CAPÍTULO 1

Nexothia era uma ilha vibrante, um verdadeiro caldeirão de culturas situada entre a Europa e a Ásia. Embora fosse uma ilha, não faltavam nela distritos, cidades, estados e até bairros, cada um com seu próprio charme. Prédios altos se erguiam em algumas áreas, enquanto em outras, casas aconchegantes se alinhavam lado a lado. Era um lugar onde até usinas encontravam seu espaço, tudo em perfeita harmonia. A população, com seus costumes variados, mesclava tradições europeias e asiáticas: o uso de hashis nas refeições, o respeito profundo pelos mais velhos e uma cordialidade que deixava qualquer um à vontade. E, claro, não podiam faltar os festivais coloridos que enchiam as ruas de alegria.

Com um ambiente tão sustentável e desenvolvido, as universidades floresciam em Nexothia, e uma das mais cobiçadas era a Universidade de Kiyomi. nessa universidade, vários cursos profissionalmentes podiam ser feitos.

A universidade possuía uma floresta logo atrás. e uma das raças que mais saíam daquela floresta eram vampiros. Esses sanguessugas costumavam vir frequentemente àquela ilha para vitimizar pessoas inocentes. Como esses ataques eram frequentes, as pessoas sempre estavam preparadas com uma garrafa de água benta e alho. Afinal, tanto essas coisas quanto o sol combate essas criaturas. Pelo menos é o que todos pensam.

No segundo ano do curso de culinária coreana, Arisu se destacava. Aos 22 anos, essa jovem era completamente viciada em doramas, e seu entusiasmo era contagiante. Seus longos cabelos castanhos caiam em ondas soltas, e seus olhos azuis cristalinos brilhavam com a luz do sol.

...Uma foto de Arisu ...

Certa manhã, enquanto Arisu se acomodava em sua cadeira, um novo aluno foi apresentado à turma. Darius Moretti. O nome ecoou pela sala, trazendo consigo uma onda de curiosidade. O novato tinha olhos castanhos e um cabelo azul tão escuro que beirava o preto. Sua expressão era neutra e fria, e quando ele se apresentou, sua voz soou calma e baixa, quase como um sussurro.

...Uma foto de Darius...

Darius, com seu porte atlético e elegante, atraiu

olhares de inveja dos colegas. Até mesmo a professora, a amável Sra. Kwon, parecia hipnotizada pela aparência dele. Enquanto ele caminhava entre as carteiras, Arisu fixou os olhos nos cadernos abertos à sua frente, tentando parecer desinteressada. Mas, de soslaio, ela não pôde evitar observar o novo colega se acomodar na fileira atrás dela.

Durante a aula, Arisu sentia a presença de Darius logo atrás. Era como se os olhos dele a seguissem, e uma sensação desconfortável começou a se espalhar pelo seu estômago. Quando a campainha finalmente tocou, anunciando o intervalo, Arisu se apressou em guardar seu material na bolsa.

Enquanto caminhava pelo pátio, foi abordada por dois valentões da sala. O coração dela disparou, e ela tentou manter a calma no rosto, mas, por dentro, estava um caos. Os valentões, conhecidos por causar problemas, se aproximaram com sorrisos sarcásticos, prontos para fazer mais uma de suas brincadeiras cruéis.

— E aí, gatinha, que tal sair comigo depois das aulas? — provocou o primeiro, com um sorriso debochado.

— Me solta... me solta, por favor... — implorou ela, a voz tremendo.

Eles riram, apertando-a ainda mais contra a parede.

— Não precisa ter medo. A gente só quer te levar pra um lugar mais íntimo e agradável — disse o segundo, com um olhar malicioso.

— Isso... não precisa ter medo, bonequinha. Vai ser divertido, pode confiar em nós... — acrescentou o primeiro, enquanto colocava a mão no rosto dela.

De repente, um tapa ressoou, afastando o primeiro valentão.

— Ei! Não se meta! — reagiu o segundo, furioso.

O responsável pelo tapa era o aluno novato, Darius Moretti. Ele tinha um olhar frio e neutro, e suas palavras eram sempre tranquilas e baixas, quase como se estivesse em outra dimensão. A aparência dele se assemelhava à de um emo, mas sem o uso excessivo de preto.

— Vocês deveriam deixá-la em paz — disse Darius, a voz baixa, mas firme.

O primeiro valentão, recuperando-se do susto, deu um passo à frente.

