Capítulo 5 – E o Nome Dele Será…

A manhã mal começava a clarear por entre as frestas da cortina fina do quarto hospitalar. O silêncio era raro, quebrado apenas pelos pequenos sons do bebê — grunhidos suaves, respiração ansiosa, e o ocasional barulhinho úmido de sucção.

Areum estava sentada na cama, encostada em travesseiros gastos, com o filho aconchegado contra seu peito. Ele mamava com vontade, como se a fome fosse uma urgência antiga. Os olhinhos fechados, mas as sobrancelhas franzidas, como se estivesse concentrado. Às vezes soltava o bico do seio por um segundo e soltava um resmungo, remexendo as perninhas gorduchas no ar, antes de se agarrar de novo, determinado.

Areum observava tudo com um sorriso calmo, os dedos acariciando os cabelos finos e negros do bebê.

Taehwan, ao lado da cama, sentou-se no banquinho de plástico desconfortável, com uma folha de registro nas mãos.

— A gente precisa escolher o nome — disse, olhando para ela, depois para o bebê. — Não dá pra escrever “Pequeno Furacão” na certidão.

Areum riu baixinho. — Ia combinar. Ele já chegou sacudindo tudo mesmo…

— Mas sério… o que você quer? Algo bonito, forte… ou diferente?

Ela pensou por alguns segundos, observando o bebê que agora chutava uma perninha no ritmo da própria mamada.

— Eu queria algo que não fosse pesado… algo que fizesse ele ser lembrado, mas sem carregar o mundo nas costas. Ele já vai ter muita coisa pra enfrentar por nascer de dois adolescentes.

Taehwan assentiu devagar, apoiando o cotovelo no joelho e o queixo na mão.

— E se for algo que soe... sereno? Tipo nome de quem é forte, mas não precisa gritar pra mostrar isso?

— Você tem alguma ideia?

Ele ficou em silêncio por um momento, e então disse:

— Jiwon.

Areum repetiu baixinho.

— Jiwon…

— Significa “vontade forte”, “desejo profundo”. Achei bonito. Parece com ele… parece com a gente também. A gente sempre quis continuar, mesmo quando tudo dizia pra parar.

Ela sorriu, os olhos marejando.

— Jiwon… é perfeito.

O bebê soltou o peito de repente, com um barulho estalado, e soltou um gritinho indignado como se estivesse reclamando de ter acabado.

Taehwan se aproximou, rindo, e passou o dedo no queixinho sujo de leite.

— Ei, calma, Pequeno Jiwon. Tem muito mais de onde isso veio.

Areum aconchegou o bebê nos braços, e ele já começava a cochilar, com o rostinho relaxado, os cílios longos tocando a pele pálida e suave. Ela olhou para Taehwan com doçura.

— Obrigada por ter ficado. Por ter me acolhido.

— Você me salvou antes de tudo isso. Agora é só eu tentando retribuir, do meu jeito torto.

E então, no silêncio daquela manhã de primavera em Seul, com cheiro de leite e futuro no ar, os dois se olharam — não mais como dois jovens assustados, mas como pais. Uma família.

Jiwon.

O nome dele seria esse.

E ele cresceria para carregar o mundo — mas com o coração cheio de amor.

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Cena Extra – Um Alfa Chamado Quê?

— Você tem certeza que é aqui? — perguntou Taehwan, olhando para o letreiro gasto do prédio.

— É, amor. É o cartório. Tá escrito bem grande. “Cartório.” — Areum respondeu do outro lado da linha, rindo.

Taehwan bufou, o bebê Jiwon nos braços, enrolado num pano azul-claro que ele amarrou de qualquer jeito.

— Ok, vou entrar. Já volto com nosso guerreiro oficialmente no sistema do governo.

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O lugar cheirava a papel antigo e desinfetante barato. O ar-condicionado fazia mais barulho que vento. E a fila... ah, a fila.

Taehwan entrou na fila segurando o filho, um pacote de documentos meio amassados e uma bolsa que ele definitivamente não sabia usar.

Na frente, uma senhora olhou para ele e fez aquele típico comentário de vó coreana:

— Sozinho com o bebê? Que moderno. Sua esposa morreu?

— Quê?! Não! Ela tá viva, só que ficou em casa descansando! — respondeu, vermelho, olhando em volta.

— Ah, desculpa. É que hoje em dia esses jovens fazem tudo diferente…

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Depois de uma eternidade e meia, Taehwan chegou no balcão. A atendente mal ergueu os olhos.

— Nome da criança?

— Jiwon. J-I-W-O-N. Alfa. Forte. Vontade, sabe? Significado bonito.

— Ok… nome completo?

Taehwan travou.

— Eita… é… a gente não pensou nisso.

— Senhor?

— Tipo, a gente só pensou no "Jiwon". Não sei se vai o sobrenome dela ou o meu. Pode botar os dois?

— Preciso do nome completo da mãe.

— Kim Areum.

— E o seu nome completo?

— Jang Taehwan. Mas pode deixar só “Taehwan”, meu nome é meio complicado quando escreve todo.

A atendente ergueu as sobrancelhas.

— Isso é um cartório, senhor, não um grupo de WhatsApp.

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Alguns minutos depois, ela passou o formulário de volta para revisão.

Taehwan leu e franziu a testa.

— “Jangkim Jiwon”? Por que tá assim?

— Você pediu pra colocar os dois sobrenomes.

— Mas grudado? Parece nome de biscoito!

— Senhor, é assim que se faz na Coreia. O sobrenome da mãe e do pai juntos, dependendo da escolha. Pode inverter se quiser.

— Então bota “Kim Jang Jiwon”. Soa melhor. Meio dramático. Tipo nome de protagonista de dorama. — Ele olhou pro filho. — Você merece.

O bebê soltou um ruído, como se estivesse rindo ou tendo cólica. Era difícil saber.

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Depois de assinar onde mandaram, pagar uma taxa que ele não sabia que existia, e deixar cair metade dos papéis, Taehwan saiu do cartório suando e orgulhoso.

Parou na calçada, olhou para o céu nublado e ergueu o bebê como no Rei Leão.

— Senhoras e senhores, oficialmente: Kim Jang Jiwon! O bebê mais agitado da história dos registros civis!

O bebê arrotou em resposta.

Taehwan sorriu.

— É, moleque. A partir de agora, o mundo vai ter que aguentar a gente… legalmente.

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Atualizado até capítulo 32

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