Arabella - Entre Sombras e Memórias
narrado por Dolores Cunha
(imaginem ela com esses traços, foto tirada da internet)
Era um dia normal da minha rotina, como os outros levanto-me cedo, tomo um cafezinho forte para acordar e como algo rápida, a minha casa sempre foi simples e após a morte do meu marido vivo feliz com o pouco que Deus me da esperando a minha hora de ir com ele e o meu amado. Sou faxineira na casa de uma família rica na cidade vizinha, levo 1 hora para chegar diariamente, mas não tenho muito do que reclamar, o salário é bom e apesar de a patroa ser chata ela não nos deixa passar fome, e sábado depois do almoço estou livre para aproveitar o meu sossego.
Com 50 anos ainda tenho pique para muita coisa, começo o dia arrumando os quartos das crianças que foram para escola, esse momento é um misto de emoções, não pude ter filhos e esses pequenos são lindos e muito amorosos com todos nós, isso não tira a minha tristeza. Nem adotar eu pude, porque as nossas condições financeiras nunca foram boas, ainda mais depois que descobrimos o cancer do meu marido, que Deus o tenha, se foi a 7 anos, ah se Deus tivesse-me dado a oportunidade de ser mãe, eu amaria e cuidaria tanto do pequeno ser, mesmo não sendo meu de sangue. Infelizmente não podemos ter tudo que queremos, sigo com fé, pois sei que o meu paizinho não me desampara e vai recompensar-me.
Depois de mais um dia cansativo vou para casa, estou tão cansada que acabo dormindo, acordo assustada, olhando em volta vejo que já passei do ponto, dou o sinal e desço, os meus pés dão sinal de cansaço já doendo sobre o peso do meu corpo. " Aguenta Dolores, você dormiu e agora terá que andar três quilómetros de volta para casa" tento me animar, mas não sou uma pessoa tão positiva assim, já estou velha e a positividade é para os jovens, eu tenho fé e sou realista.
Começo a andar o caminho de volta e sinto algo e o meu coração me dizendo para ir por outro caminho, mais longo, tento ignorar o sentimento e cruzo a rua, mas o meu peito se aperta de uma forma dolorosa e decido seguir o sentimento que me invade. Mudo a direção adentrando a rua, é uma rua larga com poucas casas e o campo aberto, o céu nublado é um alívio triste nesse momento, não ter o sol me queimando é um alívio, mas o medo de ser pega pela chuva faz-me apressar o passo.
— Tomara que não chova!
Falo para mim mesma e imediatamente me arrependo porque começa a chover — Eu e a minha boca grande — aperto mais o passo quase correndo, quando estou a chegar na esquina, quando uma cena faz o meu coração congelar e eu paro na hora tentando decidir o que fazer primeiro. Ali tem uma rodovia em cima de uma ribanceira e ali capotado está um carro abandonado, a fumaça já quase não sai do capô, parece que já faz um tempo que caiu. O que corta mesmo o meu coração é a pequena menina que está deitada desacordada um pouco afastada do carro, porém as marcas são claras ela estava lá dentro.
Me aproximo correndo para ver se ainda vive, olho para o carro e não tem mais ninguém é como se a tivessem deixado ali de propósito, que mostro faria isso? Toco o seu rostinho e peito e vejo o coração ainda bater, ela está com febre, pego o meu celular na hora e ligo para a emergência.
— Central de emergência, meu nome é Fatima, como posso ajudar?
— Ola eu sou a Dolores, por favor moça manda uma ambulância pra cá, parece que teve um acidente e tem uma menininha desmaiada aqui no chão, socorro meu Deus me ajuda!
— Calma senhora Dolores por favor diga-me aonde está, vou acionar a ambulância e a polícia.
— Atrás do viaduto Barreiro, no bairro São Ignácio.
— Muito bem, a ajuda já está a caminho, fala para mim senhora como é o estado da menina? Consegue ver se tem manchas roxas no abdômen?
— Ela está respirando e vagar e ta queimando de febre, tem sangue na roupinha dela toda, meu pai amado — levanto a blusinha e vejo uma marca grande e roxa se formando e desespero-me — Moça do céu tem uma marca roxa na barriguinha dela, vai demorar para chegarem?
— Não senhora, mas vou acionar o alerta vermelho para irem mais rápido, por favor não mova ela, pois pode ser perigoso, tente manter o corpo dela aquecido.
Tiro uma blusa que tenho na bolsa e coloco sobre o seu corpinho e posiciono o guarda chuva para protege-la melhor, levanto-me e ao ouvir uma sirene distante, a ambulância pra na avenida acima e de la desce um paramédico com uma maleta, logo a ambulância parte para dar a volta e com cuidado o homem vem até nos.
— Boa noite, obrigada por ligar, vou começar a fazer os primeiros socorros, preciso que a senhora fique de olho no carro para mim, nessa posição em que ele esta é muito perigoso!
— Tudo bem moço, por favor salve a menina, pobrezinha!
Começo a orar com a minha atenção dividida entre a pequena e o carro, que ainda tem fumaça saindo levemente pelo capô. A ambulância e a polícia não demoram a chegar, logo a menina é imobilizada e colocada na ambulância, a polícia quer colher o meu depoimento, mas eu só quero acompanhar a menina, nesse momento um fogo surge no carro, e todos se assustam.
— Vamos sair de perto agora! — diz o policial, afastando todos, até os curiosos que seguiram as sirenes
— Senhor, eu posso acompanhar a menina? Depois dou o meu depoimento?
— Tudo bem, te procuraremos no hospital após cuidar das coisas por aqui. Ela vai com vocês, avisa a central depois do hospital, agora vão antes que o carro resolva explodir!
O policial diz aos socorristas e eu subo junto na ambulância, e como se as palavras tivessem poder, quando estamos nos afastando o carro explode, assustando a todos que escutaram o barulho mesmo a distância. Meu coração está pesado e continuo a fazer a minha oração silenciosa, o meu Deus por favor salve esse anjinho, ela é tao pequena para morrer, por favor meu pai, médico dos médicos põe a sua mão e salva essa menina senhor!
Ao chegar ao hospital ela é logo levada para a sala de emergência e raio x, fico andando de um lado para o outro orando sem parar por aquela vida que não conheço, porém amo de uma maneira inexplicável, sou avisada que a menina terá que fazer uma cirurgia e o meu coração se aperta ainda mais. Quando ela entra no centro cirúrgico fico a aguardar na porta ainda orando fervorosamente — Pai você levou-me até ela, então por favor salve essa menina e eu prometo que cuidarei dela com a minha via — Nesse momento sinto uma paz invadir o meu coração e soube que tinha agora uma filha, podia não ser de sangue, e mesmo que a tivesse que devolver para a sua família, seria minha filha de coração e iria manter contato não importando como!
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Marta Monteiro
💝💝💝💝💝💝 iniciando a leitura do livro 📔 💝💝💝e gostando muito, é interessante 💝💝
2025-04-03
2
Hosana Gessica Hernandes
comecei a ler e gostei muito🩷.
2025-04-03
1
Família Soares
ja curti pq escreve muito bem. vamos la
2025-04-06
0