Tempos Reais!

— MAS O FILHO É MEEEU TAMBÉM! EU TRABALHEI DURO PRA FAZER ELE! — a voz de César ecoou pelo corredor como um trovão, violenta e crua, atravessando portas, paredes e qualquer resquício de privacidade.

Naquela empresa, naquele prédio onde todos o respeitavam como chefe, agora o viam apenas como um homem à beira do limite. O silêncio que se seguiu foi pesado, cortante. Funcionários se entreolhavam em suas mesas, fingindo não ouvir, mas a tensão já havia tomado conta do ambiente.

Dominique cruzou os braços, o rosto impassível, mas os olhos ardiam em frustração contida.

— Eu não tô dizendo que você não esteve presente, César. Sei o quanto você faz por ele... e por nós. Mas isso não é mais sobre quem paga o quê. É sobre mim. Eu preciso respirar. Preciso sair daqui.

César encarou o chão por um segundo, os ombros rígidos. O grito anterior ainda pairava no ar como uma sombra. Quando voltou a encará-lo, sua voz já não era um trovão, mas um fogo lento, que consumia lentamente a quem lhe fosse direcionado.

— Então você quer ir embora... e me deixar aqui, como se tudo isso não fosse nosso? Como se o que construímos não significasse mais nada?

— Não é isso — Dominique respondeu, a voz embargada, mas firme. — Mas eu tô preso, César. Esse lugar, essa rotina, esse... silêncio entre nós. Você finge que tá tudo bem, mas olha pra gente. Olha de verdade. A gente não é mais os mesmos.

César respirou fundo, os olhos marejando por um segundo — mas ele piscou, engoliu tudo e sustentou o olhar.

— E você acha que fugir vai resolver? Que mudar de cidade vai apagar o que a gente virou?

Dominique hesitou. Não porque não soubesse a resposta — mas porque doía dizê-la em voz alta.

— Eu acho que talvez... mudar seja a única chance de salvar o que sobrou de mim.

O silêncio que se instalou dessa vez foi diferente. Não era cheio de raiva, mas de medo. Medo do que viria a seguir.

Depois da conversa tensa, não havia mais nada a ser discutido. Dominique foi embora... A porta se fechou com um baque seco. Não houve mais gritos. Não houve despedida. Apenas o som da maçaneta voltando ao lugar e o eco abafado dos passos de Dominique se afastando pelo corredor.

César permaneceu ali por alguns segundos, imóvel. O corredor agora vazio parecia mais frio do que antes. Lentamente, ele voltou para seu escritório, onde a luz do monitor ainda piscava sobre a mesa, como se o trabalho que havia sido deixado de lado ainda importasse.

Mas não importava. Não agora.

Ele afundou-se na cadeira, os cotovelos apoiados na mesa, as mãos cobrindo o rosto por alguns segundos. Respirou fundo. O tipo de respiração pesada de quem segura tudo para não desabar.

A sala, silenciosa, parecia grande demais de repente. Grande e vazia. O mesmo espaço onde tantas vezes Dominique havia entrado sorrindo, às vezes com o filho no colo, às vezes só para roubar um beijo ou distraí-lo do trabalho. Agora, o ar parecia estagnado, pesado.

César se levantou e caminhou até a janela. Do alto daquele prédio, via a cidade pulsando lá embaixo — carros, luzes, vida acontecendo. E ainda assim, tudo parecia distante. Irreal.

Ele apoiou a testa no vidro frio e fechou os olhos. Não era só o medo de perder Dominique. Era a sensação de estar perdendo o que havia sobrado dele mesmo também.

Tudo aquilo que eles haviam construído — os planos, a rotina, os sorrisos fáceis do passado — agora pareciam mais uma lembrança boa demais para durar. E ele odiava essa sensação. De impotência. De não saber se ainda havia volta.

Mas acima de tudo... ele odiava o silêncio. Porque o silêncio, naquela noite, gritava.

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crismochi

crismochi

mó depre

2025-04-09

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Capítulos
1 A Criação!
2 Tempos Reais!
3 Mudanças!
4 Novo!
5 Saudades!
6 Sociável!
7 Espresso!
8 Pensamentos!
9 Diversão!
10 Escritório...
11 Ciúmes!
12 Emprego!
13 Apoio!
14 Procurando!
15 Sobre nós!
16 Distrações!
17 Drinks!
18 Inesperado!
19 Enviar ou Não?
20 Medo!
21 Dia do Bebê!
22 Ainda assim...
23 Quero te amar!
24 Precisamos Conversar!
25 Melhor Assim...
26 Conectados!
27 Viagem!
28 Alguns Dias Depois...
29 Não acho que vá dar bom...
30 Confusões!
31 Mensagem...
32 Ainda...
33 Uma Nova Mudança?
34 Fantasma!
35 Não posso perder...
36 Esperança de um novo recomeço
37 Convite inesperado...
38 Eu escolho...
39 Jantar a Três!
40 Você precisa de uma folga!
41 Talvez eu deva me permitir...
42 Empate!
43 Falta...
44 Carta!
45 Calmaria...
46 Primeira palavra...
47 Beijo...
48 Algo quebrado...
49 Família Perfeita
50 Guarda
51 Então é isso...
52 Paz!
53 Novo amor?
54 Ciúmes?
55 Será?
56 Talvez eu não tenha superado...
57 Ações Certas
58 Lembranças
59 Talvez...
60 ...Devamos esquecer o passado.
61 Inseguranças
62 Resignificando a felicidade!
63 Meu filho...
64 Passeio de Família
65 Pelúcia Nova!
66 Uma Canção Calma
67 Lisboa
68 Então é isso...
69 Melhorar nem sempre é fácil...
70 Preciso dizer adeus!
71 Recomeço? Talvez...
72 Sem você é apenas vazio...
73 Primeiros dias aqui
74 O que poderia doer mais que a saudade?
75 15 Dias!
76 Sem acordo!
77 Medidas Drásticas!
78 Voltar atrás?
79 Pelo meu filho!
80 Visita Mais que Desejada!
81 Promessas
82 César
83 Ninguém Ama Como Eu Amei!
84 Qual Decisão Eu Deveria Tomar?
85 Despedida, Adeus ou Até logo?
Capítulos

Atualizado até capítulo 85

1
A Criação!
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Tempos Reais!
3
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5
Saudades!
6
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Ciúmes!
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Uma Nova Mudança?
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Não posso perder...
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Esperança de um novo recomeço
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Convite inesperado...
38
Eu escolho...
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Jantar a Três!
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Você precisa de uma folga!
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Talvez eu deva me permitir...
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Empate!
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Calmaria...
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Primeira palavra...
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Então é isso...
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Preciso dizer adeus!
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Recomeço? Talvez...
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Sem você é apenas vazio...
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Primeiros dias aqui
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O que poderia doer mais que a saudade?
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15 Dias!
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Sem acordo!
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Medidas Drásticas!
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Voltar atrás?
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Pelo meu filho!
80
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