Parte 4 de 4
Sexta-feira. 23h38.
A casa estava escura.
Silenciosa.
Os pais de Lara estavam dormindo — tinham voltado exaustos da viagem. A empregada já tinha ido embora há horas. E ela, deitada na cama, rolava de um lado pro outro sem conseguir dormir.
Camisola curta. Corpo inquieto. Pensamentos pesados.
Tudo nele vinha na mente.
A forma como ele falava com ela.
O olhar.
A boca dele chegando perto.
A respiração quente.
O quase-beijo.
Aquilo tava corroendo por dentro.
Ela pegou o celular. Queria escrever. Queria explodir. Mas as mãos tremiam. O coração martelava.
E foi aí que...
Toque. Toque.
Dois toques suaves na porta.
Ela congelou.
Se sentou, devagar.
A porta abriu devagarzinho... e ele entrou.
Descalço. Calça preta. Camiseta colada. Sombra nos olhos.
— Que porra cê tá fazendo aqui? — ela sussurrou.
— Eu não aguentei.
— Vai embora, Miguel.
— Me beija, Lara.
Ela ficou em silêncio. O ar ficou mais denso que fumaça.
Ele se aproximou. Devagar. Como uma chama que consome.
— Se você não quiser... — ele falou, se inclinando — ...me empurra.
Ela ficou imóvel.
— Diz que não quer. Só diz. E eu paro.
Ela ainda ficou em silêncio.
As mãos dele tocaram a cintura dela. A pele dela arrepiou.
— Eu sou seu primo... — ela murmurou.
— E eu sou o cara que você quer beijar desde o primeiro olhar.
Ela não respondeu.
Porque era verdade.
Os olhos dela buscaram os dele. A boca estava entreaberta. Os dois respiravam pesado. O peito subia e descia rápido.
Ele encostou a testa na dela.
— Uma vez. Só uma.
E então ele a beijou.
E ela deixou.
E devolveu.
Com fome.
Com raiva.
Com desejo.
Com tudo que segurou até ali.
Foi um beijo quente, urgente, proibido — a mistura perfeita de tudo que os destruía por dentro. As mãos dele subiram pelas costas dela, agarrando. Ela se encaixou no colo dele, sentando sobre ele, enquanto a boca dele descia pelo pescoço, os dedos apertavam a coxa, e a camisola subia.
— Isso é errado... — ela sussurrou, com a respiração descompassada.
— E gostoso pra caralho. — ele respondeu, mordendo o lábio inferior dela.
Os corpos se encaixavam como peças feitas sob medida. Os sussurros viravam gemidos contidos. Ela arranhava as costas dele, ele puxava os cabelos dela, e tudo em volta sumia. Só restava aquele momento — quente, tenso, imoral.
Ela deitou de costas, o corpo todo exposto sob ele.
E os olhos dele cravados nos dela.
— Quer parar? — ele perguntou, sério.
Ela mordeu o lábio, a boca inchada, o corpo tremendo.
— Não. Mas você vai se arrepender.
— Eu só vou me arrepender se você me disser que não vale a pena.
— Eu nunca disse isso.
Ele sorriu.
— Então vem cá, priminha...
E naquela noite, os dois atravessaram a linha.
Entre o certo e o errado.
Entre o desejo e o vício.
Entre o proibido e o incontrolável.
E ali, entre beijos desesperados e roupas pelo chão, nasceu o início de algo que ninguém podia saber. Que ninguém podia entender.
Algo que poderia destruir os dois.
Ou fazer com que queimassem até o fim.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 32
Comments