçada Começa

Arthur não podia piscar.

O rastreador o encarava do outro lado da recepção, seus olhos refletindo a luz fraca do hospital. Seu corpo magro e esquelético parecia quase humano, mas algo nele estava errado—movimentos calculados, músculos tensionados como um predador à espera do momento perfeito para atacar.

O silêncio voltou, pesado, sufocante.

Arthur engoliu em seco e deu um passo para trás, mantendo o facão erguido. O rastreador inclinou a cabeça como se estudasse seu próximo movimento.

Então, sem aviso, ele se moveu.

Foi rápido.

Muito rápido.

Arthur saltou para trás no último segundo, sentindo a rajada de vento causada pelo ataque fracassado da criatura. O rastreador bateu contra um balcão de atendimento, derrubando papéis e vidros quebrados. Seus olhos voltaram a Arthur em uma fração de segundo.

Ele correu.

O hospital se tornou um labirinto de corredores escuros, e Arthur não tinha tempo para escolher a rota certa—apenas fugia. Atrás dele, o som dos passos do rastreador se aproximava. O eco no chão de azulejo tornava difícil determinar a distância real entre eles.

Virou à direita. Uma porta entreaberta. Empurrou o corpo contra ela e se trancou dentro da sala.

Respiração pesada.

Ele sabia que não estava seguro.

Do outro lado da porta, o som de passos parou.

O rastreador estava esperando.

Escutando.

Arthur se forçou a respirar pelo nariz, tentando controlar a adrenalina. Seus olhos buscaram o ambiente ao redor—gavetões médicos, instrumentos enferrujados, prateleiras tombadas.

Se ficasse parado, estaria morto.

A única saída era outra porta, do lado oposto.

Mas ele sabia que abrir qualquer coisa faria barulho.

O rádio chiou.

Arthur segurou o grito.

— Arthur... você está aí? — Helena sussurrou.

O rastreador reagiu.

Arthur ouviu o primeiro passo.

Depois o segundo.

A criatura estava avançando.

Ele não tinha mais tempo para hesitar.

Arthur girou a maçaneta da porta oposta e saiu da sala sem olhar para trás. O som da porta se abrindo ecoou pelo corredor.

O rastreador avançou.

Arthur correu o mais rápido que pôde, desviando de macas reviradas e cestos de lixo quebrados. Os corredores do hospital pareciam infinitos, todos escuros, todos sufocantes.

Cada novo canto era um perigo.

Cada segundo perdido podia custar sua vida.

O facão já não parecia suficiente contra algo tão rápido.

O rádio chiou de novo.

— Arthur, fala comigo!

Ele segurou o aparelho e respondeu entre a respiração acelerada:

— Rastreadores. São mais de um.

Silêncio.

Depois, Helena falou:

— Você precisa ir para o terceiro andar. A saída no térreo está cercada.

Arthur sentiu o peso da informação se afundar em seu estômago. Ele estava sendo encurralado.

Virou um corredor e viu uma placa indicando a escada. Sem pensar duas vezes, correu até lá.

Mas antes que pudesse subir, ouviu outro som.

Mais passos.

Não apenas um rastreador.

Vários.

Arthur se virou lentamente.

Olhos na escuridão.

Ele estava cercado.

Arthur segurou o facão com força, sentindo o suor frio escorrer pela pele. Seus olhos se fixaram nas silhuetas ao fundo do corredor, sombras inquietas que se moviam lentamente, analisando-o.

Os rastreadores não atacavam como os errantes. Eles observavam. Esperavam o momento certo.

Ele recuou um passo, então outro, mantendo-se perto da parede. Seu plano inicial de escapar pelo térreo estava destruído—Helena havia confirmado que a saída estava bloqueada. Agora, só restava subir.

Mas para isso, precisaria passar pelos rastreadores.

Seu rádio chiou.

— Arthur... você precisa se mover. Agora! — Helena sussurrou, a urgência na voz evidente.

Ele não respondeu. Em vez disso, fixou o olhar na escadaria à frente. Três rastreadores bloqueavam o caminho. Se quisesse sobreviver, precisaria agir rápido.

Sem hesitar, Arthur correu.

O primeiro rastreador avançou, os músculos se contraindo antes de pular em sua direção. Arthur girou o corpo no último instante, sentindo o vento do ataque passar a centímetros de seu rosto.

O segundo veio logo atrás.

Ele ergueu o facão e acertou um golpe lateral, sentindo a lâmina atravessar carne e ossos. O rastreador caiu, mas ainda se mexia—ferimentos não eram suficientes para pará-los.

O terceiro já estava em cima dele.

Arthur sentiu o impacto antes de ver o ataque. Foi arremessado contra a parede, o choque rasgando sua jaqueta e deixando sua visão turva por um instante. O rastreador o observava, os olhos predatórios fixos nele.

Ele precisava se mexer.

Antes que a criatura atacasse novamente, Arthur girou o facão com força, atingindo seu pescoço. O som foi seco, um corte profundo. O rastreador cambaleou para trás, os movimentos descoordenados por um breve momento.

Era sua chance.

Ignorando a dor, Arthur correu em direção à escada, pulando dois degraus por vez.

Atrás dele, os rastreadores se moviam.

Mas agora ele tinha um objetivo: o terceiro andar.

O hospital já não era um abrigo—era uma prisão.

E ele precisava encontrar uma saída antes que fosse tarde demais.

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