Bianca não conseguiu dormir direito naquela noite. A cena no corredor, o toque na cintura, o sussurro... tudo aquilo se repetia na cabeça dela como um filme proibido.
No dia seguinte, tentou agir normal. Mas já nos primeiros minutos da aula, percebeu que não estava conseguindo focar em nada. A voz de Cassian se tornava ruído, as palavras no quadro se embaralhavam, e os olhos dela voltavam a cair no contorno dos ombros largos dele, na boca bem desenhada, na mão firme segurando o giz.
Estava absorta demais nos próprios pensamentos — especialmente nos que incluíam ele.
— Bianca— ele chamou, interrompendo a aula.
Ela levantou os olhos num susto.
— Hã?
— Pode repetir o que eu acabei de explicar?
Um silêncio constrangedor caiu na sala. Ela mordeu o lábio, apertou a caneta, mas nada vinha à mente. Ele ergueu uma sobrancelha.
— A gente conversa no fim da aula — disse, seco, e voltou a escrever no quadro.
O coração dela caiu no estômago.
Assim que o sinal tocou, ela tentou sair rápido. Mas ele foi mais rápido.
— Bianca — chamou novamente, já na porta.
Ela parou.
— Pode me acompanhar, por favor?
O tom era firme. Mas havia algo por trás. Um convite disfarçado de ordem.
Sem responder, ela apenas seguiu. Ele a conduziu por corredores vazios, até saírem pela lateral da universidade. Ela olhou em volta, confusa.
— Onde estamos indo?
— Você vai ter uma aula particular. Precisa de foco. E eu sei exatamente onde podemos conseguir isso.
Ela arqueou as sobrancelhas.
— Você vai me dar aula... fora da universidade?
Ele abriu o carro. Um modelo escuro, luxuoso demais pra um simples professor.
— Entra.
O estômago dela virou. Era errado. Mas o jeito como ele a olhava... como se a estivesse desafiando a dizer não...
Ela entrou.
O caminho até o apartamento dele foi silencioso, cheio de tensão. Ele parecia relaxado demais. Já ela, mal conseguia respirar.
Chegaram. O lugar era limpo, elegante, com livros por todo canto e um cheiro amadeirado que a fez estremecer.
— Senta — ele disse, apontando pra uma poltrona.
Ela obedeceu, o coração batendo tão forte que sentia nos ouvidos.
Ele pegou um livro.
— Vai me ouvir com atenção agora?
Ela assentiu, sem voz.
Cassian se aproximou. Sentou no braço da poltrona, tão perto que ela podia sentir o calor do corpo dele.
— Porque se continuar distraída assim... a próxima aula não vai ser sobre literatura.
Os olhos dele desceram até os lábios dela.
E naquele instante, ela soube:
Estava sozinha com o perigo.
E cada segundo ali... a fazia desejar não ser salva.
Cassian explicava o conteúdo com calma, apontando trechos do livro, mas Biamca mal ouvia. Estava distraída demais, admirando a forma como ele falava, como os lábios se moviam, como a voz grave parecia atravessá-la por dentro.
A cada minuto, a tensão entre os dois aumentava, mesmo que nenhuma palavra direta tivesse sido dita.
Ele percebeu o olhar dela.
— Tá difícil se concentrar? — ele perguntou com um sorriso de canto, se aproximando um pouco mais.
Ela desviou o olhar, corando.
— Só tô cansada...
Cassian inclinou o corpo devagar, apoiando uma das mãos na mesa, ficando mais próximo dela.
— Cansada ou distraída? — a voz dele veio baixa, quase num sussurro.
Ela sentiu o ar sumir por um segundo. O calor subindo pelo pescoço. Os olhos nos dele, intensos demais. Ele foi se aproximando mais... o rosto a poucos centímetros do dela...
TOC TOC TOC.
Uma batida firme interrompeu tudo.
Cassian respirou fundo, fechando os olhos com irritação. Ele se afastou e andou até a porta. Olhou para ela por cima do ombro.
— Espera aqui. Eu já volto.
E saiu, fechando a porta atrás de si.
O som do trinco ainda ecoava quando ela se levantou de repente. O coração batendo forte, como um tambor no peito. Ela pegou a mochila, olhou ao redor e foi direto até a porta.
Girou a maçaneta.
Estava destrancada.
Ela abriu devagar, espiando o corredor. O som das vozes vinha de outro cômodo. O caminho estava livre.
Ela deu alguns passos, quase correndo, até sentir a presença dele atrás.
— Bianca.
Ela parou. O corpo travou.
— Aonde você pensa que vai?
Cassian estava parado no corredor, com o maxilar tenso e os olhos cravados nela. Lentamente, ele foi se aproximando.
— Eu pedi pra você esperar. Você não entende o que tem lá fora.
Ela recuou um passo, mas ele já estava perto demais.
— Você tentou fugir... — ele murmurou, agora mais próximo, segurando o pulso dela.
Ela puxou, mas ele a segurou firme, encostando-a na parede.
— Me solta.
— Não. Não depois disso.
E com o corpo colado ao dela, o cheiro dele, a respiração quente, ela soube que não tinha mais pra onde correr.
Cassian a prensou contra a parede com o corpo, os olhos escuros fixos nos dela, carregados de algo que misturava raiva, desejo... e algo mais que ela ainda não sabia nomear.
— Me diz pra parar, Bianca.
Ela abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. Só o som da respiração pesada escapando de seus lábios.
Ele se aproximou e, dessa vez, não hesitou. Os lábios tocaram os dela, primeiro num beijo lento, provocante. Depois, mais intenso, urgente. As mãos dele desceram pela cintura dela, agarrando-a com firmeza, como se tivesse esperado tempo demais por aquilo.
Bianca retribuiu por um instante — o suficiente para sentir o gosto dele, a língua invadir sua boca, o corpo colado ao dela fazendo a pele ferver.
Mas então...
Como um lampejo de razão, a realidade a atingiu.
Ela o empurrou com as duas mãos no peito, afastando-o com um pouco de força.
Cassian a encarou, surpreso, ofegante.
— Isso não devia ter acontecido — ela disse, com a voz baixa, quase culpada. — Eu preciso ir.
Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela se virou e saiu pela porta do apartamento. Não olhou pra trás. Não queria ver o que havia nos olhos dele agora.
Ela só sabia de uma coisa: precisava de distância.
Pelo menos por enquanto.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Elysia
Não consigo parar de pensar na próxima parte! 😅
2025-04-21
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