Eu havia feito 14 anos há 3 meses atrás. Por nascer no fim do ano era comum eu ser o mais velho da turma por causa da faixa etária escolar. Mesmo assim eu era o menor de todos praticamente as pessoas pensavam que eu tinha 11 ou 12 anos de idade.
Eu ficava chateado pois eu era uns dos mais velhos, mas todos me tratavam feito uma criança ainda, não me chamavam para as festas, para clubes e nem nada, por ter rosto de criança e um corpo pequeno! Eu tinha alguns amigos de umas turmas de séries anteriores a minha, mas não éramos tão próximos. Éramos só conhecidos, pois só ficávamos juntos em times de futebol com pessoas do mesmo tamanho ou faixa etária, e como eu era ruim em tudo, me colocaram só para pegar a bola quando ela saía da quadra, já que fui excluído de ser goleiro.
Eu nunca foi o destaque na turma, e já tava acostumado com isso. As garotas começaram a arranjar algumas paqueras, e eu fiquei animado, as garotas maiores não me queriam, mas as menores eu ainda tinha chances, porquê os garotos mais velhos não gostavam de sair com garotas muito pequenas por parecerem crianças apesar de seus 13 e 14 anos.
E como eu era mais velho, era provável alguém me querer, por causa da minha idade, já que garotas gostam de homens altos ou mais velhos, eu era a segunda opção!
E animado com isso eu jogava meu charme irresistível em todas as garotas da turma e das outras também. Eu sorria para todas, quem me quisesse eu queria também, mas eu tinha preferência na Maria Alice, se eu tivesse namorando outra e Maria Alice me quisesse, infelizmente eu a trocaria pela minha deusa Maria Alice! Secretamente eu a amava desde o 2°ano, e ninguém sabia disso!
E com todo mundo se envolvendo com alguém na sala, e as únicas que sobravam eram as baixinhas que não me queriam também. Eu não entendia o porquê elas não me queriam! Eu sou irresistível e só era um pouco distraído, isso não era motivos de todos me evitarem. Então bolando esquemas para ser mais notado de um jeito bom, veio na escola o concurso de talentos, anualmente havia aquilo e era meu momento de aparecer, eu não me inscrevi, mas iria mostrar a minha peça preciosa somente para Maria Alice.
Era nele que eu ia mostrar ser tão bom quanto os outros, apesar de não ser bom em nada na escola, eu sabia riscar muito bem, eu desenhava com meu pai quando ele vivia comigo. Ele sempre me dizia que eu era bom e seria um artista famoso quando crescer, eu ia ser isso aí que ele disse, queria impressioná-lo.
Era o que eu pensava ser, mas ninguém gostava muito do que eu fazia e acabei ficando chateado, principalmente quando meu pai foi embora e minha mãe não gostava que eu o via, dizendo que não queria que eu fosse idêntico a ele. Ela o odiava sem motivo algum, e eu a escutava, então parei de riscar pra não deixá-la triste, ela odiava meu pai e eu era idêntico a ele fisicamente imagina ela vendo eu fazer as mesmas coisas que ele!
Mesmo assim eu ia fazer isso escondido dela de novo, queria ser alguém naquela escola e impressionar a Maria Alice, eu ia fazer de tudo para ser mais que um cara estranho com transtorno naquela escola! Então comprei os materiais de desenho e um pacote de canson, havia tanto tempo que não sentia aquilo em minhas mãos, aquele cheiro de material. Era uma delícia cheira-los e tocá-los, e animado eu coloquei o lápis no papel, mas não conseguia fazer nada, eu não conseguia nem fazer um boneco palito na folha, peguei referências e vi que eu era ruim nisso também.
Então joguei as coisas para lá e chateado fui pra minha cama, sonhar acordado com minha deusa novamente, eu a namorava todos os dias, mas ela não sabia, e quando souber eu irei pedi-la em casamento, para que não fuja de mim.
Então me empolguei de novo, risquei como se o mundo fosse explodir num imenso arco-íris e saísse ursinhos carinhosos de dentro dele devorando as pessoas e cantando aquela sua música "Não tenha medo se algo te ameaçar, os ursinhos surgem de algum lugar", quem diabos canta essa coisa? Imagina um urso sair de lugar algum cantando isso! Isso é um pesadelo para todos, principalmente quando soube que eles saem de algum lugar dos céus! Argh que medo!
