Mais tarde, Otávio saiu da mecânica e foi buscar Roberta na casa de Lívia. Assim que ela entrou no carro, o abraçou com entusiasmo, um sorriso radiante estampado em seu rosto.
Otávio: Oi, meu amor. – Retribuiu o abraço, ainda que sem entender a euforia dela.
Cadê o exame? Deixa eu ver! Como assim um desmaio natural? Nunca ouvi isso na vida!
Roberta: Otávio...
Otávio: O que foi, Roberta? Você tá me deixando preocupado. Fala logo!
Roberta: É uma grande notícia. — Ela respirou fundo, tentando segurar a emoção.
E com certeza as nossas vidas nunca mais serão as mesmas.
Otávio: Roberta, vai direto ao ponto.
Roberta: Nós... vamos ter um bebê. Eu estou grávida. – Contou, com os olhos brilhando, esperando uma explosão de felicidade dele.
Mas Otávio não reagiu. Ele congelou, com os dedos segurando o volante com força, e o olhar se perdeu no para-brisa. Após alguns segundos de silêncio pesado, ele suspirou profundamente e balançou a cabeça.
Roberta: Não vai falar nada?
Otávio: Grávida? Como assim, Roberta?
Roberta: Como assim? Nós estamos juntos há cinco anos, Otávio. Eu achei que você ficaria feliz...
Otávio: Não é questão de estar feliz ou não. É só que... – Ele pausou, buscando as palavras certas.
Não era o que eu planejava, não agora.
O sorriso de Roberta se desfez.
Roberta: Não era o que você planejava?
O que isso significa?
Otávio: Significa que eu não estava preparado para isso, Roberta... Nós mal conseguimos lidar com nossas contas, às vezes terminamos o mês no vermelho. Como vamos cuidar de um bebê?
Ela sentiu um nó se formar em sua garganta.
Roberta: Otávio, eu também não esperava. Mas aconteceu, e eu achei que... esquece! Vamos para a casa.
Otávio: Beta...
Roberta: Otávio, vamos! — Desviou o olhar.
O silêncio no carro se tornou insuportável, tão pesado que parecia sufocar. Roberta com o rosto virado para a janela, lutava para não chorar. O caminho até a casa foi feito sem mais nenhuma palavra. Quando chegaram, ela mal esperou ele parar o carro e já saiu em direção à casa.
Otávio: Amor, por favor...
Roberta: Otávio, eu tô cansada não quero comversar... Ah, e por conta exame eu não fiz o almoço. É melhor você almoçar na pensão da dona Marta.
Otávio: Vamos juntos?
Roberta: Não, obrigada! Não tô com fome.
Ele saiu cabisbaixo para a pensão da dona Marta, Roberta se deitou na cama chorando, relembrando a péssima reação do namorado.
O telefone toca.
📱Roberta: Oi... — Respondeu tentando disfarçar o choro.
📱Lívia: Oi, Beta! Iai? Contou pro Otávio?
📱Roberta: Contei e foi a pior coisa que eu fiz!
📱Lívia: Você tá chorando? O que aconteceu?
📱Roberta: A reação dele foi péssima, amiga!
Prefiro nem lembrar.
📱Lívia: Eu tô no trânsito, indo pra empresa.
Quer eu passei aí? Tô perto da rua da sua casa.
📱Roberta: Você vai se atrasar, Lívia...
📱Lívia: Eu explico pro Thales, sei que ele vai intender.
📱Roberta: Então vem, por favor!
Preciso de um abraço seu.
📱Lívia: Tô aí em 5 minutos!
📱Roberta: Obrigada, amiga!
Lívia desligou e assim que parou no sinal, aproveitou pra ligar para Thales, seu amigo e chefe.
📱Thales: Lívia? Já está vindo?
📱Lívia: Thales, você vai querer me matar!
📱Thales: O que houve?
📱Lívia: É sei que já abusei de mais, não fui trabalhar cedo, mas...
📱Thales: Aconteceu alguma coisa?
📱Lívia: É que a minha amiga, a que eu acompanhei hoje, tá com problemas e eu quero passar na casa dela, coisa de 10 minutos.
📱Thales: Sem problemas, Lívia.
Tá tudo sobre controle aqui.
