CAPÍTULO 4

Certa vez, a professora Kwon passou um trabalho de casa em dupla, estabelecendo uma data limite. Quando Arisu olhou para a carteira atrás dela, ficou pasma ao ver um grupo de garotas ao redor de Darius, implorando para serem suas parceiras.

Arisu observou discretamente a cena que se desenrolava. Várias garotas cercavam Darius, cada uma tentando chamar sua atenção de maneira desesperada. Ao notar a situação, um frisson de desconforto a invadiu.

— Pelo visto, ele é realmente um galã de K-drama de carne e osso — Makoto comentou, rindo em tom brincalhão enquanto observava a reação de Darius no meio do círculo de garotas.

— Parece que sim — Arisu murmurou, soltando um suspiro, ainda focada na cena atrás dela.

Ela não se sentia à vontade com a situação; era estranho ver tantas garotas disputando a atenção de Darius. Tentou ignorar a sensação incômoda que começava a surgir.

— Ele provavelmente vai escolher qualquer uma delas — Arisu disse, com um toque de irritação na voz, enquanto continuava a observar as meninas.

— Está com ciúmes? — Makoto perguntou, com um olhar malicioso, notando a irritação na voz de Arisu.

— Não, claro que não! — Arisu respondeu rapidamente, irritando-se com o olhar provocativo de Makoto e tentando esconder o rubor que começava a aparecer em seu rosto.

— Tem certeza? — Makoto insistiu, seu tom sugestivo revelando que ela estava gostando da situação.

— Sim, tenho certeza! — Arisu reafirmou, tentando manter a compostura, mas conseguindo apenas tornar a situação mais desconfortável.

Enquanto isso, Darius permanecia no meio do grupo de garotas, observando as várias opções que se apresentavam. Ele suspirava internamente, irritado com a situação, percebendo que aquelas garotas não tinham interesse genuíno em fazer o trabalho; apenas desejavam ser escolhidas por ele para exibir a todos que eram a dupla do “garoto mais atraente da sala”.

Ele olhou ao redor, buscando uma pessoa que realmente pudesse colaborar. Não queria uma parceira desinteressada, que apenas quisesse aparecer. Com isso, Darius se levantou e se posicionou em frente a Arisu, levantando uma mão formalmente, como se a estivesse convidando para dançar.

— Gostaria de ser minha parceira? — Darius questionou, sua voz clara e direta.

Arisu ficou surpresa ao ver Darius se aproximar. Seus olhos se arregalaram quando ele fez a proposta. Ela mordeu o lábio, um leve nervosismo a invadindo.

— U-Uh... claro, sem problemas — respondeu, tentando disfarçar seu nervosismo.

As garotas ficaram atônitas ao ver Darius se dirigindo diretamente a Arisu. Vários olhares indignados e ciumentos foram rapidamente lançados em sua direção, enquanto as meninas percebiam que Darius havia escolhido Arisu em vez delas.

Darius se sentou ao lado de Arisu, um leve suspiro de alívio escapando de seus lábios. Ele parecia satisfeito por finalmente ter encontrado uma parceira que levava o trabalho a sério. Virou-se para Arisu, com uma expressão casual.

— Então... quando devemos começar? — Arisu perguntou, seu tom nervoso traindo seu estado emocional.

— O que acha de começarmos a pesquisar aqui e depois terminarmos na sua casa? — Darius sugeriu, assentindo com a cabeça.

— Na minha casa? — Arisu questionou, um pouco surpresa com a sugestão.

— Uhum — ele confirmou.

— Okay... parece uma boa ideia — Arisu respondeu, começando a se acostumar com a ideia de ter Darius em casa mais tarde.

Darius soltou um suspiro enquanto começava a retirar alguns livros e anotações de sua mochila. As outras garotas continuavam a observar, e Arisu podia sentir os olhares irritados e ciumentos direcionados a ela. Tentou ignorá-los enquanto começava a revisar os materiais com Darius.

