bela mulher

Sebastian ficou observando a moça que entrou e se aproximou deles sem hesitar. Por um lado, isso o fez lembrar novamente da mesma garota que havia encontrado anos atrás, dentro de um barril, lutando para conseguir subir a bordo de seu navio. Ao mesmo tempo, essa lembrança lhe cortava o coração. Ele ainda sentia que aquela jovem, com seus cabelos longos e a trança batendo nas costas, vestindo uma roupa um pouco desgastada, mas que ressaltava suas curvas e sua silhueta, poderia trazer algo novo para todos os piratas presentes. Contudo, ele ansiava por vê-la mais de perto; queria descobrir o que mais aquela bela mulher poderia fazer, se ela teria coragem de se aproximar de seu barco e propor uma aventura juntos. Afinal, era sua última navegação; era apenas uma nova jornada antes da aposentadoria. Se ele não se afastasse agora, a morte certamente viria.

Ele então pediu a todos os seus homens para atracar o navio. Sebastian aguardava ansiosamente por uma única oportunidade: ver aqueles olhos daquela linda mulher que tinha cabelos azulados diante do possível futuro que a vida lhe reservava. Ela estava fascinada pelo navio dele, todo preto com detalhes em prata — um navio maravilhoso chamado O Corvo Negro. Ele sempre teve orgulho daquele barco na vida dele e agora via uma mulher corajosa no meio de tantos homens navegando pelos mares nessa última aventura.

A imagem dela provocava reflexões sobre como o mundo poderia ser e como uma mulher poderia ser sua tentação novamente. Desta vez ele pensou: e se nada disso acontecerá como antes? Não desta vez; ele iria proteger aquela jovem. Lembrou-se dela e de suas ações na noite anterior — ela era muito parecida com uma sereia: saíra do mar ou algo assim. Seus olhos e cabelos jogados sobre seu corpo formavam uma imagem familiar.

Ele conseguia enxergar naquela moça a figura da sereia que vira dias antes: tinha os mesmos cabelos azuis e cantava suavemente enquanto brilhava sob as ondas do mar, expressando seu desejo pela liberdade do oceano junto à melancolia que sentia.

E se desta vez ele tivesse alguém ao seu lado dentro de seu navio querendo ficar perto dele? Mas por quê? O que mudou hoje? Por que deveria ser diferente nesta ocasião?

Sebastiann caminhava lentamente até a proa, onde a mulher deslumbrante se encontrava. Era a primeira vez em anos que sentia seu coração bater tão forte, ao ponto de poder ouvi-lo. Sua mão estava um pouco trêmula, algo fora do padrão para ele, que era um grande capitão pirata e não costumava se deixar abalar por belas mulheres. Ele já havia visto várias, tinha passado noites com muitas delas, mas aquela era diferente; ela subiu em seu navio e disse que queria acompanhá-lo. Seu pensamento fervilhava com o desejo de descobrir mais sobre ela e entender por que estava ali. Assim, dirigiu-se a ela com sua voz rouca e profunda:

— O que uma linda mulher faz aqui? Por que está neste lugar perigoso, pequena?

Tentou assustá-la com suas palavras e ela ficou levemente assustada, mas logo se recuperou. Com um lindo sorriso nos lábios e olhos cor de caramelo, respondeu:

— Eu não tenho medo do mar; na verdade, é o mar quem deve temer a mim. Nenhum dos dois precisa ter receio um do outro porque eu gosto dele. O mar é um mistério e eu sempre vou amá-lo da mesma forma que amo viver aventuras como esta juntamente com vocês.

Sebastian observou-a por um momento, avaliando sua doce voz, que lhe recordava a sereia das noites passadas. Pensou consigo mesmo: “Não pode ser ela... Não é possível.” Mas havia uma semelhança inegável em seus olhos e cabelos; tudo nela o deixava intrigado. Sua pele também parecia familiar. A voz suave a fazia parecer ainda mais encantadora. Então ele olhou para ela novamente, colocou a mão na cintura e mirando para o céu por alguns instantes antes de voltar seu olhar aos dela disse:

— Você é uma linda mulher e percebo que gosta da aventura. Ama o perigo ou apenas gosta de estar perto de homens perigosos?

Ela soltou uma risada leve que ressoou no ar, fazendo Sebastian sentir-se quase euphorico por ouvir esse som maravilhoso e ver seus lábios se curvarem num sorriso genuíno. Com um gesto sutil, passou os dedos pelos cabelos azuis enquanto falava de forma sedutora:

— Eu gosto do perigo! Na verdade, pouco existe de real nos mares; todos têm medo do desconhecido! E se o desconhecido estiver dentro do navio... O que vocês podem fazer? Provavelmente nada! Mas se não mostrarmos nossa verdadeira essência talvez possamos encontrar amor.

Sebastian a olhou com uma expressão arrogante como sempre fazia: soltou uma risada rouca em resposta às suas palavras.