— E se não quiser? O que você vai fazer, garotão? — desafiou.

— Ei, parece que ele é meio doente da cabeça, hein? — riu o segundo, olhando de cima a baixo para Darius.

— Vamos colocar as mãos nele e ver se ele aprende a não se meter na nossa conversa — disse o primeiro, com um ar de deboche.

— Exatamente, precisamos mostrar pra ele qual é o lugar de um moleque esquisito como ele — completou o segundo, rindo de forma maliciosa.

Os valentões começaram a se aproximar de Darius, a intenção clara de agredi-lo. O segundo segurava um soco-inglês na mão direita, enquanto o primeiro se preparava para atacar.

— Ei, garoto, eu não recomendaria tentar nenhuma gracinha agora — disse o primeiro, sarcasmo em cada palavra.

— Senão você pode se machucar, sabia? — acrescentou o segundo, com um olhar ameaçador.

Enquanto se aproximavam, Darius permaneceu inerte e calmo. Seus olhos, no entanto, mostravam um brilho intenso. O primeiro valentão desferiu um soco que atingiu o rosto de Darius, enquanto o punho do segundo o acertou repetidamente no abdômen.

A cena era surreal; mesmo com os golpes, Darius não emitia um único gemido, sua expressão permanecia inalterada.

— Não entendo, qual é a desse garoto? Ele sequer sente dor? — questionou o primeiro, enquanto continuava a socar.

— Não sei, mas não consigo suportar mais essa cara de maluco dele! — respondeu o segundo, a irritação crescendo.

Ambos pararam, confusos, enquanto se encaravam.

— Que droga ele tem? Parece um morto-vivo — comentou o primeiro, segurando o punho.

— Esse moleque só pode ser algum tipo de vampiro. Precisamos preparar a água benta... — sugeriu o segundo, um toque de medo na voz.

— Não podemos perder tempo. Eu trouxe o alho comigo — afirmou o primeiro, determinado.

— Sabia que esse alho ia ser útil um dia — riu o segundo, aliviado, enquanto abriam a mochila rapidamente.

Após alguns momentos de busca, o segundo finalmente encontrou o alho na parte de baixo da mochila.

— Aqui, tinha guardado aqui — disse, triunfante.

— Prepare-se, garoto sinistro. Vamos acabar com você agora — alertou o primeiro, apontando a garrafa de água benta para Darius.

— Sim, chegou a hora de mandar você de volta pra cova — acrescentou o segundo, a malícia estampada no rosto.

Eles abriram a garrafa de água benta e, em um movimento rápido, lançaram o líquido em direção a Darius.

— Tome! Essa água benta vai te fritar, morto-vivo! — gritou o primeiro, enquanto o segundo arremessava o alho.

— Você está acabado, vampiro sinistro! — riu o segundo, todos dois divertidos com o plano.

Porém, nada aconteceu. Darius apenas ficou encharcado e com um forte cheiro de alho. seus olhos castanhos agora estavam intensamente vermelhos.

Os valentões pararam, perplexos, enquanto se encaravam novamente, a incredulidade tomando conta.

— Não é possível. Ele não reagiu... — murmurou o primeiro, a voz trêmula.

— Como assim? Era pra ele ter virado cinzas! — exclamou o segundo, agora visivelmente constrangido.

— Vocês acham mesmo que essas coisas funcionam? — perguntou Darius, com um tom irônico que desafiava a lógica dos valentões.

Os dois o encararam surpresos, especialmente pela forma como Darius falava, como se zombasse deles.

— E por que não dariam certo? — indagou o primeiro, irritado.

— Sempre vimos em filmes de terror que coisas como alho, água benta e luz do sol matam vampiros... — explicou o segundo, cada vez mais nervoso.

— Está de dia e eu estou no sol — respondeu Darius, apontando para o céu, onde o sol brilhava intensamente.

Os valentões olharam para cima, percebendo que a luz solar ainda iluminava o pátio.

— Mas como é possível...? — questionou o primeiro, assustado.

Darius estalou o punho cerrado contra a palma da mão, um som seco que ecoou no ar.

Ambos os valentões se encolheram, a preocupação evidente em seus rostos.

— O que você vai fazer...? — gaguejou o primeiro, a voz falhando.

— Acho melhor correrem — disse Darius, um tom de aviso na voz.

Não foi preciso mais do que isso. Os dois valentões saíram correndo desesperados pelo pátio, tentando se afastar de Darius o mais rápido possível, suas risadas e provocações se transformando em gritos de pavor.