O tempo passou rapidamente, e logo o sinal do almoço soou. Arisu fechou o livro que segurava e se espreguiçou. Darius organizou seus materiais, lançando um olhar atento à expressão ligeiramente nervosa de Arisu.

— Você está bem? — ele perguntou, notando como ela parecia agitada.

— Sim, estou — Arisu respondeu rapidamente, tentando manter a calma. Levantou-se, juntando seus materiais.

— Tem certeza? — Darius insistiu, levantando-se junto com ela.

Ele podia perceber a expressão nervosa que ainda dominava o rosto da jovem. Darius cruzou os braços, avaliando-a de cima a baixo.

— Sim, estou perfeitamente bem. Está tudo bem — Arisu insistiu, tentando não parecer tão nervosa. Ela fechou a bolsa e a colocou no ombro, evitando olhar diretamente para Darius.

A expressão de Darius continuou séria enquanto observava a atitude de Arisu. Era evidente que ela não estava “perfeitamente bem” como dizia.

Ele soltou um suspiro, percebendo que ela claramente estava nervosa. Aproximou-se dela, inclinando-se para murmurar suavemente em seu ouvido.

— Você não engana ninguém...

Arisu estremeceu com a aproximação de Darius, sua voz sussurrando perto de seu ouvido. O hálito quente dele a fez sentir calafrios. Ela fechou os olhos por um momento, tentando se recompor, mas seu coração batia mais rápido, e o rubor voltava a tomar conta de seu rosto.

Darius permaneceu próximo por alguns instantes, seu olhar fixo no rosto de Arisu. Ele percebeu claramente sua reação, o rubor se intensificando e seu coração acelerando.

Então, ele se afastou.

— Nos vemos mais tarde, então.

— Ah, uhum... nos vemos mais tarde — Arisu respondeu, suspirando nervosamente, ainda sentindo a presença de Darius próxima a ela.

Virando-se, Arisu saiu da sala de aula, tentando se acalmar enquanto caminhava pelos corredores da escola. Contudo, não conseguia deixar de pensar na sensação do hálito de Darius tão perto de seu ouvido. Mordeu o lábio, tentando afastar os pensamentos que começavam a invadir sua mente.

......................

Mais tarde, Arisu ouviu uma batida na porta de sua humilde casa. Estava na cozinha, terminando de preparar alguns lanches, quando se dirigiu até a porta e a abriu, surpresa ao encontrar Darius do outro lado.

— Oi. Você chegou — ela disse, tentando manter a compostura. O nervosismo ainda a acompanhava, mas ela tentava mostrar o contrário.

— Sim... espero não ter me atrasado — Darius respondeu, enquanto entrava e observava o ambiente acolhedor.

Arisu notou a atenção dele voltada para sua tia, que estava sentada em uma das bancadas.

...Uma foto da tia de Arisu...

— Ah, aquela é a minha tia — explicou suavemente, caminhando até onde Darius estava. — Nós duas moramos juntas.

— Você não possui pais? — Darius perguntou, curioso.

— Meus pais... morreram quando eu ainda era criança — Arisu respondeu, com um tom quase inexpressivo, esforçando-se para manter a calma ao falar sobre o assunto delicado. — Desde então, é só eu e minha tia. Moramos juntas há anos.

— Sinto muito — Darius disse, sua expressão séria refletindo empatia.

— Está tudo bem — Arisu afirmou, soltando um suspiro. Tentava não dar muita importância ao assunto, mas o desconforto era palpável.

Depois de desfrutarem dos lanches preparados por Arisu, começaram a estudar. Darius olhava curioso para o caderno dela.

— Você precisa mesmo de tudo isso para pesquisar sobre um prato coreano que nós dois gostamos e falar sobre ele em um slide? — questionou, com um semblante interrogativo.

— Bom, sim. É bom ter várias informações para fazer um trabalho decente, não acha? — Arisu respondeu, cruzando os braços enquanto o observava.

— Você precisa relaxar um pouco. Estou apenas fazendo pesquisas detalhadas; afinal, é trabalho de faculdade. Não é algo simples — ela afirmou, um pouco irritada com o comentário de Darius.

