Capítulo 5

Assim que o sinal tocou, Mili nem esperou que o professor saísse da sala. Ela recolheu suas coisas e saiu quase correndo, com Marcela logo atrás.

— Ei, calma! Vai tropeçar de novo desse jeito. — Marcela brincou, tentando aliviar o clima.

Mili não respondeu. Seu coração ainda estava disparado depois do que tinha acontecido com Bryan e Ethan.

Ela não queria mais atenção. Não queria que olhares se voltassem para ela.

Mas já era tarde demais.

Assim que entraram no refeitório, puderam ouvir os cochichos.

— Você viu o que aconteceu na sala 2B?

— Ethan bateu de frente com Bryan por causa daquela garota nova.

— Quem é ela, afinal?

Mili sentiu a barriga revirar. Não queria ser assunto. Não queria que seu nome estivesse na boca de todos.

— A gente não precisa ficar aqui. — Marcela disse, percebendo o desconforto da amiga.

Mili a olhou, confusa.

— Mas onde mais vamos comer?

Marcela sorriu de lado.

— Eu conheço um lugar.

Sem esperar resposta, ela puxou Mili pelo braço e a levou para fora do refeitório.

— Marcela, onde estamos indo?

— Shhh, apenas confie em mim.

Elas passaram pelo pátio, atravessaram um pequeno jardim e, ao invés de irem em direção ao dormitório, Marcela desviou para uma ala lateral pouco movimentada da escola.

Mili começou a entender o que estava acontecendo quando Marcela abriu um pequeno portão lateral que parecia trancado.

— Você tá falando sério? — Mili perguntou, com os olhos arregalados.

— Se eu fosse você, passava logo antes que alguém nos visse. — Marcela riu, atravessando o portão sem hesitação.

Mili hesitou por um segundo, mas o burburinho que se espalhava pela escola a fez tomar sua decisão.

Ela passou pelo portão.

Assim que pisaram na rua, Marcela puxou o celular do bolso.

— Tem uma lanchonete a poucas quadras daqui. A comida é mil vezes melhor que a do refeitório. Vamos?

Mili olhou para trás, sentindo o coração disparar ao perceber que estavam tecnicamente fugindo.

Se fossem pegas, estariam encrencadas.

Mas, pela primeira vez, a ideia de quebrar uma regra parecia tentadora.

Ela respirou fundo e sorriu.

— Vamos.

Capítulo 9 – Confronto Entre Amigos

Enquanto Mili e Marcela caminhavam tranquilamente para a lanchonete fora da escola, dentro dos muros do colégio o clima entre Bryan e Ethan estava longe de ser leve.

Os dois estavam na quadra vazia, onde Bryan havia arrastado Ethan assim que a aula terminou. Seus amigos ainda estavam por perto, mas mantinham uma distância segura, observando com atenção.

Bryan estava de braços cruzados, um sorriso sarcástico no rosto.

— Então… desde quando você virou o cavaleiro defensor dos oprimidos? — Ele perguntou, estreitando os olhos para Ethan.

Ethan, que até então estava com as mãos nos bolsos, respirou fundo antes de responder.

— Desde quando você começou a agir como um idiota completo?

O sorriso de Bryan sumiu por um instante. Ele claramente não esperava essa resposta.

— Idiota? Eu só estava me divertindo. Não foi nada demais.

Ethan soltou uma risada irônica.

— “Nada demais”? Bryan, você colocou o pé pra garota tropeçar na frente de todo mundo. Como é que você ainda acha isso engraçado?

— Ah, por favor, Ethan. Você já viu isso acontecer milhares de vezes. Eu sempre brinco com os novatos. O que tem de diferente agora?

Ethan deu um passo à frente, sua expressão ficando mais séria.

— O que tem de diferente é que eu tô de saco cheio. De você e dessas mesmas brincadeiras idiotas de sempre. Você ainda age como se tivesse doze anos.

Bryan estreitou os olhos, claramente irritado.

— E o que você quer que eu faça? Cresça e vire um cara chato como você?

Ethan suspirou, balançando a cabeça.

— Eu só quero que você pare de agir como se fosse o dono desse lugar. Como se humilhar os outros fosse sinônimo de poder.

Bryan ficou em silêncio por um momento, apenas encarando Ethan. Então, sorriu de lado.

— Entendi. Isso é sobre a novata, não é? Você tá interessado nela.

Ethan revirou os olhos.

— Isso não tem nada a ver com ela. Tem a ver com você.

— Claro, claro… — Bryan debochou, mas sua expressão mostrava que ele não estava gostando nada do rumo da conversa.

Ethan percebeu.

E, pela primeira vez em muito tempo, viu algo diferente nos olhos do amigo: irritação misturada com insegurança.

— A questão é simples, Bryan. Se você quer continuar sendo esse cara infantil, beleza. Mas eu não vou mais compactuar com isso.

Sem esperar resposta, Ethan deu as costas e saiu da quadra, deixando Bryan sozinho.

O garoto ficou parado, cerrando os punhos ao ver o amigo se afastar.

Ele nunca havia pensado muito sobre suas atitudes. Para ele, tudo sempre foi uma brincadeira.

Mas, pela primeira vez, começou a se perguntar se tinha passado dos limites.

E, pior ainda, se Ethan tinha razão.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***