A tarde em Seul estava nublada quando o telefone de Kim Nam-joon tocou. O número era conhecido — Detetive Kang.
Namjoon atendeu na hora, a voz séria como sempre.
— “Detetive?”
Do outro lado da linha, a resposta foi direta:
— “Reúna seus irmãos. Preciso de todos vocês aqui no meu escritório agora. Não posso falar por telefone. Mas... é sobre a SN.”
Namjoon gelou por dentro.
— “Estamos indo.”
Minutos depois, os sete irmãos estavam no carro, o clima denso. Ninguém falava nada, mas todos sabiam que algo importante estava por vir.
Ao entrarem no escritório do Detetive Kang, viram sobre a mesa uma pasta grossa, aberta, com várias fotos, arquivos e papéis.
O detetive os cumprimentou com um aceno e apontou pra cadeira.
— “Sentem. O que eu vou mostrar agora muda tudo.”
Ele puxou duas fotos. A primeira... uma imagem antiga. Uma bebê nos braços de um homem ensanguentado — os olhos assustados, mas vivos.
A segunda... uma jovem de expressão firme, cabelos escuros e olhar marcante. Ela aparentava ter uns 16 anos.
— “Essa é a SN. Ontem consegui acesso a um banco de dados russo com imagens de segurança de passaportes falsos... e ela apareceu. Viveu escondida por anos, sob outro nome.”
Os irmãos congelaram.
Jungkook foi o primeiro a pegar a foto da SN mais velha, os olhos arregalados.
— “É ela... Hyung, é ela...”
Jimin levou a mão à boca, segurando as lágrimas.
— “Ela tá viva…”
Yoongi olhou fixamente para o detetive.
— “Você tem certeza disso?”
O detetive assentiu.
— “Absoluta. Ela tem 16 anos agora. Foi registrada como filha adotiva de um casal russo, mas há conexões com um homem que esteve envolvido no ataque ao clã de vocês. Acredito que ele a salvou… e a escondeu.”
Taehyung passou a mão no rosto, tentando processar.
— “Então... ela ficou todos esses anos lá fora... sozinha... achando que a gente morreu?”
Namjoon fechou os olhos por um momento, sentindo a dor subir no peito.
— “Onde ela tá agora?”
O detetive olhou para eles com firmeza.
— “Ela está aqui. Em Seul.”
Um silêncio mortal caiu sobre a sala.
Jungkook se levantou num pulo.
— “Então o que a gente tá esperando?!”
Seok-jin o segurou pelo braço.
— “Calma. Precisamos saber onde ela tá exatamente. Não podemos assustá-la.”
O detetive assentiu.
— “Ela chegou ontem à noite. Está registrada em um hotel no centro. Eu vou rastrear os passos dela... mas vocês precisam estar preparados. Se ela voltar... a guerra também volta.”
Namjoon respirou fundo.
— “A gente não vai falhar dessa vez.”
Os irmãos se entreolharam. Determinados. Unidos. Pela primeira vez em anos, o coração deles bateu no mesmo ritmo: o ritmo da esperança.
E a guerra, que parecia adormecida, estava prestes a recomeçar.
A cidade de Seul vibrava com luzes, sons e movimento. Para a maioria das pessoas, era só mais uma noite comum. Mas para SN, tudo parecia... diferente. Ela andava pelas ruas como se carregasse o peso do mundo nos ombros — e, no fundo, carregava mesmo.
Com os cabelos soltos e óculos escuros, ela tentava parecer invisível. Mas dentro dela, um turbilhão explodia a cada passo.
“Foi aqui que tudo começou. Foi aqui que tudo acabou.”
Ela apertou o pingente que usava no pescoço — o mesmo desde bebê, o diamante. Agora ela sabia o que carregava. E sabia também que, se estava de volta, não havia mais volta.
Entrou num café discreto e sentou-se no fundo, perto da janela. Pediu um chá quente e tirou o celular do bolso. Nenhuma mensagem de Mikhail. Nenhum sinal de que estavam atrás dela.
Ou era isso que ela pensava.
Do outro lado da cidade, os irmãos Kim estavam reunidos em uma sala escura, com mapas abertos, computadores ligados e os olhos fixos nas imagens que o detetive Kang acabara de mandar.
— “Ela tá no centro da cidade,” — disse Yoongi, ampliando a foto dela entrando no café. — “Mas parece nervosa. Ela tá se escondendo.”
— “Ela tá se protegendo,” — corrigiu Jimin. — “Como sempre fez. Desde que a gente perdeu ela.”
Jungkook se levantou, os olhos determinados.
— “Eu vou até lá. Se ela me ver primeiro, talvez não fuja.”
Namjoon cruzou os braços.
— “Não vamos forçar nada. A gente espera o detetive confirmar a segurança do local.”
