narrado por Dolores Cunha
— Entendo perfeitamente Doutor, senhora Dolores, por hora ficará como guardiã provisória da pequena, faremos os exames e falarei com os meus superiores, claro terá que passar por todo o processo depois e avaliação, tanto sua como de todos que moram na sua casa, mas isso e coisa para outro momento, pode pegar um testado com o médico se precisar, como guardiã temporária tem esse direito.
— Obrigada senhora Margarete, não vou decepcionar!
— Certo então vamos, fazer os exames — o Dr Fábio fala
— Vamos minha menina, eu vou com você
Ela olha-me com aqueles olhinhos curiosos e assustados, assente com a cabeça e vai agarrada a mim, se assusta com a máquina de ressonância e com alguma dificuldade fazemos todos os exames, de volta ao quarto, após se alimentar a pequena pesa no sono segurando a minha mão, o médico, a assistente social e o sargento chegam para falar o resultado e vou ate a sua sala para saber como esta minha menina.
— Serei bem honesto com você, ela tem pouca probabilidade de recuperar 100% a memória, principalmente sem contato com a família. O impacto na cabeça causou um dano ao lobo temporal, ele abriga estruturas como hipocampo e a amígdalas que são essenciais para o processo de memória, podemos fazer tratamento e terapia porem será difícil a recuperação total das memórias sem o contato com o que lhe era comum ou seguro, por assim dizer. — Dr Fabio explica a todos nós
— Isso vai ser complicado, como a garota só fala inglês pode ser de outro país e infelizmente não encontramos nada que a ligue a outras pessoas, como não havia ninguém na cena do crime é ainda mais suspeito, ela pode ter sido abandonada ou sequestrada e sem a memória dela será ainda mais difícil de resolver — Disse o sargento
— Arabella pode não ser de outro país, esse dano cerebral pode confundi—la, notei que de certa forma ela entende português, mas não fala, pode ter sido um dos efeitos, não seria a primeira vez que uma pessoa acorda do coma falando outro idioma — o Dr Fabio fala tentando trazer mais luz a conversa.
— De todos os modos estamos a buscar na base de dados da polícia civil e não encontramos nada da menina, pediremos ajuda da polícia federal e da interpol, mas tudo isso demora muito tempo e se a família não a tiver procurando será ainda mais difícil, não quero ser pessimista, mas como a Senhora Margarete mesmo disse preciso ser honesto e realista quanto ao processo.
— sendo assim a maior responsabilidade é conosco do conselho tutelar, obrigada Doutor e Sargento, preciso falar com senhora Dolores, se realmente quiser ser guardiã da menina terá que fazer todo o papel legal de adoção, pelo menos temporária, a menina não tem nome e não sabemos nem da idade dela.
— Eu quero sim, Senhora Margarete, se encontrarem a família dela, ficarei muito feliz, mas enquanto isso quero muito cuidar dela.
— Certo,pode acompanhar-me até a sala de assistência social por favor?
— sim claro, obrigada Doutor, farei o meu melhor para cuidar da menina, e Sargento por favor não desista de encontrar a sua família, pode ser que a mãe dela esteja arrasada e desesperada no momento.
— Prometo que farei tudo ao meu alcance aquele anjinho merece ser feliz, obrigada por cuidar dela
Acompanho Margarete ate a área administrativa do hospital, tem uma salinha designada para a área social, ela abre a porta que estava trancada e entramos, nos sentamos a mesa uma de frente para outra, ela pega um papel com o questionário e me pede para preencher as minhas informações pessoais e assim eu faço.
— Pronto, terminei
— Certo vejamos — ela começar ler e analisar os meus dados — A senhora é diarista e trabalha na mesma casa a 5 anos isso?
— Sim, o meu horário é de segunda a sexta das 8 as 18 e os sábado das 8 as 14
— A senhora é viúva a 10 anos, não tem outro relacionamento? Nem filhos?
— Não tenho ninguém, não pude ter filhos e amava o meu marido não consegui entregar o meu coração a outra pessoa.
— E porque acredita que esta hábil para ser sua guardiã legal?