— Você é corajosa, pequena. Mas não acha que aqui em terra firme as coisas são diferentes. É perigoso aqui também – o mar é ainda mais traiçoeiro! Ele é louco; não sabemos exatamente o que nos espera nele. Porém sou filho do mar e quero conhecê-lo até os limites das minhas aventuras – nem que isso me custe à vida.

Antes que pudesse falar novamente, Malu entrou na conversa animadamente — esbanjando alegria com seus cabelos pretos decorados por mechas brancas bem na frente — mostrando todo seu encanto através de seus olhos fascinantes.

— Parece evidente que você está atraído pela bela mulher — comentou Malu,— é engraçado vê-lo assim encantada; mas sim, ela realmente é linda! Se precisar da ajuda de um homem de verdade estou à disposição se quiser aproximar-se.

Sebastian ergue o olhar e ri ao observar o céu perfeitamente azul, sem uma única nuvem à vista, o que não sugeria a chegada de uma tempestade. As águas estavam calmas enquanto navegavam, então ele se volta para Malu e comenta:

— Não consegue ver uma mulher bonita sem já se jogar para cima delas; às vezes parece que nem curte tanto assim as mulheres.

Malu passa a mão nos cabelos, respondendo com seu tom sempre engraçado e leve, batendo o pé no chão:

— Gosto de mulheres assim como gosto de homens; sou bem aberto a todas as possibilidades. Se uma estiver aqui perto da gente, por que ela não poderia chegar um pouco mais perto?

Ela sorri amplamente, rindo da situação, enquanto Sebastian também se divertia com aquilo. Mesmo que mostrasse um pouco de desconforto em seu olhar, ele sabia reconhecer os tipos de homens em volta e tinha plena consciência de que ali nenhum deles era normal — afinal, todos eram piratas e ele também era um capitão pirata. Olhando novamente para Malu, ela diz com uma voz doce e tranquila, mas desafiadora:

— Não sou tão fácil quanto você imagina; gosto de outros tipos de homens que têm pelo menos um certo entendimento.

Malu olha para ela com um sorriso discreto e logo se junta ao grupo. Não fica claro se ficou irritado ou ofendido por algo que foi dito, mas ele decide apenas sair dando ombros e rindo do jeito habitual dele, sem deixar transparecer se estava incomodado ou simplesmente aceitando suas palavras. Sebastian observou Malu pela lateral enquanto ela se afastava da conversa para ir em direção à parte inferior do navio. Ele permaneceu ali olhando o vai-e-vem das ondas sob aquele céu azul visível enquanto todos ao redor conversavam ou cumpriam suas tarefas de limpeza do barco, organizando tudo. Apesar do sol radiante naquele momento, ele sabia que as coisas poderiam mudar rapidamente no mar; bastava uma reviravolta climática para surgir uma chuva forte ou até mesmo uma tempestade — quem sabe até um tornado — já que o mar é traiçoeira e nunca dá para saber o que esperar dele.

Ao cair da noite, com o céu repleto de estrelas e sem indícios de chuva, Sebastian encontrava-se em sua cabine, analisando mapas para ter clareza sobre seus próximos passos. Era crucial que ele fosse estratégico, já que gastar tempo excessivo poderia levar ao esgotamento de recursos preciosos como pólvora, alimentos e até suas bebidas. Por isso, preferia evitar paradas desnecessárias para reabastecimento. Enquanto se concentrava na leitura de mapas e livros importantes relacionados à sua aventura, a mulher entrou pela porta. Ele não ouviu o som da abertura da porta devido à sua distração com os documentos e mapas a sua frente. Dentro do navio, acreditou que era Malu quem entrava; ela caminhava lentamente, mas ainda assim seus passos eram audíveis. Contudo, logo percebeu que não se tratava de seu amigo, mas dela, pois seus passos eram delicados e sutis no chão. Ele então levantou a cabeça e viu que ela o observava atentamente, achando que ele não tinha percebido sua presença.

Ele esboça um sorriso sutil, mas preserva sua atitude arrogante e fala com uma voz séria: — O que você faz aqui, pequena? — ele demonstra curiosidade, já que ela nem chegou a bater na porta.

Ela sorri e passa o dedo pela mecha solta do cabelo, enrolando-a em seu dedo enquanto diz suavemente:

— Eu fiquei entediada lá fora e queria conversar com você de novo.

Sebastian solta uma risada rouca, retira o chapéu de capitão e examina os mapas, pensando em como poderia dar uma chance para conhecê-la melhor. Ele se dirige a ela com seriedade, mas com um leve sorriso:

— Diga o que quiser, estou ouvindo, pequena.

Ela ri do apelido que ele lhe deu e se aproxima da mesa repleta de mapas, olhando para ele com um ar inocente e genuidade:

— O que faz um homem querer tantos tesouros e posses? Ele encara a janela e dá uma leve risada, ajeitando-se na cadeira antes de responder:

— Nós desejamos ter as coisas; eu faço isso por amor à emoção, mesmo que isso coloque minha vida em risco; não tenho medo.

Continua...(⁠.⁠ ⁠❛⁠ ⁠ᴗ⁠ ⁠❛⁠.⁠)

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