Era madrugada quando a porta da casa se abriu com um estrondo. Sn entrou, segurando-se no ombro de sua amiga, rindo descontroladamente e tropeçando em seus próprios pés. O som de seus risos ecoava pela sala silenciosa, interrompendo o que restava da paz naquela noite.
"Shhhh, fala baixo, ele vai acordar!" Sn cochichou para a amiga, mas sua voz estava longe de ser discreta.
“Você tá gritando, sua maluca!” respondeu a amiga, também rindo, enquanto tentava ajudá-la a se equilibrar.
Sn cambaleou até o sofá, deixando-se cair de qualquer jeito, ainda segurando uma garrafa que tinha trazido sabe-se lá de onde. Seus cabelos estavam bagunçados, a maquiagem um pouco borrada, mas o sorriso largo mostrava que ela claramente não estava preocupada com nada no momento.
“Eu tô ótima! Olha pra mim!” disse Sn, jogando os braços para o alto, como se estivesse fazendo um discurso dramático. “Eu merecia mais uma rodada, mas a senhora sensata aqui me arrastou embora!”
“Porque você tava quase subindo na mesa, Sn! Pelo amor de Deus!” A amiga tentava conter o riso, mas também estava exausta.
Antes que pudesse responder, a figura de Jungkook apareceu no topo da escada. Ele estava com a camisa meio aberta, os cabelos bagunçados de quem claramente tinha sido arrancado de um sono profundo. Seus olhos semicerrados não escondiam o cansaço – nem a irritação.
“Sn,” ele disse, sua voz baixa e carregada de seriedade. “O que está acontecendo aqui?”
Sn congelou por um momento, mas apenas por um segundo, antes de olhar para ele com um sorriso bêbado e debochado. “Padrinho! Olha só quem resolveu aparecer! Achei que você tava dormindo como uma pedra.”
Jungkook desceu os degraus com calma, mas sua expressão não tinha nada de brincalhona. Ele cruzou os braços ao chegar na sala, analisando a cena: a amiga de Sn tentando ajudá-la a se levantar, as garrafas que estavam na bolsa dela e o estado lamentável em que a garota se encontrava.
“Você está bêbada,” ele afirmou, sem rodeios.
“Bêbada? Eu? Claro que não!” Sn balançou a cabeça exageradamente, quase caindo no processo. “Eu só tô... alegre. Feliz da vida. Curtindo, sabe? Você devia tentar um dia, padrinho. Sai dessa pose de sério, coloca uma música e vem dançar comigo!”
Ela tentou se levantar, mas tropeçou nos próprios pés, e Jungkook teve que dar dois passos rápidos para segurá-la antes que ela caísse. Ele segurou seus braços com firmeza, seus olhos escuros fixos nos dela.
“Sn, isso não é engraçado. Você sabe o quanto isso é irresponsável? Sair de casa no meio da noite, beber até ficar nesse estado e depois voltar como se nada tivesse acontecido?”
“Ah, por favor, não começa com o sermão, padrinho,” ela respondeu, revirando os olhos. “Eu já tenho um pai pra fazer isso, não preciso de dois.”
“E claramente você também precisa de um pouco mais de juízo,” ele retrucou, sua paciência começando a se esgotar.
“Juízo? Quem precisa de juízo quando tem uma vida inteira pra viver?” Ela ergueu os braços novamente, quase acertando Jungkook no processo. “Eu sou jovem, Jungkook. Jovem! Você sabe o que isso significa? Significa que eu posso errar, posso curtir, posso—”
“Pode se machucar,” ele interrompeu, sua voz mais dura agora. “Pode acabar em uma situação perigosa. Você acha que é engraçado, mas isso não é um jogo, Sn. Você não tem ideia do que poderia ter acontecido.”
A sala ficou em silêncio por um momento, a tensão pairando no ar. Até a amiga de Sn, que estava rindo antes, agora parecia desconfortável. Sn olhou para Jungkook, ainda com um sorriso no rosto, mas algo em seus olhos mostrava que suas palavras tinham, de alguma forma, a atingido.
“Você tá exagerando, como sempre,” ela murmurou, desviando o olhar. “Eu tô bem, não tô? Cheguei em casa inteira. Nada aconteceu.”
Jungkook respirou fundo, tentando controlar a frustração. “Hoje, talvez não. Mas e amanhã? Ou na próxima vez? Até quando você vai ficar testando a sorte, Sn?”
Ela ficou em silêncio, o olhar preso no chão. Sua cabeça ainda estava girando por causa do álcool, mas as palavras de Jungkook ecoavam em sua mente. Algo nele – talvez o tom preocupado, talvez a intensidade do olhar – fazia com que ela não conseguisse responder com o mesmo deboche de antes.
Finalmente, ele soltou seus braços e deu um passo para trás. “Vai dormir. A gente conversa amanhã, quando você estiver sóbria.”
Ele virou de costas e subiu as escadas novamente, mas Sn ficou ali, parada no meio da sala, sentindo algo estranho no peito. Não era apenas culpa; era algo mais. Algo que ela não conseguia entender, mas que a fazia querer correr atrás dele e pedir desculpas – ou talvez apenas dizer que ela sabia que ele estava certo.
“Eu te disse que isso ia dar ruim,” sussurrou a amiga, ajudando-a a se sentar no sofá.
“Cala a boca,” respondeu Sn, tentando ignorar o aperto que sentia no peito.
Mas, no fundo, ela sabia que essa noite tinha mudado algo. E que, depois daquela conversa, nada mais seria exatamente como antes.
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Atualizado até capítulo 100
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