— Hum... eu não consigo me concentrar nesse ambiente. Vamos para um lugar mais fresco? — ele sugeriu.

— Ah, sim, claro. Você quer ir para minha varanda? É um local tranquilo — Arisu respondeu, pensando no ambiente mais calmo.

— Hum... pensei em um lugar mais longe — Darius disse, com um ar de determinação.

— Mais longe? — Arisu perguntou, confusa com a sugestão.

— Coloque tudo na minha mochila — Darius ordenou.

Arisu franziu a testa, confusa com a súbita ordem. Olhou para ele, sem entender o porquê, mas acabou fazendo o que ele pediu. Colocou tudo na mochila dele.

— Pronto. É tudo que iremos precisar — Darius afirmou, colocando a mochila no ombro. Arisu ainda estava um pouco confusa, mas não questionou o que ele planejara.

— Você conhece o templo Fenpei? — Darius indagou.

— Sim, eu conheço — Arisu respondeu, lembrando-se do templo conhecido por quase todos os habitantes da ilha Nexothia.

— Vem comigo — ele disse, começando a caminhar.

— Tudo bem — Arisu respondeu, ainda intrigada com o motivo da escolha de Darius, mas decidiu seguir.

Caminharam em silêncio enquanto se dirigiam ao templo, trocando apenas olhares discretos. Logo, chegaram ao templo, que ficava a dois quilômetros da costa.

Arisu olhou ao redor, admirando a beleza do templo, com suas torres de estilo chinês se erguendo imponentes. O lugar era realmente encantador.

— O que estamos fazendo aqui? — Arisu perguntou, enquanto observava os arredores.

Darius, de repente, a pegou pelo colo e saltou até a parte mais alta da estrutura.

— A-aaah! — Arisu exclamou, perplexa com o movimento súbito. Sentiu o coração disparar enquanto se segurava firmemente aos braços dele.

— O que você está fazendo?! — ela perguntou, a voz repleta de nervosismo.

— Você poderia pelo menos avisar antes de me pegar do nada! — exclamou, ainda agarrada a ele, enquanto seu coração batia descompassado.

Darius permaneceu em silêncio, segurando Arisu enquanto ela se acalmava gradualmente. A vista do templo era mágica, com o mar à vista e a luz do sol iluminando a cena.

— Olhe — Darius indicou, sua voz calma.

Arisu desviou o olhar da expressão dele e focou na direção em que Darius apontava. A altura proporcionava uma vista impressionante, onde era possível ver um pedaço da costa da Europa e da Ásia.

— Nossa... — Arisu ficou em silêncio, admirando a beleza do lugar. A cena era deslumbrante, e ela sentia uma emoção desconhecida brotar em seu peito.

— É incrível... — afirmou, a voz suave enquanto observava a paisagem.

— Você sempre viveu nessa ilha? — Darius perguntou, curioso.

Arisu hesitou, pensando na resposta.

— Sim. Sempre morei aqui... — disse, mordendo o lábio, mantendo o olhar fixo em Darius.

— Meus pais também viveram aqui, antes de... — ela fechou os olhos, tentando conter a tristeza que sempre surgia ao mencionar seus pais.

Darius observou em silêncio, notando a dor nos olhos de Arisu. Ele ponderou sobre como poderia confortá-la, mas as palavras pareciam não vir.

— Está tudo bem... — Arisu disse, tentando se recompor. Ela abriu os olhos e encarou Darius, esforçando-se para manter a calma.

— Por que me trouxe aqui? — ela perguntou, mudando de assunto após um momento de silêncio. Olhou em volta, admirando o ambiente novamente.

— Achei que seria mais fácil nos concentrarmos aqui — Darius respondeu, observando como Arisu parecia mais tranquila.

— É realmente um lugar... inspirador — Arisu afirmou, olhando ao redor. O cenário era calmo e perfeito para estudar.

— Você consegue... ler os pensamentos? — Arisu perguntou hesitante, a curiosidade transparecendo em seu olhar.

