Nova York, dias atuais…
Kyera se levantou da cama, ainda com os resquícios do pesadelo que a atormentava desde a infância, quando chegou a Nova York para viver com sua tia, Siena Winter. Ela esticou os braços para aliviar a tensão e passou os dedos pelos cabelos de um tom vibrante de cobre, enquanto tentava afastar as imagens sombrias que rondavam sua mente. O relógio marcava quase meio-dia, e o ronco de seu estômago a lembrou de que precisava se alimentar. Cozinhar não estava nos planos daquele dia.
Movendo-se pelo apartamento espaçoso que herdara de Siena após sua morte trágica em um acidente de carro, Kyera afastou as cortinas pesadas da janela do quarto, revelando a paisagem grandiosa de Nova York, com suas pontes e arranha-céus imponentes. O céu nublado indicava a iminente chegada de mais chuva, intensificando a atmosfera melancólica típica do inverno.
Ela pensou com carinho em sua tia extravagante. Siena, a única mulher da família Winter que escolheu uma vida de solteira, longe do interior do Texas, onde suas irmãs permaneciam com seus maridos. Siena trocara a vida rural pela arte, vivendo como pintora em Nova York. Embora não fosse famosa, conseguiu uma vida confortável com a venda de seus quadros. Mais que excêntrica, Siena era uma alma livre e criativa.
Kyera suspirou, afastando-se da janela, e foi até o banheiro. Ao levantar os braços para tirar a camisa que usava como pijama, observou a longa cicatriz que marcava o interior de seu antebraço, uma lembrança que ela nunca conseguiu entender. A cicatriz, que ia desde perto da axila até o cotovelo, era um mistério. Nem mesmo sua tia soube explicar, alegando que Kyera já chegou em sua casa com aquela marca, provavelmente fruto de alguma travessura, já que ela era uma criança agitada.
O mais estranho, no entanto, era o desconforto persistente que aquela cicatriz lhe causava, como se escondesse um segredo importante, enterrado nas profundezas de sua mente, que ela temia desvendar.
Deixando esses pensamentos de lado, Kyera entrou no chuveiro. A água quente trouxe um alívio imediato, relaxando seu corpo tenso. Após um tempo sob a ducha, ela saiu, vestiu jeans, uma camisa de manga longa e uma jaqueta. Calçando seus tênis na porta do apartamento, saiu em direção ao seu restaurante favorito, a poucas quadras de distância.
O almoço foi um momento de paz, enquanto ela apreciava a comida e o silêncio. Depois, visitou uma livraria, e os livros que comprou a deixaram animada. A leitura sempre foi uma de suas paixões, uma fuga para mundos imaginários que a ajudavam a esquecer os desafios do dia a dia. Além disso, correr em alta velocidade também era algo que a fascinava, e foi essa paixão que a levou a aprender a pilotar e a comprar uma motocicleta.
De volta ao apartamento, Kyera se aconchegou entre almofadas no sofá e se perdeu em seus filmes favoritos. As horas passaram tão rápido que mal percebeu que era quase hora de ir para o trabalho como bartender em uma casa noturna. Ela se vestiu rapidamente, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo alto e saiu. Lá fora, a cidade já estava iluminada, pronta para a vida noturna de Nova York.
Ao descer até o saguão do prédio, os saltos de suas botas ecoaram pelo chão, chamando a atenção de algumas pessoas no hall de entrada. Entre elas, Stephan, o porteiro noturno e um amigo de longa data.
— Boa noite, senhorita Winter. – cumprimentou Stephan com um sorriso simpático e um leve aceno de cabeça.
— Boa noite, Stephan. – Kyera respondeu, devolvendo o sorriso. – Como está sua esposa?
Stephan sorriu, grato.
— Ela está muito bem, graças a você. Obrigado por tudo.
Kyera encolheu os ombros, modesta em relação ao que havia feito. Algumas noites antes, ela havia presenciado a esposa de Stephan ser atacada por um assaltante nas proximidades do prédio. Usando suas habilidades em Krav Maga, Kyera interveio rapidamente, derrubando o agressor, que foi preso logo em seguida. Embora a mulher de Stephan tenha sofrido ferimentos leves, ela agora se recuperava bem.
— Não foi nada, Stephan. Só fiz o que era certo. – disse Kyera com humildade. – Diga a Patrícia que mandei lembranças, e se precisarem de algo, sabem onde me encontrar.
— Muito obrigado, senhorita Winter. A senhora é muito gentil. – disse Stephan, com um sorriso. – Tenha uma boa noite.
Kyera assentiu e acenou para o porteiro antes de seguir para a garagem do prédio, onde sua motocicleta estava estacionada. Assim que saiu, foi recebida pelo caos típico das avenidas de Manhattan durante a hora do rush. As ruas estavam repletas de carros, enquanto pessoas se movimentavam apressadamente, algumas buscando relaxamento e diversão após um longo dia de trabalho, outras ansiando pelo conforto de casa. E, como ela, havia aqueles que apenas começavam sua jornada de trabalho.
Ela acelerou a moto, sentindo a adrenalina e a liberdade ao cortar o trânsito denso com agilidade. Logo chegaria ao seu destino, onde permaneceria até quase o amanhecer.
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Atualizado até capítulo 73
Comments
Patricia Gomes
Showww
2025-01-13
1
Pietra
Ecepcional
2025-01-13
0
Kika
/Hey/
2024-12-25
0