Arisu assistiu à cena com incredulidade. Os valentões, conhecidos por intimidar e causar problemas, agora corriam desesperados, aterrorizados pelo novo colega. Darius permanecia indiferente, como se a situação não o afetasse de forma alguma. Arisu se aproximou cautelosamente, ainda surpresa pelo que acabara de presenciar.

— Você está bem? — perguntou Arisu, sua voz trêmula devido à tensão. Darius a olhou, o brilho vermelho ainda presente em seus olhos. A expressão neutra em seu rosto fez com que ele assentisse levemente.

— Por acaso... você é algum tipo de... vampiro? — questionou Arisu, desconfiada. Darius permaneceu imóvel por um momento, e então um leve sorriso surgiu em seus lábios, como se achasse a situação cômica.

— E se fosse? O que você faria? — respondeu Darius, com um tom divertido, como se estivesse brincando com ela. Arisu não esperava essa reação e ficou em silêncio por um instante, incerta sobre como reagir.

— Por que você não reagiu à água benta e ao alho? — questionou Arisu, ainda tentando entender a situação. Darius riu baixinho, aproximando-se dela e ficando a poucos centímetros do seu rosto.

— Você realmente acredita que água benta e alho poderiam ferir um verdadeiro vampiro? — provocou Darius, sua voz baixa e calma. Um arrepio percorreu o corpo de Arisu ao sentir o rosto dele tão próximo do seu.

— Então... se isso não funciona, o que funciona? — perguntou Arisu, finalmente encontrando coragem para se expressar. Darius se afastou levemente, uma mecha de cabelo caindo sobre seu rosto enquanto pensava por alguns segundos.

— Bem, basicamente, fogo e decapitação. É a única forma de matar um puro-sangue — respondeu Darius, com a frieza de quem falava sobre algo trivial.

Os olhos de Arisu se arregalaram ao ouvir isso, e um leve pavor a invadiu. Darius deu um meio sorriso, percebendo a reação dela.

— Mas não se preocupe — continuou Darius, com a voz novamente calma. — Eu não sou um desses vampiros sanguinários que atacam humanos aleatoriamente.

Arisu estava em um dilema. Por um lado, aliviava-se ao saber que não corria o risco de ser atacada por um vampiro; por outro, sentia-se desconfortável com essa nova realidade. Nunca imaginara que houvesse um vampiro em sua turma, vivendo tranquilamente entre os humanos.

— Então... como você consegue entrar na escola durante o dia? — indagou Arisu, curiosa. — Você não seria prejudicado pela luz solar ou algo assim?

Darius deu de ombros, como se a questão não tivesse a menor importância.

— Vampiros mortos-vivos sentem queimaduras pelo sol e viram cinzas, mas eu não sou um desses. Vampiros verdadeiros, como eu, apenas ficam frágeis no sol. Se fosse à noite, você veria que eu conseguiria desviar de todos os golpes daqueles dois e ainda deixá-los inconscientes.

Arisu tentou visualizar a cena, mas era difícil acreditar que Darius pudesse fazer algo assim. Ele a encarava, enquanto ela processava toda essa nova informação. Ele parecia muito diferente dos vampiros que ela conhecia de filmes e livros.

— E as suas presas? — perguntou Arisu, apontando para a boca de Darius. Os dentes dele pareciam perfeitamente normais, nada fora do comum.

— Vampiros verdadeiros podem controlar a forma de suas presas quando querem. Também podemos manipulá-las para crescer e encolher, então você nunca saberia se eu fosse um vampiro apenas olhando para minha boca — explicou Darius, com um tom de satisfação.

Arisu ficou impressionada com a habilidade de Darius de controlar suas presas de forma tão discreta. Ele parecia ter domínio sobre seu corpo de maneiras que ela nunca imaginara. Sentia que ainda havia muito a descobrir sobre ele.

— Há quanto tempo você é um vampiro? — perguntou Arisu, finalmente se sentindo mais à vontade para explorar mais sobre Darius. Ele pensou por alguns momentos antes de responder.

— Como assim? — indagou Darius, com uma expressão de confusão.

Arisu franziu o cenho, confusa com a pergunta.

— O que quer dizer com "como assim"? Estou perguntando há quanto tempo você se tornou um vampiro.

— Eu nasci de um pai vampiro e uma mãe vampira — respondeu Darius, de maneira direta.