— Por eu ser um vampiro? — Darius indagou, captando a lógica da pergunta.

— Sim, por causa de você ser um vampiro — Arisu confirmou.

— Não consigo ler pensamentos. Isso é uma habilidade adicional — Darius explicou.

— Habilidade adicional? — Arisu franziu o cenho, intrigada.

— Todas as quatro famílias principais de vampiros puro-sangue possuem uma habilidade hereditária. A habilidade é a mesma em cada família. Nós, os Moretti, da Europa, podemos usar telepatia. Os Akabane, do Reino Unido, têm a habilidade de curar. Os Lensky, da Rússia, podem se transformar em névoa. E os Kyūketsuki, do Japão, podem controlar a mente de animais — Darius explicou, com um tom de seriedade.

— Entendi — Arisu afirmou, pensativa. — Seu poder de controle mental... funciona em mim?

— Meus poderes funcionam em todos os humanos — Darius afirmou, simples e direto.

— Ah... — Arisu murmurou, refletindo. — Você consegue controlar seus poderes? Não faz... acidentalmente?

— Pelo amor, eu tenho 149 anos de experiência usando esse poder — Darius respondeu, com um leve riso.

— Certo. Só queria saber — Arisu disse, tentando desviar o olhar.

— Você é sempre assim? — Darius perguntou, um sorriso sutil no canto dos lábios.

— Assim como? — Arisu indagou, confusa.

— Assim. Você parece um saco de perguntas — ele respondeu, divertindo-se.

— Oh... — Arisu suspirou, percebendo que realmente estava fazendo muitas perguntas.

— Vamos estudar, que eu prometi estar em casa às 9 — Darius declarou, mudando o foco.

— Tudo bem — Arisu concordou, suspirando. Ela se virou e pegou seu livro na bolsa, sentando-se no chão e preparando-se para começar a estudar.

Arisu e Darius se concentraram nos estudos, permanecendo no topo do templo até o entardecer. Quando perceberam que a luz do dia estava se esvaindo, se despediram da vista e desceram em direção à casa de Arisu.

Enquanto caminhavam lado a lado, o silêncio envolvia os dois, quebrado apenas pelos sons dos passos na escuridão da noite. Os arredores estavam desérticos, com apenas alguns faróis de carros passando na estrada próxima.

Conforme continuavam a andar, o tempo parecia passar rapidamente enquanto conversavam. O sol já havia se posto e a escuridão se espalhava pelo céu. Arisu olhava para as estrelas, perdida em seus pensamentos.

— Você... se importa se eu fizer uma pergunta? — Arisu finalmente encarou Darius novamente.

— Fique à vontade para perguntar — Darius respondeu, surpreso com a pergunta inesperada.

— Como é... ser um vampiro? — Arisu hesitou, tentando ser delicada enquanto expressava sua genuína curiosidade.

— Bem, acho que não é muito diferente de como vocês humanos vivem — Darius respondeu, pensativo. Ele olhou para o céu, perdido em lembranças.

— Entendo. Mas e quanto aos aspectos físicos? Como seu metabolismo, temperatura corporal, essas coisas — Arisu insistiu, mantendo os olhos fixos nele.

— Metabolismo normal humano, temperatura corporal quase idêntica à de vocês, embora um pouco mais baixa. Nada realmente fora do comum — Darius disse, com um tom de indiferença enquanto recordava algumas informações.

— Então você é fisicamente como um humano normal? — Arisu questionou, um leve tom de incredulidade em sua voz.

— Até certo ponto, sim. A diferença é que sou um pouco mais forte, devido à minha constituição vampírica — Darius respondeu, olhando diretamente para Arisu.

Os olhos dela se arregalaram enquanto absorvia essa nova informação. Sempre imaginara que vampiros eram seres perigosamente poderosos, mas a imagem que Darius transmitia era diferente do que esperava.

Enquanto caminhavam em silêncio, um vampiro distorcido surgiu, descendo de uma árvore próxima.

— O que foi isso?! — Arisu soltou um gritinho de surpresa, observando o vampiro que havia aparecido repentinamente.

