Não tem como eu perder para essa tampinha

Maria colocou as mãos na cintura.

— O que você ofereceu para aquela vadia trair minha mãe?

— Nada que você precise saber.

— Ela também é baixinha? Você a pegou no colo?

Aí percebi que parece que Maria está com ciúmes de mim, mas mal nos conhecemos, como pode ser isso? Mas não vou dar explicações desnecessárias para uma fedelha que mal saiu das fraldas.

— Olha! Não te devo explicações, você pediu roupas e eu trouxe, é o que você vai saber.

— Você é muito mal-educado e, já que é assim, não tem comida para você, volta lá para sua amiga e pede para ela cozinhar para você.

Passou por mim, pegou a mala e voltou para a cozinha, bateu a porta com tanta força que o jardineiro deve ter ouvido, e eu, que sou mal-educado.

“Maria”

Eu não sei explicar o que senti, mas não foi um sentimento bom, me deu vontade de bater nele ou na moça que olhou para ele, será que isso é ciúme? Não posso estar com ciúmes dele, não é nada meu e nem vai ser, mas também não vou pedir desculpas. Por que será que ele pega as moças no colo? Quando eu tiver mais intimidade com ele, vou perguntar.

“Giovanni”

Achei melhor deixar Maria se acalmar um pouco, subi para meu quarto, guardei minha mala e esperei até próximo da hora do jantar. Agora vou descer e provar a comida que minha noiva estava preparando.

Quando cheguei na sala, Maria está no jardim comendo com o jardineiro. Eu não estou acreditando no que estou vendo, ela está me enfrentando e está usando o jardineiro para isso, saí no jardim e fui à mesa.

— Boa noite, espero não estar atrapalhando.

— Claro que não, Maria resolveu comer aqui no jardim e pediu para que eu a acompanhasse.

— Fabio não precisa se explicar para Giovanni, ele não é nada meu, só está me dando abrigo por alguns dias.

— Posso me sentar com vocês?

— Acho melhor não, a comida que fiz era para dois e nós já comemos tudo, mas como você me disse que ia sair para comer com sua amiga baixinha, eu não fiz nada para você.

“Giovanni”

Ela está conseguindo me tirar do sério, mas não vou demonstrar nada na frente do Fábio.

— Então vou sair, você está bem acompanhada, não precisa de mim.

— Pode ir, Giovanni, eu cuido de sua hóspede.

Esse jardineiro está se fiando na proteção da minha mãe, só pode ser isso, senão não estaria fazendo graça desse jeito.

Entrei em casa para pegar a chave do veículo, mas olhei pela janela e minha noiva está sorrindo de alguma piada idiota que o jardineiro contou. Não vou deixá-lo sozinho com ela.

Fui à cozinha, preparei um lanche, peguei um copo de suco e fui lá sentar com eles. Eu também sei ser simpático quando quero.

Cheguei na mesa e eles estão tão perto que chegam a me dar calafrio. Pedi licença para me sentar no meio dos dois, afastando o jardineiro da minha noiva.

— Me dá licença, eu quero sentar aqui.

— Ali tem outra cadeira, Giovanni.

— Mas quero sentar aqui, esta é minha casa e eu quero sentar nessa cadeira.

Fábio, com um sorriso de escárnio, falou:

— Maria, acho que seu anfitrião está com ciúmes de você.

— Não sei por que, ele me disse que tem uma baixinha esperando ele na cidade.

— Eu não falei que ela está me esperando, só te disse que gosto de mulher baixinha.

— Viu Fábio! Ele gosta de mulher baixinha.

— E você é baixinha, Maria, e muito gostosa, com todo o respeito.

— Você está querendo morrer? Porque se está contínua nesse caminho, logo vai achar o que procura.

— Você está ameaçando meu amigo? Com que direito? Você nem me conhece.

— Maria, não precisa me defender, já é minha hora, eu vou me deitar e vê se não façam arte, crianças.

Falei para aquele folgado.

— Ha Ha, que engraçado, você vai ver a graça quando eu te mostrar meus punhos.

— Giovanni, você ia se dar muito bem com meu irmão, vocês são iguaizinhos, só pensam em bater nos outros.

— Você não me entende, eu te trouxe para cá e sou responsável por você, não posso deixar nada te acontecer.

— Eu te entendo, mas sou perfeitamente capaz de me defender.

— Você mostrou isso entrando em um veículo de um estranho, foi muito responsável.

— Foi só um erro que cometi, achei que você fosse um táxi, e você não me disse o que fazia ali no meu portão.

— Meu celular tocou e eu parei para atender, só isso.

— Achei esta história de celular muito estranha, naquela rua só tem a minha casa.

— Posso ter errado a rua, deixa isso para lá, vamos voltar ao assunto, você disse que sabe lutar?

— É uma das coisas que se tem que aprender para ser da minha família.

— Então, vamos ver como você luta.

— Agora?

— Agora, por quê? Você precisa se preparar?

— Não é isso, é que nunca lutei fora da sala de treino.

— Aqui tem uma sala de treino, veja se na sua mala tem alguma roupa que te deixe confortável.

Acho que vou me meter em problemas, mas vou lutar com ela. Quando Maria aparece de legging e uma camiseta regata, eu quase perdi o chão. Calma, Giovanni, é só uma roupa justa, dá para ver cada curva do corpo dela, mas é só uma roupa. Balancei a cabeça e me controlei.

— Vem comigo Maria, é por aqui.

Fui à frente porque, se ela for à minha frente rebolando aquele quadril, eu já vou ter perdido a luta antes de começar.

Chegamos à sala, vejo Maria encantada com os aparelhos, me preparei e fui até o tatame.

— Você tem uma academia inteira aqui.

— Você pode usar quando quiser.

— Claro que vou usar, quero te fazer uma proposta.

— Que proposta?

— Cada vez que eu conseguir te acertar, você responde uma pergunta minha.

— E quando eu te acertar?

— Respondo à sua pergunta.

— Aceito.

Tenho 1,90, sou musculoso e muito bem treinado, não tem como essa tampinha conseguir me vencer, só vou tomar cuidado para não machucá-la.