Arisu ficou surpresa com a revelação. A ideia de nascer de pais vampiros era algo totalmente novo para ela.

— Isso significa que não houve nenhum tipo de transformação ou algo do tipo? Você sempre foi um vampiro desde o início? — questionou Arisu, sua curiosidade crescendo.

— Vampiros de verdade, como eu, são um caso diferente dos vampiros mortos-vivos que você vê em livros e filmes. Nós não nos tornamos vampiros por morder um ou beber sangue. Nossa espécie simplesmente se originou dessa forma, multiplicando-se por si só — explicou Darius, com a firmeza de quem conhecia bem sua história.

Arisu ficou admirada com a explicação. Nunca imaginara que os vampiros pudessem nascer dessa maneira, como qualquer outro ser vivo. Tudo o que pensava saber sobre vampiros parecia estar completamente errado.

— Então, qual é a principal diferença entre você e os vampiros mortos-vivos? — perguntou, querendo entender melhor as distinções entre os dois tipos de vampiros.

— Como eu disse antes, os vampiros mortos-vivos são mais fracos e desajeitados. Eles ficam debilitados com alho, água benta e luz solar, e precisam se alimentar de sangue constantemente, ou então morrem rapidamente — respondeu Darius, com um tom quase didático.

Arisu acenou com a cabeça, absorvendo mais uma nova informação. Sentia-se como uma criança aprendendo sobre um novo mundo e suas regras.

— Mas você... você também precisa beber sangue para sobreviver, certo? — indagou Arisu, hesitante.

— Sim, mas não de forma tão constante quanto um vampiro morto-vivo. Posso ficar bastante tempo sem beber sangue, enquanto os vampiros mortos-vivos começam a se desintegrar rapidamente quando passam longos períodos sem se alimentar — explicou Darius, com um ar de confiança.

Arisu ficou novamente impressionada. A força física de Darius começava a fazer sentido. Se ele podia beber sangue com menos frequência do que os vampiros mortos-vivos, era natural que ele fosse mais forte e ágil.

— Além disso, nós, os vampiros puro-sangue, possuímos órgãos funcionais. Nossa pele é bem mais saudável do que a dos vampiros mortos-vivos, e somos quentes, embora menos quentes do que os humanos. Temos até nosso próprio sangue correndo nas veias. Contudo, nosso sangue não serve para alimentação. O sangue humano contém uma enzima especial que o nosso não tem. Assim como o nosso sangue possui uma enzima especial que o de vocês não tem — disse Darius, com um tom de seriedade.

As palavras de Darius pareciam um verdadeiro tapa na cara de Arisu, que se via mais uma vez confrontada com informações completamente novas. Nunca antes imaginara que os vampiros verdadeiros pudessem ser tão diferentes dos vampiros mortos-vivos, tendo uma anatomia quase idêntica à dos humanos.

— Isso é... impressionante — murmurou Arisu, quase sem palavras. Ela nunca pensou que existisse uma espécie de vampiros tão diversa e complexa. Levantou a cabeça e percebeu que Darius a observava com um olhar curioso.

— Você tem medo de mim? — perguntou Darius, quebrando o silêncio.

A pergunta pegou Arisu desprevenida. Ela parou para refletir antes de responder. Nunca pensara na possibilidade de temer Darius. Havia muito a considerar, mas não havia razão para temê-lo.

— Não... não tenho. Por que eu teria medo de você? — respondeu Arisu, com sinceridade.

— Bem, a maioria dos humanos tem... e a maioria dos que não têm ainda assim sente algum tipo de aversão por mim. Isso é natural... medo, repulsa, nojo... — comentou Darius, com um tom de desdém.

— Bom... eu não tenho nenhum desses sentimentos. Para ser sincera, acho você bastante interessante — admitiu Arisu, um sorriso tímido surgindo em seu rosto.

— Você é estranha — disse Darius, observando-a com um semblante sério.

Arisu não soube se ria ou se ficava ofendida com o comentário de Darius.

— Você me chama de estranha só porque eu não tenho medo de um vampiro? — questionou, com um toque de incredulidade.

— Não, estou te chamando de estranha porque você está agindo como se fosse perfeitamente natural conviver com um vampiro e conversar com um como se estivesse falando com um humano qualquer — explicou Darius, com um ar de curiosidade.