— Quieta! — Darius sibilou, seu olhar fixo no vampiro que os encarava.

— O que ele quer...? — Arisu perguntou, tentando falar o mais baixo possível, a apreensão evidente em sua voz.

— Nejires possuem instintos mais animais, então acredito que ele esteja apenas com fome — Darius respondeu, franzindo o cenho enquanto analisava a criatura.

— Ótimo! — Arisu disse com sarcasmo, um suspiro escapando de seus lábios enquanto observava o vampiro, que parecia perigosamente forte.

O nejire rosnou agressivamente, preparando-se para atacar, mas Darius o enfrentou antes que pudesse se mover. Com uma velocidade mortal, agarrou o vampiro pelo pescoço, estalando-o com força.

O vampiro soltou um rosnado de dor, tentando se libertar, mas sem sucesso. Arisu observou o confronto, sentindo a adrenalina percorrer seu corpo.

Darius então o soltou com um forte empurrão, fazendo-o voar alguns metros para trás e cair no chão. Ele deu passos em direção ao vampiro, parecendo pronto para encerrar a luta. No entanto, um segundo vampiro apareceu repentinamente e atacou Darius.

Surpreendido, Darius foi derrubado pelo novo adversário. Arisu assistiu, apreensiva, enquanto os dois lutavam no chão.

— Darius! — exclamou, o desespero crescendo à medida que via Darius se esforçar para afastar o vampiro.

Darius lutava com todas as suas forças, mas o vampiro era feroz. As garras do inimigo arranharam seu rosto e mãos, fazendo sangue escorrer.

— Ah não! — Arisu murmurou, apavorada. Instintivamente, correu em direção a Darius, mas lembrou-se de que não poderia ajudá-lo. Apenas podia observar com desespero.

O sangue de Darius respingou na pele morta dos vampiros, agindo como ácido. O contato fez com que eles experimentassem uma intensa sensação de queimadura, gritando de dor enquanto se afastavam.

Aproveitando a oportunidade, Darius se levantou, encarando os vampiros com um olhar mortal. As marcas em suas peles murchas os deixavam hesitantes.

Darius tirou um crucifixo que sempre carregava consigo e o ergueu na frente dos vampiros, que demonstraram desconforto com sua presença.

— Aberrações estereotipadas... é isso o que vocês são — Darius proferiu com desdém.

Os vampiros rosnaram em frustração, irritados com a provocação. Hesitantes, eles não ousaram avançar.

Darius observou os vampiros com desprezo, seus olhos transparecendo raiva, enquanto segurava o crucifixo. Um deles recuou, ainda hesitante.

Darius avançou rapidamente, agarrando o braço do vampiro. Com um movimento ágil, arremessou-o ao chão, inclinando-se até o rosto da criatura.

O vampiro rosnou, tentando se libertar, mas era inútil. Darius tinha um agarre imenso, e o vampiro estava à mercê de sua força.

Darius começou a apertar o pulso do vampiro, os ossos se quebrando sob sua pressão. O vampiro soltou gritos de dor, mas Darius não hesitou.

Então, com suas presas afiadas, ele cravou os dentes no braço do vampiro, sugar seu sangue. O gosto era horrível, e Darius logo se desprendeu, cuspindo o líquido negro com repulsa.

O vampiro, agora em estado deplorável, gemia de dor, enquanto tentava conter o sangue que jorrava do ferimento.

— Vampiros puro-sangue e vampiros nejire. Um é vivo, o outro é morto-vivo — Darius pensou, observando o cenário.

Ele limpou a boca com as costas da mão, observando o braço despedaçado do vampiro. A diferença entre eles era evidente, e Darius sabia que o vampiro estava completamente indefeso.

Com um sorriso zombeteiro, ele ergueu a palma da mão direita, as unhas longas como garras de tigre. Arisu, assustada, fechou os olhos, ouvindo o som da decapitação.

Darius olhou para Arisu, tentando acalmá-la. Ela, ainda em choque, perguntou o que aconteceu.

