A Vida que nos Resta!

A Vida que nos Resta!

O Início do Inesperado

Luana Oliveira sempre fora uma mulher de vida simples. Nascida e criada em São Paulo, ela nunca teve grandes ambições, exceto dar conta do seu trabalho como assistente em uma pequena loja de móveis. Suas noites eram tranquilas, muitas vezes acompanhadas de livros ou filmes de comédia romântica. Tudo mudou quando, após uma entrevista que mais parecia uma oportunidade perdida, Luana recebeu a oferta de trabalho para ser a cuidadora de Caio Duarte, um empresário que, até pouco tempo atrás, parecia ter tudo o que desejava: sucesso, riqueza, saúde e um futuro promissor. No entanto, um acidente de carro havia mudado tudo para Caio, tornando-o "tetraplégico"( será que isso irá mudar?) e, de certo modo, refém de um sofrimento físico e emocional que ele não sabia como lidar.

A casa de Caio era impressionante. Uma mansão moderna e imponente, com paredes de vidro que ofereciam uma vista deslumbrante da cidade, algo que Luana nunca imaginou que veria de perto. Ela foi recebida por uma governanta que, de maneira fria, a conduziu até o homem que ela deveria cuidar. Ao entrar no quarto de Caio, sentiu-se imersa em uma atmosfera densa e desconfortável. Ele estava sentado em uma cadeira de rodas, os braços repousados sobre os apoios, com os olhos fixos no horizonte, como se ali estivesse toda a sua tristeza. Seus olhos eram profundos e tristes, uma expressão de quem havia perdido mais do que apenas a mobilidade.

“Então, você é a nova cuidadora”, disse ele, sua voz carregada de desdém. “Não sei por que estou aqui, mas imagino que você também não saiba. O que pensa que vai mudar? Não vou ser fácil.”

Luana ficou em silêncio, sem saber como responder. Ela havia lido sobre a situação de Caio, mas estava longe de imaginar o peso do que ele carregava. Ele não queria ajuda, ela sabia disso. E, no entanto, algo dentro dela dizia que essa era uma chance única de provar a si mesma que podia fazer a diferença na vida de alguém. Mas Caio não facilitava. Cada palavra que ele dizia parecia um golpe, um afastamento ainda maior.

“Você tem razão”, Luana respondeu finalmente, com a voz firme. “Eu não sei o que você está passando, mas sei que posso tentar fazer algo. Nem que seja apenas escutar.”

Caio a olhou com um misto de raiva e cansaço. “Escutar não vai mudar nada. A minha vida acabou.”

Luana sentiu um nó na garganta. Como ela poderia mudar a mentalidade dele? Como ela poderia curar uma dor tão profunda?

Nos dias seguintes, Luana teve que se acostumar com o fato de que Caio não falava com ela, ou, quando o fazia, eram palavras duras, sem qualquer traço de gentileza. Ele rejeitava qualquer tipo de interação que pudesse parecer "humanizante". Ele estava tão absorto no sofrimento de sua condição, que mal notava o esforço que Luana fazia para criar um ambiente mais acolhedor.

Havia dias em que ela pensava em desistir, quando a frustração tomava conta e as palavras de Caio eram como facas afiadas. Mas algo a fazia continuar. Ela sabia que não seria fácil, mas ela também sabia que as grandes transformações nunca vinham sem desafios. E, por mais difícil que fosse, ela estava determinada a ajudar aquele homem a ver que a vida poderia ainda oferecer algo, mesmo que fosse diferente de tudo o que ele imaginava.

O Encontro

Luana começa a entender um pouco mais sobre Caio e a difícil jornada que ele enfrenta. Durante o tempo em que ela cuida dele, ela se depara com a resistência constante do homem, que insiste em se afastar de todos os que tentam ajudá-lo. Porém, ao longo dos dias, Luana começa a perceber que por trás da fachada de arrogância e raiva, há um homem que ainda sofre profundamente.

Na manhã seguinte, Caio parecia ainda mais distante. Seu olhar estava perdido, e ele mal reagiu quando Luana entrou no quarto para ajudá-lo com o café da manhã. Ela havia preparado uma pequena surpresa: uma mesa simples com frutas frescas, pães e sucos, esperando que ele aceitasse algum gesto de bondade.

"Isso não vai funcionar", disse Caio, sem sequer olhar para a comida. "Eu não preciso disso."

Luana, no entanto, se manteve firme. Sabia que Caio precisava de algo além de cuidados físicos. Ele precisava de alguém que o ajudasse a reconstruir, peça por peça, a visão que ele tinha de si mesmo. Mas, para isso, teria que encontrar uma maneira de penetrar a parede de gelo que ele havia erguido ao seu redor.

Nas semanas que se seguiram, Luana tentou várias abordagens para engajar Caio em alguma forma de atividade. A maioria das tentativas falhou. Ele se recusava a sair de casa, a interagir com outras pessoas, e até mesmo a participar das terapias que a equipe médica sugeria.

Uma tarde, Luana teve uma ideia. Ela sabia que Caio gostava de viajar e que antes do acidente ele passava boa parte do seu tempo explorando novos lugares. Se ela conseguisse trazê-lo de volta para esse gosto por aventura, talvez ele começasse a enxergar as coisas de uma nova maneira.

"Que tal uma viagem?", perguntou ela, com um sorriso travesso. "Nada muito distante, apenas uma ida a algum lugar onde você já esteve, mas onde nunca teve tempo de realmente aproveitar."

Caio a olhou com uma expressão cética, mas, pela primeira vez, parecia pensar no assunto. "E você acha que viajar vai me fazer esquecer que eu estou preso a uma cadeira de rodas?"

“Não se trata de esquecer, Caio. Trata-se de lembrar que há vida fora disso tudo", Luana respondeu calmamente.

Ele permaneceu em silêncio por um tempo, como se estivesse ponderando suas palavras. Então, para surpresa de Luana, ele finalmente disse: "Talvez. Mas não espere milagres."

Mais populares

Comments

bete 💗

bete 💗

interessante ❤️❤️❤️❤️❤️

2025-04-06

0

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!