— E qual é o problema de agir assim? Você disse que não é de machucar humanos, né? Então não precisa se preocupar que vou contar para alguém o seu segredinho. E eu nunca pensei que teria a chance de falar com um vampiro, então... estou apenas aproveitando a oportunidade enquanto ainda posso — respondeu Arisu, com determinação.

— É isso... essa é a estranheza. Você está conversando muito casualmente com um vampiro e não está nem aí para o que eu sou. Mesmo que eu pudesse te agarrar a qualquer momento e te morder, não é? — provocou Darius, um brilho travesso em seus olhos.

As palavras de Darius começaram a afetar Arisu. Ela percebeu que poderia haver algo de errado com ela. A maioria das pessoas ficaria apavorada de conversar assim com um vampiro, mas não ela. Ela não sentia medo algum. Pelo contrário, a ideia de conversar com um vampiro a fazia sentir-se até mesmo... à vontade.

— Você não vai me morder, eu sei disso — assegurou Arisu, com uma expressão confiante.

— É disso que estou falando... qual é o seu problema? É falta de auto-preservação ou algo assim? Por que um humano normal nunca conseguiria agir do jeito que você está agindo agora? — perguntou Darius, com um tom de curiosidade.

— Não acho que seja nada disso. É só que... você não parece ser um vampiro perigoso. Você agiu normalmente até agora, não fez nada para me assustar e... eu nem sei... eu só não sinto nenhum tipo de perigo vindo da sua direção — explicou Arisu, gesticulando levemente.

Darius a encarou em silêncio por alguns momentos. Depois, deu um leve suspiro e falou novamente.

— Você tem sorte de eu ser um vampiro de boa índole, de bom caráter. Se você fosse tão descontraída assim perto de qualquer outro vampiro nesse mundo, já estaria morta.

Arisu sabia que Darius tinha razão. A maioria dos vampiros não hesitaria em atacá-la se soubessem de sua natureza "tranquila". Ainda assim, ela não conseguia evitar agir como agia ao lado de Darius, sentindo uma confiança inexplicável.

Os olhos de Darius finalmente deixaram de ser vermelhos e voltaram à sua cor castanha normal. Arisu sentiu-se aliviada ao ver essa mudança. Um suspiro profundo escapou de seus lábios, e ela começou a se sentir mais calma, sem o olhar vermelho e penetrante do vampiro.

Darius permaneceu em silêncio, observando a reação de Arisu. A situação ainda era estranha para ele. Ela era a primeira pessoa que conseguia ficar ao seu lado sem se encolher de medo ou repulsa.

— E... o que você faz em uma universidade? De tantos cursos que prestam aqui, por que culinária coreana? — Arisu perguntou, interessada.

A pergunta pegou Darius desprevenido. Depois de alguns momentos de silêncio, ele respondeu.

— Na verdade, eu nem queria estar aqui. Mas meu pai me obrigou a estudar algo. Então, decidi me inscrever em culinária apenas porque gostava da comida coreana — explicou Darius, com um tom de resignação.

Arisu ficou um pouco surpresa com a sinceridade dele. Não tinha pensado que um vampiro se preocuparia com coisas como ir para a universidade.

— Por que seu pai te obrigou a estudar? — indagou Arisu, a curiosidade pulsando em sua mente.

— Na real, meu pai quer que eu seja um diplomata, como ele. Mas eu sou rebelde — respondeu Darius, um leve sorriso se formando em seus lábios.

Arisu não pôde evitar uma risadinha ao imaginar um vampiro sendo rebelde.

— Então você é basicamente um filho mimado que não gosta de seguir as ordens — brincou Arisu, piscando um olho.

— Eu não diria mimado, e sim independente. A vida não é fácil quando você tem um pai extremamente tradicional por perto — disse Darius, com um ar de seriedade.

Arisu estava começando a gostar cada vez mais de Darius, apesar de sua aura e aparência assustadoras. Ela não o via como um vampiro perigoso, mas como alguém com um exterior difícil e um interior sensível.

Os dois começaram a perambular pelo campus enquanto conversavam sobre assuntos triviais. Enquanto caminhavam, Arisu notou que Darius tinha reflexo nos espelhos e que o sol incidia sobre eles, fazendo com que Darius projetasse sombra.

Arisu ficou surpresa ao notar que Darius possuía reflexo e sombra, apesar de ser um vampiro. Ela estava começando a entender que ele não era o clássico vampiro dos filmes. Em vez disso, ele era uma entidade própria, com sua própria anatomia e habilidades.

