Ethan passou pelos corredores do colégio, pelo pátio, pelo jardim… mas Mili não estava em lugar nenhum. Ele até verificou os banheiros femininos de longe, torcendo para vê-la saindo, mas nada.
— Droga… — murmurou para si mesmo, passando a mão pelos cabelos.
Ele tentou voltar para suas atividades, mas a imagem de Mili, assustada e envergonhada, não saía da sua cabeça. Bryan tinha passado dos limites dessa vez.
Enquanto isso, longe do movimento da escola, Mili estava encolhida no canto do depósito de material esportivo, atrás do campo de futebol. Era um lugar escuro, abafado e empoeirado, mas pelo menos ninguém a encontraria ali.
Ela abraçava os próprios joelhos, tentando controlar a respiração. Não queria chorar, mas não conseguia evitar. Por que as pessoas sempre pareciam se divertir às custas dela?
Foi então que um barulho a fez prender a respiração.
A porta do depósito se abriu, e uma garota de cabelos longos e escuros entrou, carregando uma bola de vôlei. Ela olhou ao redor, mas parou ao ver Mili encolhida no canto.
— Ei… você está bem? — A voz dela era gentil, mas curiosa.
Mili rapidamente limpou o rosto, tentando disfarçar.
— Estou. — Sua voz saiu fraca, e a garota arqueou uma sobrancelha.
— Ah, claro. Porque todo mundo vem para o depósito chorar escondida quando está bem.
Mili piscou, surpresa. A garota sorriu, sentando-se no chão ao lado dela.
— Sou Marcela. — Ela se apresentou. — E você é a novata que Bryan resolveu infernizar hoje, certo?
Mili abaixou a cabeça, envergonhada.
— Eu… não sei por que ele fez isso.
Marcela suspirou.
— Porque ele pode. Porque ele gosta de ser o centro das atenções e, se sente que está perdendo isso, faz questão de colocar todo mundo no lugar “certo” na hierarquia dele.
Mili ficou em silêncio por um momento.
— E você? Você faz parte do grupo deles?
Marcela soltou uma risada.
— Deus me livre! Eu prefiro ser invisível do que conviver com aquela corja.
Mili sorriu de leve.
— Então temos algo em comum.
Marcela piscou.
— Temos mesmo. Acho que seremos boas amigas, Mili.
Pela primeira vez no dia, Mili sentiu um peso sair de seus ombros. Talvez, só talvez, ela não estivesse tão sozinha naquele colégio.
Marcela se levantou e estendeu a mão para Mili.
— Vem, vamos sair daqui. Se alguém te encontrar escondida desse jeito, vão achar que Bryan venceu.
Mili hesitou por um segundo, mas então segurou a mão da nova amiga e se colocou de pé.
— Pra onde vamos?
Marcela sorriu.
— Vou te mostrar o colégio pelos meus olhos.
As duas caminharam até um enorme ginásio com arquibancadas dos dois lados e redes estendidas em várias quadras.
— Essa é a quadra de vôlei. Meu lugar favorito. — Marcela disse, olhando para o espaço com brilho nos olhos.
Mili a observou por um momento e então confessou:
— Eu gosto de jogar vôlei também… mas nunca tive coragem de entrar para os times das escolas onde estudei.
Marcela arregalou os olhos.
— Você gosta? Então você precisa entrar no time!
— O quê? Não! — Mili riu nervosa.
— Por que não?
Mili deu de ombros, desviando o olhar.
— Nunca fui muito de aparecer. Prefiro ficar na minha.
Marcela cruzou os braços.
— Quer saber? Isso tem que mudar.
— O quê?
— A seletiva para o time de vôlei feminino é no final da semana. Você vai participar.
— O quê?! — Mili arregalou os olhos. — Não, eu não vou!
Marcela sorriu.
— Pelo menos pensa nisso. Você não tem nada a perder.
Mili suspirou, mas concordou.
— Tá bom… eu vou pensar.
Satisfeita, Marcela puxou Mili pela mão e as duas caminharam pelo colégio até chegarem ao prédio dos dormitórios femininos.
— Esse é o nosso prédio. Você já sabe em qual quarto vai ficar? — Marcela perguntou.
— Ainda não. Me passaram o número, mas eu nem fui lá ver ainda.
Marcela olhou para a folha de papel que Mili segurava e arregalou os olhos.
— Você tá brincando!
— O quê?
— Você é minha colega de quarto!
Mili piscou, surpresa.
— Sério?
Marcela assentiu animada.
— Isso é incrível! Agora você não tem desculpa pra fugir de mim.
Mili riu, sentindo um alívio enorme.
— Acho que eu dei sorte.
— Eu que o diga.
E, pela primeira vez desde que chegou ao colégio, Mili se sentiu verdadeiramente bem.
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Atualizado até capítulo 87
Comments
Elizabeth Fernandes
tomará que Marcela seja uma boa amiga
2025-04-20
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