Parte 2 de 4
Segunda-feira. 07h20.
Lara saiu do quarto com o celular na mão e fones no ouvido, pronta pra ir ao colégio. O uniforme, claro, era personalizado — saia levemente mais curta, camisa justa e aberta um botão a mais do que o recomendado. Porque, sim, ela podia. E fazia.
Quando desceu, deu de cara com Miguel no corredor.
Ele estava de toalha.
Só de toalha.
— Aí não, né?! — Ela parou, chocada. — Isso aqui não é um motel, porra!
— Bom dia pra você também. — Ele disse, secando os cabelos com outra toalha.
— Meu Deus... — Ela desviou o olhar, tentando ignorar o abdômen molhado e definido. — Tem gente civilizada nessa casa. E eu sou uma delas.
— Jura? Porque esse olhar que você acabou de dar não foi nada civilizado, priminha.
Ela o encarou de volta, firme.
— Você se acha demais. Vai acabar quebrando a cara.
— Não posso quebrar o que você já tá querendo pegar.
— Babaca. — Ela passou por ele, esbarrando de propósito no ombro molhado.
— Gostosa. — ele murmurou, só pra ela ouvir.
Ela parou, respirou fundo e seguiu. Não ia dar trela.
Pelo menos, era o que ela dizia pra si mesma.
[...]
À noite. 19h55.
A mãe de Lara tinha saído com o pai para um jantar de negócios. A empregada já tinha ido embora. A casa estava silenciosa.
Perigo.
Lara estava na sala, zapeando os canais, jogada no sofá com um balde de pipoca e as pernas esticadas. De moletom, top e sem sutiã. Achava que teria paz.
Mas então Miguel surgiu.
De camiseta preta colada, calça jeans rasgada, e aquele perfume maldito.
— Que que é isso? Netflix e solidão? — ele se jogou no sofá ao lado dela.
— Vai embora.
— Tá me expulsando do sofá?
— Tô.
— E se eu disser que o sofá é público?
— E se eu disser que minha paciência é limitada?
Ele esticou os braços sobre o encosto, ficando mais perto dela.
— Cuidado, Lara. Quando você fica brava, dá até tesão.
Ela girou a cabeça devagar.
— Eu sou menor de idade, seu idiota. Isso é crime.
— Eu não fiz nada... ainda.
Ela segurou a pipoca com força.
— Você tá pedindo pra tomar um tapa.
— Depende... onde?
Ela jogou um punhado de pipoca nele, rindo com raiva.
— Você é um lixo!
— Um lixo que você não para de olhar. — Ele pegou uma pipoca do colo dela, bem perto da barriga, e comeu com cara de deboche.
Ela prendeu a respiração.
Era só provocação.
Mas... o clima tava errado. Ou certo demais.
Ela se levantou de repente.
— Tô indo pro meu quarto.
— Vai fugir de mim agora?
— Tô indo evitar cometer um homicídio.
— Pode matar de outra forma...
Ela se virou, o sangue fervendo.
— Você é nojento.
— Mas você tá molhada. — ele disse baixo, com o tom de quem sabe exatamente o que está fazendo.
Ela parou na escada. Apertou o corrimão. Quase voltou. Quase... respondeu algo mais baixo, mais errado, mais quente.
Mas subiu.
E bateu a porta.
No quarto, jogou o corpo na cama.
— Filho da puta.
E ficou ali.
Com o coração martelando.
[...]
Terça-feira.
As provocações continuaram. No café da manhã, ele esperou ela sair do banheiro pra esbarrar. No almoço, ela viu ele sair da piscina de bermuda colada e corpo escorrendo água. À noite, ouviu ele no quarto ao lado — ouvindo música alta, rindo ao telefone.
Ela estava ficando maluca.
Era como se ele soubesse exatamente como desestabilizá-la.
E ela estava deixando.
E odiava isso.
[...]
Quarta-feira. 01h47.
Lara acordou com sede. Saiu do quarto devagar, de camisola fina e sem muito pensar.
Na cozinha, pegou água e voltou.
Mas, ao passar pelo quarto de hóspedes, ouviu vozes. A porta estava entreaberta.
— ...não, mãe. Tô bem aqui... não, ela é uma peste. Mas linda... perigosa.
Ela parou. Parou mesmo.
Encostou no corredor, espiando.
— Não, eu sei que é errado. Mas ela provoca. Você tinha que ver... ela adora o jogo. E eu também. Mas relaxa, eu não sou louco... ainda.
Lara recuou.
O coração disparado.
Voltou pro quarto, sem conseguir respirar direito.
Ele estava falando dela.
Ele tava sentindo também.
E isso...
Isso mudava tudo.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Bea Rdz
Incrível! 😲
2025-04-11
1