Enquanto continuavam a andar pelo campus, Arisu não pôde deixar de notar que Darius era extremamente alto e ágil, conseguindo andar rapidamente enquanto ela tentava acompanhá-lo o melhor que podia.

Darius, por sua vez, notou os cabelos castanhos ondulados e longos de Arisu, que se estendiam até seus pés.

— Ei, seus cabelos não atrapalham em nada na hora de andar? — perguntou Darius, com um tom curioso.

Arisu parou para refletir sobre o comentário inesperado. Depois de alguns segundos, deu um leve suspiro e respondeu.

— Bem, às vezes. Mas eu gosto deles longos — confessou, um sorriso nos lábios.

— Deve ser cansativo cuidar de cabelos tão compridos, não? — questionou Darius, observando-a atentamente.

Arisu sorriu novamente, sabendo bem o quanto seus cabelos eram grandes e difíceis de cuidar, mas mesmo assim, nunca pensara em desistir deles.

— A-ah, sim. Tem horas que é meio difícil cuidar deles. Mas, ao mesmo tempo, eles me dão um charme especial — respondeu Arisu, com um brilho nos olhos.

Darius parecia ponderar sobre as palavras de Arisu, com o olhar ligeiramente desviado. Depois de alguns momentos, ele finalmente respondeu.

— Eu não posso opinar muito, já que não me preocupo muito com meu próprio cabelo. Mas... acho que consigo entender um pouco do que você quer dizer — disse Darius, com um ar pensativo.

Arisu sorriu mais uma vez. Ela estava começando a gostar ainda mais da companhia de Darius, apesar de toda a estranheza da situação. Ele era um vampiro, mas ao mesmo tempo, era alguém interessante e atencioso. O contraste entre sua aparência e sua personalidade surpreendia Arisu, que nunca esperaria algo assim de um vampiro.

O sinal do fim do intervalo tocou, fazendo Arisu suspirar profundamente ao lembrar-se de que a aula iria recomeçar.

— Bem, acho que é hora de voltarmos, né? — sugeriu Arisu, olhando para Darius.

— Acho que sim — respondeu Darius, começando a andar em direção ao prédio principal da universidade.

A essa altura, acompanhá-lo parecia completamente natural para Arisu, apesar de tudo.

— Você promete guardar segredo? — perguntou Darius, olhando para ela com seriedade.

Arisu parou de andar ao lado de Darius, encarando os olhos castanhos dele. Com uma confiança inesperada, respondeu.

— Sim. Prometo guardar segredo — assegurou Arisu, sentindo um peso na responsabilidade.

— Que bom. Se alguma coisa vazar, a minha família vai atrás de você — alertou Darius, com um tom sombrio.

Arisu franziu o cenho, lembrando-se da família tradicional de Darius.

— Você fala como se sua família fosse da máfia ou algo do tipo — comentou, tentando aliviar a tensão.

— Bom, a minha família não é exatamente da máfia, mas são bastante influentes e muito tradicionais. Qualquer deslize, qualquer falha, e você vai ter uma família de vampiros descontentes na sua cola — respondeu Darius, com um tom sério.

Arisu não pôde deixar de estremecer um pouco com as palavras de Darius. A ideia de ser perseguida por uma família de vampiros era assustadora, para dizer o mínimo.

Eles entraram na sala de aula. Enquanto Arisu se sentava em seu lugar, não pôde deixar de pensar na conversa que tivera com Darius durante o intervalo. Era surreal que ela havia acabado de conversar casualmente com um vampiro e agora iria assistir à aula com ele sentado logo atrás dela.

Enquanto Darius se acomodava atrás dela, algumas garotas cochichavam sobre aquele rapaz encantador. As garotas da turma não conseguiam desviar o olhar de Darius, admirando sua aparência e beleza surpreendente.

Arisu ouvia os cochichos e não conseguia evitar uma pontada de ciúme ao ver as garotas admirando Darius daquela forma. Ele, por outro lado, parecia completamente alheio à atenção que recebia. Apenas se sentou em sua carteira, mexendo no celular, enquanto as conversas continuavam.

A aula começou, e mesmo com todas as distrações, Arisu se forçou a prestar atenção. Sabia que era importante se concentrar na aula, mas toda vez que sentia o olhar de Darius por trás dela, era difícil manter o foco. As garotas continuavam a admirar Darius, mas Arisu tentava ignorar o fato e se manter concentrada, mesmo que o coração acelerasse a cada instante.

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