— Olha eu sempre quis ser mãe amo crianças, tenho a minha própria casinha, não é luxuoso, mas é limpa e fica num bairro tranquilo, tem uma escola próxima, onde ela poderia estudar, trabalho e tenho economias suficiente para cuidar da menina, não prometo-lhe dar luxos porque sou uma mulher humilde, mas nunca faltara amor, comida, roupas e um teto para ela. Tenho a minha amiga que mora perto e pode ajudar-me a cuidar dela aos sábado enquanto estou no trabalho, assim como cuidei os filhos dela, e diferente de outras famílias que provavelmente vão querer adotar a menina e não a devolver mais eu aceito devolve—la aos pais ou familiares quando o encontrarem, só não quero que ela se sinta triste ou sozinha em um orfanato
— Certo, obrigada por ser honesta Dolores, vou ser sincera com a senhora, é difícil concederem custodia a pessoas solteiras ou viúvas, porem o caso da Arabella é especial e farei tudo que puder para ajudar, não posso prometer, mas tentarei o meu melhor
— Obrigada Margarete, eu agradeço!
Volto para o quarto de Arabella que ainda dormia serenamente por conta dos remédios, peço um atestado ao médico e envio para minha patroa, explico a situação e como uma mulher de coração bom como é, permite-me tirar 15 dias de férias agora para resolver tudo e cuidar da minha menina. Fico a semana toda no hospital com Arabella, que esta se recuperando bem, ela é um doce de menina e está cada dia melhor e mais sorridente, ate esta falando algumas coisas em português, com a ajuda do filho da minha comadre coloquei um tal de duolingo no celular e a menina esperta já ta aprendendo tudo, o Dr disseque é bom, assim ela exercita o cérebro e talvez se recupere logo.
Não posso dizer que esta sendo fácil porque não esta, tenho que usar o celular para falar com ela, o Diego também ensinou-me que se eu falar com um tal de google e pedir o "modo tradutor" o celular escuta e traduz a conversa, eu não sou boa com essas coisas, mas minha menina é muito inteligente, ela disse que tem 7 anos, não sabe como se lembra, mas disse que lembra de uma voz a chamando e Arabella. Penso que foi a primeira memória que ela recuperou. Sonhou com uma festa de aniversário com o número 7, mas a pobrezinha não conseguiu ver os rostos e acordou assustada e com dor de cabeça, tiveram que dar remédio para ela dormir.
Esta chegando o dia da alta e a senhora Margarete ficou de vim aqui hoje nos da uma resposta, estou com o coração a mil no peito, não quero deixar minha menina, ela e tão preciosa. Quando a vejo entrar com a cara seria pela porta, um medo toma conta de mim e já sinto os olhos cheios de lágrimas contidas.
— Bom dia senhora Dolores
— Bom dia Dona Margarete, então ja tem a resposta para mim?
— Sim, eu tentei o meu melhor... — ela faz uma pausa e uma lágrima escapa dos meus olhos — calma, ta tudo bem Dolores, pode ficar com ela!
— é serio?
— hahaha sim, eu apenas estou com essa cara porque estou enjoada, eu tono inicio da gestação e algumas vezes me custa
— Meus parabéns, Margarete! Temos motivos para comemorar em dobro hoje! Meu amor, vai ficar comigo, vai para casa comigo!
— sim, mama! — ela fala a bater palmas sorrindo feliz da vida
— o depoimento do médico e enfermeiras a ajudou muito, terá que ir ao concelho tutelar quando ela receber alta e fazer toda a papelada de adoção, pois não podemos chamar ela apenas de Arabella né hahaha. Porém, como dissemos estará anexado um papel em que abre mão da adoção, caso encontrem a família da menina e ela voltará para casa
— Isso ja esta perfeito, vou cuidar dela como minha, mesmo quando acharem a familia, vou deixar ela ir e visitar as vezes, não me importo, só quero a felicidade da minha menina. Meu Deus muito obrigada, agora eu tenho uma filha, uma filha do coração!
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Hosana Gessica Hernandes
muito bem elaborado o tema,o tempo,e o enredo 🩷.
2025-04-03
1
gata
👏👏👏04/04/2025
2025-04-04
0
Marta Monteiro
sensacional 💐💐💐💐
2025-04-03
2