E riscando empolgado, senti fome e corri para cozinha, fui fazer o alimento extremamente saudável, rápido e prático de fazer, sem contar meus dotes na cozinha que são perfeitos! Eu coloquei a água para ferver, e com o tempero simples de galinha caipira e um pouco de sazon, e aquela massa pré cozida e chamativa, só pedia para ser finalizada com um toque de amor e tempero, principalmente mais sazon para ficar gostoso!
E isso foi minha janta, miojo de galinha caipira, um produto alimentício saudável e gostoso, principalmente em excesso que não causa danos colaterais algum para um adolescente em fase de crescimento, ainda mais com o gostoso sabor de sazon onde eu lambia os beiços e depois bebi bicarbonato por sentir uma queimação inexplicável depois do jantar, com certeza era mal olhado de alguém invejoso que não queria eu próximo da Maria Alice.
No outro dia na escola encarei Maria Alice de longe, pois ela conversava com suas amigas e um garoto chegou atrás dela e a abraçou a beijando, novamente ela estava namorando, já era o terceiro em menos de 6 meses. Eu a enxergava como minha musa e queria ter um momento com Maria Alice só pra mostrar que ela não precisava de mais ninguém além de mim para satisfazê-la, estava louco para entrar em sua fila de amantes e ser amado por ela. Nem que se fosse por alguns segundos eu já me satisfazia em tê-la, e faria de tudo para ela me enxergar como a enxergava.
Como eu amava loucamente essa garota, de cabelos cacheados e seu olhar que penetrava diretamente em minha alma e me fazia desejá-la dia após dia incansavelmente, e seu cheiro que me deixava petrificado e espatifado quando ouvia sua voz sussurando algo a alguém, pois comigo não falava nada, exceto expressões de desgosto incentivado por suas amigas, mesmo a conhecendo desde o 2°ano, sem direcionar uma palavra a ela eu a amava, pois não precisava de um toque para saber o que eu sentia, e iria mostrar isso para Maria quando estivesse pronto. Eu iria fazer isso no show de talentos, ela tinha que me notar para eu despejar meu amor sobre sua perfeição de pessoa.
Entristecido a vendo com outra pessoa, meu coração se partia em dois, e meus devaneios torturantes não me faziam ver a algazarra que acontecia na escola. E só acordei quando alguém esbarrou em mim correndo e me jogou diretamente no chão, me fazendo bater a cabeça e alguém pisou em meu desenho o estragando, vi que todos riam e falavam sem parar me encarando com sacarsmo, e pra piorar vi Maria Alice sorrindo sutilmente de mim, com certeza ela fazia aquilo por estar perto daquele seu namorado idiota!
Então me levantei do chão e fui pro meu banco, encolhido segurando meu desenho, eu meio que me deprimia vendo aquilo tudo, queria ser normal que nem todo mundo, talvez assim eu não seria chacota de ninguém.
Aí vi um embolo de gente, parecia uma briga no meio daquelas pessoas idiotas, foi aí que vi um ser magricela e esquisito tentando andar, mas as pessoas o cercavam como se não houvesse espaço naquele lugar, o impedindo de andar entre eles, era um garoto diferente.
Era um garoto magro, alto, cabelos cortados e ondulados penteados formalmente da cor castanha escura, mas seus cabelos eram bem mais claros que o meu, os meus são negros e lisos, o dele era ondulados penteados formalmente e castanhos escuros.
Suas roupas eram diferentes também, eram uma camiseta cinza com um corte estranho e uma calça jeans, eu nunca havia visto na escola, provavelmente era um garoto novo. Talvez fosse aquele que todo mundo falava que ia chegar e que morava em outro país, eu não ligava, mas sabia que ia ser da minha sala. Iria ser só mais um que iria me chacotar também, e tiraria atenção da Maria Alice de mim, pois o que mais tem são concorrentes para namorar ela!
E o vendo, percebi que ele me olhou também, seus olhos dourados chamavam atenção, então levantei do meu lugar e peguei meu desenho que tinha feito, eu tinha desenhado Maria Alice, mas agora aquele rabisco não fazia sentido nenhum para mim naquela hora, aí peguei e o rasguei no meio e depois fui pra sala.