📱Lívia: Thales, o que seria da minha vida sem a sua compreensão, obrigada, sério.
📱Thales: Não precisa agradecer, vai lá ajudar sua amiga.
Lívia desliga e vai para casa de Roberta. Chegando, ela olha diretamente para a janela do quarto que estava aberta, lá ela viu Roberta sentada pensativa. Ela se aproxima sem dizer nada, pula a janela como uma menina travessa e se senta ao lado da amiga, envolvendo os seus braços nas costas dela.
Roberta: Ele disse que não gostou, sem dizer que não gostou.
Lívia: Eu nem sei o que dizer...
Aliás, sei sim! Manda ele pro inferno se for preciso. Seu bebê tem que ser sua prioridade agora e você não pode estar triste.
A minha avó sempre dizia que tudo o que sentimos passa para os bebês... Então trate de abrir o seu melhor sorriso!
Roberta: Até você que detesta criança reagiu melhor! — Tenta sorrir.
Lívia: Aí não exagera. — Levanta da cama e para em pé na janela.
Eu não detesto crianças, eu só não levo jeito com elas, e sempre que tento interagir elas correm chorando.
Roberta: Você pode até dizer que não detesta crianças, mas... lembra do que aconteceu na festa de aniversário do irmão da Mayara, nossa colega do fundamental?
Lívia: O quê?
Roberta: Você roubou o pirulito da mão dele porque disse que ele não precisava de mais açúcar!
Lívia: Ele já tinha comido três pedaços de bolo! Eu estava fazendo um favor à saúde dele. — Se defende.
Onde já viu entupirem de açúcar um menino de 4 anos!
Roberta: Ah, claro. Porque gritar “me dá isso aqui, moleque” enquanto ele chorava foi um grande gesto de cuidado.
Lívia: Tá bom, tá bom. — Tentou segurar o riso.
Talvez eu tenha exagerado um pouquinho, mas como você mesma disse, foi no ensino fundamental, éramos crianças.
Roberta: E o que você tem a dizer sobre o dia que fomos ao parque e você ficou dizendo que todas as crianças no balanço estavam ocupando muito espaço?
Lívia: Aquilo foi porque eu queria balançar também! Não é minha culpa que eles se acham os donos do parque. — Gargalha.
Roberta: Lívia, você é a única pessoa que eu conheço que brigaria com uma criança por um balanço.
Lívia: Você tá apelando, isso foi a tipo uns 13 anos atrás? Eu tinha 16 anos, amiga.
Roberta: Não usa isso como desculpa, eu poderia ficar aqui o dia inteiro citando todas as suas aventuras com crianças, você é quase alérgica a ela.
Lívia: Tá bom, tá bom! Talvez eu não tenha o melhor histórico com crianças.
Roberta: Mas vai ter que aprender a lidar com elas, porque agora vai ter um bebê por perto o tempo todo!
Lívia: Meu Deus! Acho que vou precisar de terapia pra isso. Não sei nem cuidar de um cachorro, quem dirá de uma criaturinha tão frágil.
Já sei, vamos fazer um combinado! Eu vou ser a melhor rede de apoio do universo.
Vou lavar, passar, cozinha... mas o bebê é todo seu, no máximo eu fico olhando ele no berço pra você tomar um banho e dormir, mais se ele chorar, eu te grito.
Roberta: Fechado. E acho que nem eu confiaria em deixar o meu filho com você. — Gargalha.
Lívia: É melhor mesmo! — Ri.
Viu, ao menos eu fiz você ri.
Roberta: Você sempre faz! — Levanta é a abraça.
Lívia: Bom, agora eu tenho ir! O Thales vai ter uma reunião e eu tenho que está presente. — Pula a janela.
Roberta: Você não sabe simplesmente sair pela porta?
Lívia: Tá muito longe e eu tô atrasada, além de ter que alimentar a minha criança interior.
Roberta: Tchau! — Acena enquanto a amiga sai com o carro.
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Atualizado até capítulo 79
Comments
Anita Alves
ter uma amiga que apoia e tudo de bom /Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/
2025-03-30
7
Vera Pires
comecei a ler agora já estou amando a história...
2025-04-08
2
Arminda Celebrini
ROBERTA Tem UMA AMIGA MARAVILHOSA
2025-03-29
1