me vê como uma criança indefesa...

O pronto-socorro do hospital estava bastante agitado, alguns homens se envolveram numa briga em um bar local.

Yuri: Fica perto, tá? Está lotado de homens bêbados.

Luna: Sim, muito lotado.

Yuri: Podemos ir em outro hospital, se quiser.

Luna: Não, tudo bem. Podemos esperar. Mas se você precisar ir, eu posso ficar. Prometo não me envolver em briga. (Brinca)

Yuri: Nem pensar, vou ficar aqui com você. Pelo menos já fez a triagem.

Eles ficam aguardando por um bom tempo, já que estava lotado. Logo eles olham para a pequena tela no ps onde o nome de Luna foi anunciado, eles entram no consultório.

Dr: Eu vou te encaminhar para o raio-x, mas pelo que tudo indica, é apenas uma luxação.

Luna: Tá bom, doutor.

Após tirar o raio-x, ela retorna para o consultório, onde o médico vê que de fato foi uma luxação. Ele passa alguns remédios para a dor e libera a mesma.

Yuri: Que tal uma pizza?

Luna: Eu aceito, estou com fome.

Eles saem do hospital e vão até uma pizzaria que fica aberta até de madrugada.

Garçonete: Já decidiram o sabor?

Luna: Eu quero de chocolate, rs.

Yuri: Pode ser metade?

Luna: Uhun…

Yuri: Então, a outra metade pode ser pepperoni.

Ligação on:

Laura: Cadê você?

Luna: Eu estou na pizzaria. Já saiu?

Laura: Sim, o Ravi veio me deixar no hospital.

Luna: Eita, me desculpa. Esqueci de avisar.

Laura: Está com o Yuri?

Luna: Sim.

Laura: Vai voltar para casa com ele?

Luna: Provavelmente.

Laura: Então eu vou para casa, qualquer coisa, você me liga e juízo.

Luna: Tchau.

Ligação off.

Yuri: Sua avó?

Luna: Não, minha irmã.

Yuri: A Laura, certo?

Luna: Isso.

Yuri: Até que vocês se parecem.

Luna: Você não se parece tanto com o seu irmão.

Yuri: Também acho, rs. Eu já falei para ele que ele foi encontrado na lata de lixo, mas ele não acredita. Meu pai insiste em falar que ele é meu irmão, rs.

Luna: Olha, que palhaçada, rs.

Yuri: Quantos anos você tem?

Luna: hmm, quantos anos eu aparento ter?

Yuri: 16?

Luna: Que absurdo!

Yuri: Brincadeira, rs. Uns 19 anos?

Luna: Eu tenho 18 anos.

Yuri: Um neném.

Luna: Por que me ajudou?

Yuri: Meu pai sempre me falou que devemos sempre ajudar, idosas, crianças e pessoas indefesas.

Luna: Vou nem perguntar, onde me encaixo.

Yuri: Em crianças e pessoas indefesas, rs.

Os dois começam a rir e logo a pizza chega.

Luna: Hm, que cheirinho bom.

Eles comem e ficam conversando descontraídos.

Luna: Diga-me, senhor mais velho, que me vê como uma criança indefesa. Quantos anos você tem? 40?

Yuri: Quase isso, rs.

Luna: Para de palhaçada, você deve ter uns 25 anos.

Yuri: Quase, eu tenho 26 anos.

Luna: Quase acertei. Quando as crianças acertam alguma coisa, elas costumam ganhar doces.

Yuri: É?

Luna: Sim. Sempre que eu acertava algo lá em casa, minha vó costumava fazer coisas que eu gosto.

Yuri: Aposto que tudo tinha doces.

Luna: É, até eu ter uma cárie no dente e deixar todos doidos com a dor e ela me proibir de comer doces, rs.

Yuri: Certo, ela.

Luna: Sim…

Yuri: Você cursa alguma coisa?

Luna: Comecei um curso EaD, estou fazendo marketing.

Yuri: Você gosta?

Luna: Então, nas opções, foi a única que me chamou a atenção.

Yuri: O que de fato você gostaria de fazer?

Luna: Amo crianças, amo poder vê-las crescer. Então, acho que faria medicina, só para poder cuidar com amor desses pequenos.

Yuri: E por que não tenta?

Luna: Minha irmã tem a alma livre, viaja o mundo conhecendo culturas diferentes, ela ama isso. Eu não sei se iria e deixaria minha vó sozinha, eu teria que me mudar para longe e minha avó não iria, ela ama esse lugar.

Yuri: E se você levar sua avó?

Luna: Só se ela vendesse aquela casa, que está fora de cogitação.

Yuri: Ah sim… Meu pai é dono dos hotéis…

Luna: É, eu soube… E sei também que ele já ofereceu uma grana preta pela casa da minha avó.

Yuri: É...

Luna: Posso perguntar uma coisa? Pode ser sincero comigo.

Yuri: Claro.

Luna: Se aproximou de mim por causa disso?

