Parte 1 de 4
Sábado. 08h12 da manhã.
O sol batia em cheio pelas cortinas semiabertas do quarto. Lara acordou com a boca seca, o cabelo bagunçado, e o corpo coberto só pela camisola erguida até as coxas. Ainda sentia o gosto do beijo dele. Ainda sentia o toque quente dos dedos que tinham explorado o que não deviam.
A lembrança era tão viva que fazia o coração bater acelerado só de abrir os olhos.
Ela virou o rosto devagar e viu o travesseiro bagunçado ao lado.
Miguel tinha ido embora antes de amanhecer.
Mas não deixou o corpo dela em paz. Nem a mente.
“Que merda a gente fez...”, ela pensou, mordendo o lábio, sentindo um arrepio subir pela espinha.
Pegou o celular.
Duas mensagens dele.
[Miguel – 03:27]: “Eu não consegui dormir.”
[Miguel – 06:11]: “A gente precisa conversar. Mas longe dos seus pais.”
Lara respirou fundo.
Ela levantou, foi até o banheiro, olhou-se no espelho.
Pescoço marcado.
Olhos fundos.
Expressão de quem carregava um pecado do tamanho do mundo.
Vestiu uma calça legging, um moletom grande, e desceu.
A casa já estava acordada.
O som da televisão na sala, cheiro de café vindo da cozinha, e a mãe dela reclamando de alguma coisa com a funcionária.
E ele… sentado no sofá. Tranquilo. Perigoso.
Camisa preta, calça jeans rasgada no joelho, cabelo bagunçado de propósito. Estava com o celular na mão, mas os olhos estavam nela.
Fixos.
Como se a noite anterior tivesse sido só o começo.
Lara travou. Engoliu seco.
Ele deu um sorriso de canto. Filho da puta.
— Dormiu bem, priminha? — ele soltou, baixo, quase inaudível.
Ela virou o rosto. Sentou-se à mesa. Pegou uma torrada só pra ocupar as mãos.
A mãe se aproximou:
— Filha, a gente vai sair pra almoçar na casa da sua tia. Você vem?
— Não tô a fim — respondeu, seca.
— Você tá bem?
— Tô, mãe. Só cansada.
A mãe assentiu e saiu da cozinha, já avisando ao marido. Quando o silêncio reinou novamente, Miguel se levantou.
Devagar. Como quem vai atacar.
Chegou por trás da cadeira dela, abaixou e sussurrou no ouvido:
— A gente precisa continuar aquela conversa… — a voz baixa, rouca.
— Não tem conversa, Miguel. A gente passou do limite.
— E você se arrependeu?
Silêncio.
— Eu te perguntei, Lara. Você se arrependeu?
Ela virou o rosto, devagar. Os olhos dela nos dele, perigosos, intensos.
— Não me arrependo de te beijar. Me arrependo de te querer.
Ele sorriu.
— Tarde demais pra isso.
Ela levantou. Foi até a pia. Mas ele seguiu atrás.
— Eles saem que horas? — ele perguntou, encostando-se à parede.
— Em uns dez minutos…
— Ótimo. — Ele a olhou de cima a baixo. — Sobe pro quarto. Espera lá.
— Você tá maluco?
— Maluco por você. Vai.
Ela hesitou.
— E se eles voltarem?
— A gente é rápido. Como ontem.
Ela ficou em silêncio.
Mas subiu.
Entrou no quarto. Sentou na cama. O coração parecia um tambor africano. As mãos suavam.
E então ouviu a porta da frente bater. A voz da mãe se despedindo. O carro dando partida.
Um minuto. Dois. Três.
Toque. Toque.
Ele nem esperou resposta.
Abriu a porta. Fechou atrás de si. Trancou.
— Você vai acabar me fodendo. — ela sussurrou.
Ele sorriu.
— Essa é a ideia.
E avançou.
O beijo foi como uma explosão. Urgente, descontrolado, com gosto de madrugada e medo.
As mãos dele agarraram a cintura dela, empurrando-a contra a parede. As dela puxaram o cabelo dele, puxaram a blusa, as unhas desceram pelas costas.
— Isso é insano, Miguel... — ela gemia entre os beijos.
— E você tá completamente dentro da insanidade comigo.
— Se alguém descobrir…
— Ninguém vai.
— E se você se cansar de mim?
— Impossível.
Ele jogou ela na cama. Subiu por cima. As roupas voaram em segundos. Os corpos se encaixaram com mais sede que antes. Os olhos cravados um no outro.
— Me fala se quiser parar — ele disse, arfando.
— Cala a boca e me beija.
E ele obedeceu.
O resto foi só calor, pele, gemidos abafados, e aquele gosto proibido que vicia mais que droga.
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Atualizado até capítulo 32
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