— Ele virou cinzas depois que eu matei — Darius respondeu, limpando o sangue negro do rosto.

— Um nejire... virou só cinzas? — Arisu perguntou, surpresa.

— Nejires não possuem almas. Assim, quando morrem, se transformam em cinzas — explicou Darius, observando o ambiente ao redor.

— Oh... — Arisu murmurou, olhando para o chão, onde não havia vestígios do vampiro.

— Podemos ir embora agora? — Darius perguntou, seu olhar fixo em Arisu.

— Sim, claro. Estou pronta — Arisu respondeu, ainda um pouco abalada, mas decidida a seguir em frente.

Enquanto caminhavam, Arisu se manteve próxima a Darius, buscando segurança após a cena violenta que presenciara. O caminho era silencioso e tenso, com ambos imersos em seus pensamentos enquanto atravessavam o bosque escuro.

— Ei, Darius! — Arisu chamou, quebrando o silêncio que pairava entre eles.

— Hum? — Darius respondeu, voltando o olhar para ela.

— Posso fazer mais uma pergunta? — Arisu perguntou, hesitando um pouco.

— Fique à vontade para perguntar o que quiser. — Darius a encorajou, curioso.

Arisu hesitou, como se não soubesse ao certo como formular a pergunta. Finalmente, decidiu encarar Darius diretamente, com os olhos arregalados.

— Desculpe se parecer rude, mas... — começou ela, com um tom de desculpa.

— Pode perguntar, estou pronto para responder. — Darius a tranquilizou, soltando um leve suspiro.

Arisu mordeu o lábio, ainda tentando encontrar as palavras certas. A curiosidade pulsava dentro dela, mas a timidez a mantinha travada.

— Você está com muita sede, não está? — perguntou, finalmente liberando a dúvida que a incomodava.

— Por que a pergunta? — Darius respondeu com uma leve risada.

Ela se encolheu um pouco, sentindo-se boba por fazer uma pergunta que poderia parecer tão ofensiva.

— É só que... você acabou de beber sangue, e achei que...

— Ah. Aquele morto-vivo tinha um sangue tão podre que eu perdi a sede na hora. — Darius respondeu, com indiferença.

Arisu franziu o cenho diante dessa revelação. Parecia horrível o que Darius havia passado, beber daquele sangue repulsivo.

— O sangue era assim tão horrível? — questionou, intrigada.

— Podre. Como beber de um cadáver. — Darius disse, com a mesma indiferença.

— E... é assim com todos os vampiros? — Arisu continuou, ainda fascinada.

— Com os puro-sangue, não. O sangue deles tem um gosto agradável, como se fosse vinho. Mas nem me pergunte como sei disso. — Darius explicou, com um leve sorriso.

Arisu assentiu, absorvendo aquelas informações. A diferença entre os vampiros era realmente surpreendente.

— E... — hesitou novamente, antes de fazer sua próxima pergunta. — E... quanto de sangue você precisa por dia?

— Quando eu me alimento, eu bebo para a semana inteira. No caso, são 700 ml. — Darius respondeu, como se fosse algo totalmente normal.

Arisu arregalou os olhos, surpresa com a quantidade que ele mencionava.

— Uma semana!? — A surpresa em sua voz era evidente.

Darius assentiu, parecendo totalmente impassível diante daquela quantidade, como se fosse algo habitual para ele.

Arisu mordeu o lábio novamente, processando esta informação. Era surreal pensar que aquele garoto diante dela podia sobreviver por uma semana apenas com uma pequena quantidade de sangue.

— E... se você não beber sangue... o que acontece? — Arisu questionou, sua mente repleta de novas curiosidades.

Um breve momento de silêncio se instalou, enquanto Darius parecia reviver lembranças desconfortáveis. Seus olhos escuros se fixaram em Arisu, com uma expressão um pouco sombria.

— Quando fico sem beber sangue, fico extremamente enfraquecido. A sede aumenta, a visão fica turva e as dores de cabeça são insuportáveis. — explicou, sua voz carregada de sinceridade.

