...Lua...
O frio aqui morde os ossos, mas não é o que mais me incomoda.
É o silêncio.
O tipo de silêncio que vem depois de uma verdade que muda tudo.
Beatriz está sentada diante da lareira improvisada, envolta num manto pesado. O rosto dela está calmo, mas os olhos… os olhos não pararam de pensar desde que saímos do Nexus.
Kimishira vigia a entrada. Meu pai está mexendo em cabos, ajustando o que sobrou do nosso sistema de comunicação. A gente tá remendando tudo com o que tem.
E eu?
Tô aqui. Observando. Sentindo aquele buraco dentro do peito crescer toda vez que lembro do que vimos lá embaixo. Do que ouvimos.
Da voz da minha mestra.
Lua (pensamento): Ela ainda existe. De algum jeito. De alguma forma. E agora eu não tenho mais desculpa pra fingir que já segui em frente.
Me aproximo devagar de Beatriz e me sento ao lado dela. O calor da lareira não é nada perto do calor que ela me dá só de estar ali.
— Lua (suave): Tá tudo girando aí dentro, né?
— Beatriz (sem tirar os olhos do fogo): Ele sabia meu nome antes de eu dizer. Sabia o que eu era capaz de fazer. Como se tivesse me moldado de longe.
Ela vira o rosto pra mim, e aquele brilho dourado ainda pulsa sob a pele.
— Beatriz: Lua… e se o que eu sou for mesmo parte dele?
Eu toco o rosto dela com cuidado, como se o mundo lá fora não existisse.
— Lua: Então essa é a parte que a gente vai quebrar. Reescrever. Queimar e reconstruir do seu jeito. Porque não é o sangue que define quem você vai ser.
— Beatriz (baixinho): É quem caminha comigo?
— Lua: Sempre.
Ela se inclina. E por um instante, só existe o som da respiração dela. O mundo para. O tempo some. E quando os nossos lábios se tocam…
…é como voltar pra casa.
Mas ao fundo, um som corta o momento:
Um bip. Um sinal. Meu pai se levanta, rosto sério.
-Drácula: Lua… interceptamos uma transmissão. Codificação de alto escalão. Vem da sala de guerra de Renver.
Eu me levanto num segundo.
— Lua: E o que ela disse?
Drácula hesita. Depois, repete as palavras, olhando direto pra mim:
-Drácula: “Reúnam-se. O conselho será selado. E a herdeira deve ser trazida viva.”
A guerra não é mais sobre demônios, poder ou heranças.
Agora... é pessoal.
CENA: PREPARAÇÃO PARA INFILTRAÇÃO — INTERIOR DO REFÚGIO
O nome da minha mãe ainda ecoa na mente de todo mundo como se fosse um trovão preso entre as paredes.
“Renver.”
Rainha. Comandante.
E agora, possível traidora.
Meu pai, projeta o holograma do castelo de vidro sobre a mesa. Linhas vermelhas marcam rotas, caminhos secretos que só alguém como eu reconheceria.
-Drácula:Entrada principal tá fora de questão. Mas o sistema de drenagem antigo ainda conecta os túneis do arsenal aos porões da câmara do conselho. Se der certo, a gente chega sem alertar os guardas.
— Kimishira: E se não der?
Eu olho pra ele, seca.
— Lua: A gente improvisa. Como sempre.
Beatriz está do outro lado da sala, observando tudo em silêncio. Desde que ouviu “herdeira”, algo mudou nela. O corpo tá mais firme. Os olhos mais atentos. Como se cada parte do passado dela finalmente estivesse se alinhando num único propósito.
— Beatriz: Eles querem me usar. Como isca. Ou como chave. Mas eles esqueceram que agora eu tenho escolha.
Ela me olha. E eu sei — o medo ainda tá lá. Mas também tá o fogo.
— Lua: A gente entra, resgata as informações. E se Renver estiver mesmo envolvida nisso… eu a enfrento.
Meu pai levanta a sobrancelha.
-Drácula: Tá pronta pra isso?
Eu penso em Luara. No dia em que ela foi embora.No silêncio que ficou depois.
E na voz de Renver, dizendo que era “pelo bem do reino”.
— Lua (fria): Estive esperando esse momento a muito tempo.
CORTE RÁPIDO: PREPARATIVOS
— Kimishira afia a lâmina espectral. — Meu pai encaixa os selos explosivos nos cintos táticos. — Beatriz ajusta o bracelete que amplifica sua conexão com o Nexus.
E eu, no silêncio do armário escuro, visto a roupa que minha mãe mandou fazer para mim,a muito tempo atrás,foram feitas a partir do meu sentimento,caso eles mudei a roupa também muda.
Lua (pensamento): Agora ela vai ver no que me tornei. E vai se arrepender de não ter me escutado.
CENA: NOITE. EXT. CASTELO DE VIDRO — TÚNEIS SUBTERRÂNEOS
A equipe se move como sombras. Gotas de água escorrem pelas paredes. O som dos guardas acima é abafado pelo eco dos nossos passos controlados.
Meu pai ergue a mão. Um sinal.
-Drácula (sussurrando): Última escada. Depois disso… estamos dentro.
Beatriz respira fundo. Eu toco a mão dela com firmeza.
— Lua: Última chance de recuar.
— Beatriz (decidida): A gente vai até o fim. Juntas.
CENA: INTERIOR DO CASTELO — CORREDORES ESCUROS
Portas imensas. Estátuas de cristal.
E ao final do corredor… o salão do conselho.
A luz do centro da sala começa a pulsar. E lá está ela.
RENVER. Minha mãe. A rainha.
Sentada no trono de obsidiana, cercada por guardas, com o rosto inexpressivo. Mas os olhos…
Os olhos dela me reconhecem.
E pela primeira vez, não sou apenas a filha dela.
Sou a inimiga.
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Atualizado até capítulo 34
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