Jungkook não gostou, mas respirou fundo e assentiu. Só que no fundo, ele já tinha decidido: ele ia até lá. Não aguentava mais esperar.
De volta ao café, SN olhava pela janela. Ela se sentia... observada. O coração batia mais rápido. Um pressentimento? Ou paranoia?
Quando se levantou pra sair, o vento da rua soprou forte. Ela puxou o casaco e atravessou a calçada… mas ao virar a esquina, parou bruscamente.
Do outro lado da rua, um garoto com moletom preto e capuz abaixado... encarava ela. O olhar era intenso. Familiar. Quase doloroso.
Ela não sabia por que, mas o coração dela parou por um segundo.
Era Jungkook.
Ele também travou quando viu ela de perto. O rosto era o mesmo... mas mais maduro. Mais forte. Ela estava linda. Viva. Real.
Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, SN saiu correndo.
— “SN!!” — ele gritou, atravessando a rua atrás dela.
Ela corria como se a vida dependesse daquilo.
E talvez... dependesse mesmo.
A manhã em Seul estava nublada, o céu carregado como se também sentisse o peso daquele dia.
SN saiu do hotel com um capuz jogado sobre a cabeça e os olhos atentos a cada passo. Ela não sabia se estava sendo seguida, mas sentia que não estava mais segura. Algo dentro dela dizia que a hora estava chegando. E que o passado não podia mais ser evitado.
Ela dobrou a esquina de uma rua calma… e parou.
Ali, encostado num carro preto, estava ele.
O homem que a salvou quando bebê. Aquele que mandava cartas, brinquedos e que — mesmo de longe — foi sua única ligação com a verdade.
Os olhos dela se encheram de lágrimas imediatamente.
— “Mikhail…”
Ela correu até ele e o abraçou com força, como uma criança que reencontra o único porto seguro. As palavras saíram atropeladas, entre soluços e a voz embargada.
— “Muito obrigado… por tudo… por me criar, por nunca desistir de mim… por me dar uma vida quando eu não tinha mais nada… eu… eu não sei como te agradecer por todos esses anos…”
As lágrimas escorriam pelo rosto de SN sem parar, mas ela não tentou escondê-las. Ela precisava deixar tudo sair.
Mikhail a abraçou de volta, com o olhar calmo, mas cheio de dor e amor.
— “Você não precisa me agradecer por nada, devochka (garotinha). Foi o destino que me colocou naquele lugar, naquele dia. E foi você… que me deu uma razão pra continuar lutando.”
SN se afastou um pouco, olhando pra ele com os olhos marejados, buscando respostas. Ele respirou fundo e, com a voz grave e pausada, começou a contar o que ela tanto queria saber.
— “Naquela noite... quando os homens da família Kim invadiram a mansão... seu pai, o líder da sua família, sabia que o fim estava próximo. Ele me conhecia, e antes de morrer, me implorou pra tirar os corpos e esconder qualquer prova. Ele queria proteger você.”
SN segurou o pingente no pescoço, instintivamente.
— “Eu e meus homens recolhemos os corpos em silêncio. E no meio do sangue e da destruição… vi algo brilhando. O colar. Era lindo, brilhante... pensei em pegar, mas quando fui encostar... percebi que você ainda respirava.”
Mikhail parou por um segundo, lembrando daquela cena como se tivesse sido ontem.
— “Você tava toda suja de sangue, sua pele gelada... mas viva. Naquele instante, eu soube: não podia deixar você ali. Te levei pra Rússia e pedi pro meu irmão e minha cunhada cuidarem de você como filha. Eu mandava dinheiro, cartas… e… brinquedos.”
Ele sorriu com ternura.
— “Você ainda tem a boneca que eu te dei quando tinha um ano?”
SN sorriu entre lágrimas, e assentiu lentamente.
— “Claro que tenho… ela é a única coisa que ficou comigo por todos esses anos. Ela... tem o cheiro da minha infância.”
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos. A cidade ao redor parecia parar.
— “Por que você nunca me contou antes?” — ela perguntou, com a voz baixa.
— “Porque ainda era cedo demais. E porque te contar… significava te colocar em perigo. Mas agora… agora eles já sabem que você voltou.”
SN ficou em silêncio, o olhar sério.
— “E meus irmãos…?”
Mikhail assentiu lentamente.
— “Eles estão te procurando. A cidade inteira está diferente desde que você pisou nela. Está na hora, SN. Está na hora de você decidir o que vai fazer com o seu nome. Com o diamante. E com tudo que você carrega.”
Ela limpou as lágrimas.
— “Eu vou terminar o que meu pai começou. Mas primeiro… eu quero olhar nos olhos de cada um dos meus irmãos. E lembrar pra eles quem eu sou.”
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Atualizado até capítulo 32
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