Yuri: Não! Não pense nisso e, se eu fosse sua vó, não vendia. Porém, minha mãe é um pouco ardilosa.

Luna: É, eu soube também, rs.

Yuri: Eu só voltei para cá porque meu pai pediu, acho que eles vão separar. Meu pai até pediu nossa ajuda para comprarmos aquela propriedade, mas eu juro que nem sabia que você morava lá até ir com você lá. É uma linda casa, eu também não venderia.

Luna: Sim. Minha vó não vende, ela ainda tem esperanças de minha mãe voltar.

Yuri: Como assim?

Garçonete: Estava boa a pizza? Querem mais alguma coisa?

Yuri: Pode embalar esses pedaços para levarmos, por favor.

Garçonete: Claro.

Eles saem juntos e vão em direção à casa de Luna. Chegando lá, ela pediu para o mesmo descer, eles passam pela lateral da casa, indo até a praia, onde sentaram na areia, mesmo observando a imensidão refletindo o luar.

Yuri: Está doendo ainda, seu pé?

Luna: Um pouco, está ficando bem mais vermelho.

Yuri: Sim, está. (Observa)

Luna: Como vender esse lugar? É simplesmente perfeito.

Yuri: É, impossível.

Luna: Minha mãe é militar…

Yuri: Uau, sério?

Luna: Uhun, quando ela teve minha irmã, ela quase teve que desistir desse sonho. Mas, não desistiu. Então, deixou minha irmã aqui, com minha avó. Ela vinha uma vez no ano visitar minha irmã. Mas um dia, ela veio comigo em seus braços, com a promessa de que só retornaria para o quartel, sei lá o nome, para dar baixa em tudo. Mas ela se foi e, desde então, nunca mais a vimos.

Yuri: Caramba…

Luna: Então, desde então, minha vó espera por ela. Ela tem esperança de um dia minha mãe voltar e, se ela vender, ela não terá uma casa para onde retornar.

Yuri: Poxa, que triste. Viver esperando por isso. Faz 18 anos que ela se foi e não voltou. Você tem raiva dela?

Luna: Não, não tenho. Nem minha irmã, claro que se ela retornar um dia, que eu acho meio difícil, não sei como será minha reação.

Yuri: Então, você também não conhece seu pai?

Luna: Não, rs.

Yuri: A relação lá em casa, não é das melhores. Meu pai é simplesmente, maravilhoso. Já minha mãe…

Luna: Mães…

Yuri: Quando pequenos, ela colocou eu e meu irmão no internato, mas, diferente dela, meu pai sempre ia nos visitar. Quando ela soube disso, ela nos colocou em um internato na Alemanha, ficamos lá por seis meses, nosso pai rodou o mundo atrás de nós, mas ela fez questão de jogar na cara dele. Ela quer que meu pai seja o cachorrinho dela.

Luna: Nossa…

Yuri: Como meu pai ameaçou ir para a justiça, alegando que venderia tudo para eles compartilharem tudo em dinheiro, ela ficou com medo de nos trouxe de volta. Mas, era um inferno. Então, quando formei, eu fui embora sem olhar para trás. Eu só voltava por conta do meu pai e do Yan. O mesmo foi com o Yan, ele embora assim que pôde.

Luna: Caramba, que pesado.

Yuri: Eu e o Yan não a perdoamos por diversas coisas, isso foi o mesmo de boa que ela chegou a fazer conosco, ela fez coisas piores…

Laura: Aí estão vocês… Eu vi o carro e procurei por vocês lá dentro e logo imaginei que estariam por aqui. Como está seu pé?

Luna: Ótimo! (Deita na areia, levantando a perna e mexendo os pés)

Laura: Ufa, que alívio! Eu não volto para aquele bar mais. Nem você deveria voltar, é humilhante trabalhar com aquela cobra.

Luna: Ela te tirou do sério?

Laura: Primeiro, com ela te empurrando e você machucando o pé!

Yuri: ãaan? Alguém te empurrou, por isso você machucou o pé?

Luna: Então…

Laura: Sério, mana. Não precisa daquela humilhação. Qual valor do seu curso, eu posso pagar para você, ou vamos falar com a vovó.

Luna: Não! Para, sério.

Laura: Pensa nisso, de verdade. Obrigada, Yuri, por levá-la ao hospital, de verdade.

Yuri: Por nada.

Luna: Chegou agora?

Laura: Sim…

Luna: É por esses e outros motivos que a Kathy te odeia.

Laura: Para, nós não ficamos.

Luna: Sei, seu pescoço, fiz muito sobre isso. (Aponta)

Laura: Tchau… (Dá as costas e entra na casa)

Yuri: Eu preciso ir. Me fala seu telefone.

A mesma grava o celular dela no telefone dele e ele a ajuda a entrar na casa. Logo mais, ele se despede dela com um abraço e vai embora.

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Obra em andamento.

Sobre atualizações: Sempre que eu puder.

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