Arisu permaneceu em silêncio, absorvendo as palavras de Darius. Sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao imaginar as condições desconfortáveis que ele descrevia.

— Parece tão... doloroso — murmurou, sentindo uma ponta de empatia.

— É... mas estou acostumado com isso. — Darius respondeu, um quase imperceptível tom de cansaço em sua voz.

Arisu franziu o cenho, percebendo aquela nota de exaustão nas palavras dele. Era como se ele carregasse um fardo invisível há muito tempo, sem que ninguém notasse.

— Isso... acontece com frequência? — perguntou, o tom de sua voz suave.

Darius a encarou por alguns momentos antes de responder, seu olhar parecia carregar um peso que Arisu não conseguia compreender completamente.

— Sim, mais do que eu deveria. Mas acontece. — sua expressão não demonstrava emoção, mas por baixo havia um cansaço constante.

Arisu mordeu o lábio, seu coração apertado ao perceber a fadiga acumulada em Darius. Ele parecia tão habituado ao sofrimento que não percebia mais.

— Certo... então, quando foi a última vez que você bebeu sangue? — perguntou, tentando ser delicada.

— Vejamos... acho que há uns quatro dias. — Darius respondeu, como se a informação fosse trivial.

Arisu franziu o cenho, notando que Darius tinha um intervalo considerável entre as refeições. Era uma realidade desconcertante para ela.

— Apenas quatro dias atrás? — questionou, espantada com a duração do intervalo. — Isso é saudável?

— Para um puro-sangue, isso é normal. Alguns conseguem ficar meses sem sangue numa boa. — Darius explicou, sua indiferença evidente.

Arisu arregalou os olhos mais uma vez diante dessa informação. Meses sem sangue? Isso parecia tão... surreal.

— Meses? — Ela murmurou, quase sem acreditar. — E como você fica durante todo esse tempo?

— Eu fico... normal. — Darius respondeu, como se isso fosse óbvio.

Arisu o encarou, tentando decidir se acreditava naquilo. Era difícil entender como Darius poderia se sentir "normal" sem beber sangue por tanto tempo.

— Mas você não fica com sede? — questionou, sua mente ainda lutando para compreender.

— Não. Só se passar um dia a mais do que o previsto para a minha alimentação. — Darius respondeu, a indiferença clara em sua voz.

Arisu permaneceu em silêncio, tentando digerir essa informação. Era uma realidade tão diferente da sua que se sentia confusa.

— Então, se você passa do dia previsto, você fica com sede? — perguntou, tentando entender a dinâmica da sede de Darius.

— Sim, mas não sou obrigado a me alimentar imediatamente. Meu corpo apenas fica fraco durante o período de espera. — Darius respondeu, sua indiferença evidente.

Arisu o encarou novamente, seu olhar transbordando empatia. Ela não podia sequer imaginar a sensação de ter um corpo tão frágil.

— Mas é doloroso? — perguntou, sua voz suave demonstrando uma genuína preocupação.

— Não é algo agradável, digamos assim. — Darius respondeu, um leve tom de indiferença em sua voz. Ele desviou o olhar por um momento antes de continuar. — Mas é suportável. Não é como se eu fosse morrer por não me alimentar no mesmo dia.

Arisu assentiu, embora ainda preocupada com a situação. Ela podia perceber a indiferença de Darius diante da dor que ele sentia, como se fosse apenas parte do cotidiano.

Logo, chegaram à casa de Arisu. Ela olhou para a frente, vendo a visão familiar de sua residência. Era bom estar em casa após um dia tão longo.

— Aqui chegamos... — murmurou, seus olhos passando pela estrutura conhecida. — Obrigada por me acompanhar até aqui — acrescentou, dirigindo-se a Darius.

— Não precisa agradecer. — Darius respondeu, seu olhar fixo na casa de Arisu. — Só queria ter certeza de que você chegaria em casa em segurança — ele acrescentou, desviando finalmente o olhar para ela.