Junto com os outros da turma que haviam chegado e estavam conversando entre si, peguei meu desenho rasgado e o joguei no lixo e sentei em meu lugar pensativo e cabisbaixo. Na aula aquele garoto estranho sentou do meu lado, as pessoas haviam dado um pouco de paz para ele, mas parecia que aquele estranho não tirava os olhos de mim, então o olhei um pouco deprimido.
Então ele sorriu para mim e pegou o meu desenho rasgado e passou uma fita adesiva nele, e desesperadamente o olhei assustado com aquilo, por que diabos ele pegou o meu lixo? Com certeza estava me zombando, pois ele tentava dizer algo.
_ Cé chomh álainn! Cén fáth ar chaith tú an líníocht ar shiúl? _Que lindo! Por que você jogou o desenho fora? (Ele falava sorrindo e confuso para mim, articulando muito suas mãos no papel, parecia que ele dizia que queria um papel).
_ Oi! Meu nome é Murilo! (Eu não sabia o que dizer, eu nem sabia de onde ele veio nem o que falava).
_ Sorry! Ní thuigim tú! _Desculpe! Não entendo você! (Ele me olhava confuso).
_ Quer papel? (Eu mostrei um papel para ele já que havia passado a mão no meu desenho rasgado).
_ An bhfuil tú chun líníocht a dhéanamh? _Você vai desenhar? (Ele sorriu para mim simpaticamente).
Então peguei o papel e o entreguei e me encolhi novamente na cadeira, estava de saco cheio vendo a professora tagarelando lá na frente e chamando meu nome várias vezes por me dispersar da aula.
_ Aird! _Atenção! (Ele falava olhando para mim e sorrindo).
_ Cai fora, seu estranho! (Aí o olhei com raiva, não tava com paciência pra falar com ninguém).
_ Gangnow, Díoman! Díoman is ainm dom! Gangnow, Díoman! Díoman! (Ele falava empolgado para mim e apontando para si mesmo).
_ Seu nome é Tiamã? Diaman? O quê? (Eu o encarei confuso, não havia entendido o seu nome).
_ Díoman! Díoman, Díoman is ainm dom! Díoman!(Ele dizia sério e apontando para ele e pra mim).
_ Mu-ri-lo! Murilo! Não é Tiamã! É, Mu-ri-lo! (Ele tentava falar meu nome, só que dizia errado, assim como eu falava seu nome errado).
_ Mu-i-lo! Mur- i- lo! Gangnow, Díoman! Dío-man! (Ele falava empolgado e sorrindo pra mim).
_ Thiomã? (Aí sorri para ele).
Ele encarava com os olhos bem brilhantes para mim e escreveu seu nome no papel que eu havia lhe dado e me entregou, nele havia o seu nome e depois ficou me apontando pedindo para eu escrever meu nome para ele também, eu fiz aquilo pra ele. Depois ele ficou pronunciando o meu nome a aula inteira e pedindo pra eu ensiná-lo a falar português, e me mostrava seu celular com o tradutor para eu escrever para ele e vice-versa, foi aí que tudo deu errado.
As garotas começaram a cochicar e me olhar com cara feia, na hora do intervalo o estrangeiro havia sumido e me dado um tempo. Com certeza eu iria fazer um amigo e ele era estrangeiro, estava incomodado no início, mas eu comecei a gostar de sua conversa comigo, até no momento que ele chegou perto de mim com algumas garotas e me olhando sorridente pronunciou uma palavra a mim.
_ Você retadado! (Ele dizia sorrindo alegremente pra mim, e as pessoas do seu lado começaram a rir de mim).
Eu o olhei completamente chateado, então me levantei de lá e fui embora deixando eles sorrirem e ficarem emboladas naquele murundu. Todo mundo me odiava na escola, eu odiava todo mundo daquele lugar, principalmente aquele estrangeiro maldito, fingiu ser meu amigo e me xingou junto com os outros. Eu estava cansado de tentar fazer amizade e as pessoas zombarem de mim, eu queria ficar com meu pai junto de Hugo, eles me entendiam, as outras pessoas não! Eu sentia muita a falta dele e queria vê-lo e ia fazer de tudo para encontrar meu pai e sair dali!
*Corrigido
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Atualizado até capítulo 133
Comments
Da Silva Lopes Clinger
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2025-01-27
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