Um leve rubor apareceu nas bochechas de Arisu enquanto a encarava. As palavras de Darius eram gentis, e ela se sentiu confortável com a ideia de que ele se preocupava com ela.

— Bem... obrigada, de novo. — murmurou, um leve sorriso surgindo em seus lábios. — Você... quer entrar? — perguntou, hesitante.

Um canto da boca de Darius se levantou em um pequeno sorriso, parecendo levemente surpreso com o convite.

— Está convidando um vampiro para entrar em sua casa? — ele disse, uma leve provocação em sua voz.

Arisu deu uma risadinha, percebendo a provocação. Cruzou os braços, um brilho travesso em seus olhos.

— Bem, sei que vampiros precisam ser convidados para entrar em uma casa — respondeu, com um tom levemente sarcástico. — Então, sim, estou convidando um vampiro para entrar na minha casa.

Darius arqueou uma sobrancelha, divertido pela brincadeira enquanto a olhava com um olhar travesso.

— Diferente dos nejires, os puro-sangue fazem isso mais por educação do que qualquer outra coisa. — comentou.

— Oh, então você é um homem de boas maneiras? — Arisu perguntou, arqueando as sobrancelhas, um brilho malicioso em seu olhar. Era divertido provocá-lo, ver Darius se tornando um pouco mais acessível.

— Até porque, se fosse o contrário, meu pai me daria cada punição... Ele é um europeu bem tradicional, sabe? — Darius explicou, com um suspiro.

— Oh, é mesmo? — Arisu perguntou, apoiando-se no batente da porta, encarando-o com um olhar divertido. — Então você tem medo do "papai vampiro"? — brincou, cruzando os braços novamente.

— Medo? Não exatamente. A palavra que eu usaria seria respeito. — Darius explicou, cruzando os braços enquanto se encostava na porta. — Meu pai não é do tipo que perdoa erros facilmente. Ele tem expectativas muito altas, e se eu não as cumpro, não hesitaria em me disciplinar.

— Oh... parece cansativo. — Arisu disse, franzindo o cenho com simpatia. Ela não podia imaginar como era conviver com tal expectativa. — Então é por isso que você é tão... — parou, olhando-o de cima a baixo.

— Sério? É o que você vai dizer? — Darius perguntou, arqueando a sobrancelha novamente, percebendo o olhar avaliativo de Arisu.

— Sim, essa é a melhor palavra para descrever você. — respondeu, sem diminuir o olhar. Darius parecia divertido com a situação, mas Arisu não pôde evitar: ele era sério e misterioso, natural que ela o julgasse assim.

— Eu prefiro a palavra reservado. — Darius corrigiu, ainda de braços cruzados enquanto a encarava. — Não sou exatamente uma pessoa... sociável. — acrescentou, franzindo levemente o cenho.

— Sim, eu percebi isso um pouco. — Arisu disse, mordendo o lábio para conter um risinho. Havia algo divertido em provocá-lo, ver sua expressão mudar aos poucos.

— Quando eu falei para meu pai que queria conhecer essa ilha por conta própria, ele quase me matou. As coisas amenizaram um pouco quando eu disse que vinha estudar culinária coreana. — Darius contou, um brilho de ironia em seu olhar.

— Parece que seu pai é uma figura e tanto. — Arisu comentou, apoiando o queixo na mão enquanto o observava. — Mas parece que ele te permitiu vir, pelo menos.

— Ele sempre gosta que aprendamos coisas novas. — Darius respondeu, com um leve sorriso.

— Parece que ele está sempre pensando no melhor para você. — Arisu afirmou, um leve tom de admiração em sua voz. Ela podia notar a devoção que Darius tinha pelo pai, mesmo que ele tentasse esconder por trás de sua expressão austera.

— Então... vamos entrar? — Darius sugeriu, quebrando o momento.

Arisu assentiu, abrindo a porta com cuidado. O rangido suave ecoou no interior, repleto de sombras e silêncio. Ela atravessou a porta primeiro, enquanto Darius a seguiu de perto, fechando a porta suavemente atrás de si.

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