Rosie: — Não sou atraente?
Eric: — Muito. — Ele me olha com desejo nos olhos, como se lutasse consigo mesmo.
— Percebi que ele tentava não perder o controle. Abriu o guarda-roupa e puxou a primeira peça que viu, com mãos apressadas.
Eric: — Consegue vestir?
— Balancei a cabeça, negando com um sorriso tímido.
— Ele respirou fundo, se aproximou. Decidiu me vestir ele mesmo. Cada gesto seu era cuidadoso, como se encostar em mim fosse algo sagrado. O ar entre nós estava denso, carregado.
Eric: — Quero que saiba... o motivo de não ter acontecido nada hoje... é respeito.
— Se inclinou até mim. Sua respiração roçou meu ouvido, e suas palavras me atravessaram como um arrepio.
Eric: — Você é muito atraente, Rosie.
— Ele pegou minha mão e a guiou até o peito dele.
— O coração dele batia rápido, acelerado. Era como se dissesse tudo o que ele não teve coragem de verbalizar.
— Meu peito se aqueceu. A vontade de tocá-lo, de retribuir, de agradecer por ele me enxergar com tanto cuidado... era maior que o medo.
— Tomei coragem. E o beijei.
— Ele me correspondeu na mesma medida, com suavidade e desejo. Ficamos ali, trocando carícias silenciosas, como se o tempo tivesse deixado de existir.
— Quando a madrugada começou a ceder espaço ao amanhecer, sabíamos que o momento tinha acabado. Ele teve que sair pela janela, antes que meu avô acordasse. O quarto ficou cheio do cheiro dele, do calor dele, da ausência dele.
...****************...
Quinta-feira, 13 de agosto — 6h30 da manhã
— Não dormi. O quarto ainda guardava o calor da noite passada. O lençol, o perfume no travesseiro, o som abafado da janela fechada.
— O silêncio me abraçava, até ser interrompido por três batidas firmes na porta.
— Caminhei sonolenta até a entrada, ajeitei o cabelo com pressa. Espiei pelo olho mágico. Uma mulher. Séria. Sozinha.
— Abri com cuidado.
Rosie: — Bom dia! Posso ajudar?
— Ela permaneceu parada, me analisando com olhos frios, mas contidos.
???: — Perdão. Procuro o senhor Van Aalen.
Rosie: — Ele saiu cedo, mas deve voltar logo.
???: — Posso esperá-lo aqui?
Rosie: — Claro. — Abri espaço.
— Ela entrou com uma elegância automática. Não sorriu, apenas inclinou levemente a cabeça.
— Seus olhos passearam pela casa. Avaliavam. Não havia curiosidade, mas julgamento sutil.
???: — Victória. — disse com simplicidade.
Rosie: — Rosie. Prazer em conhecê-la. — Estendi a mão com um leve sorriso, mas ela não retribuiu. Apenas olhou.
Victória: — Rosie... — Repetiu o nome como quem saboreia algo estranho. — Um nome forte. Soa bem.
— O tom dela era firme. Cortês. Educado, mas vazio de emoção.
Rosie: — Aceita um café comigo?
Victória: — Agradeço, mas não quero incomodar.
Rosie: — Não incomoda. Eu insisto.
— Caminhamos até a cozinha. Ela se movia como uma bailarina treinada, reta, precisa, sem perder o equilíbrio. Seu olhar era afiado. Tudo nela parecia conter história.
Victória: — Gosta de cozinhar?
Rosie: — Eu amo! Meu sonho é abrir meu próprio espaço.
Victória: — Imagino que você seja muito boa no que faz. — Ela sorriu. E naquele segundo, o rosto dela suavizou. Como se algo tivesse escapado da máscara que usava.
— Conversamos por alguns minutos. Superficialmente. Mas havia uma estranha sintonia no ar — como se a presença dela se conectasse a mim por algo invisível.
— O barulho da porta se abrindo quebrou a cena. Vovô entrou com sacolas, mas parou ao vê-la. Seus olhos se arregalaram, e as sacolas caíram com um baque surdo.
Rosie: — Vovô? O senhor está bem?
— Ele não respondeu. O olhar estava preso nela. A expressão havia mudado. Era como se o passado tivesse entrado pela porta junto com ela.
— Eu não devia estar ali.
Rosie: — Então... estou indo. Tenho aula. — Me aproximei, dei um beijo em sua bochecha rígida, acenei para Victória, e fui embora.
— Quando fechei a porta, ouvi a voz do vovô, cortante:
Vovô: — O que faz aqui?
Victória: — Esse é o jeito que o senhor recebe seus convidados, pai?
...Ficha Técnica:...
...Nome: Victória Van Aalen....
...Idade: 39 anos....
...Profissão: Advogada....
...****************...
Vovô: — Devia sentir vergonha de aparecer aqui. Como consegue olhar para sua filha e não sentir nem um pingo de remorso?
— A voz dele era falha, mas ardia. Um grito sufocado há anos.
— Victória, serena. Quase fria. Olhou para a xícara sobre a mesa. A mesma que eu havia usado. E sorriu — um sorriso pequeno, talvez triste.
Victória: — Ela cresceu muito bem, pai.
— A voz dela não era defensiva. Era resignada. Como quem já aceitou que perdeu. Que escolheu perder. E vive com isso.
— Ela olhou o café servido com tanto carinho, e talvez tenha entendido, ali, o que jamais teve coragem de perguntar.
...****************...
Mais tarde, na universidade
Maggie: — O que você tem? Não parece nada bem!
Rosie: — Só uma dor de cabeça... mas vai passar.
Maggie: — Eu tenho remédio. Quer?
Rosie: — Obrigada. — Aceitei com um sorriso fraco, tentando fingir força.
— A aula prática tomou toda a manhã. Mas minha cabeça continuava longe — nos olhos de Victória, no silêncio pesado do meu avô, no que não foi dito.
— No fim, saí para caminhar. Precisava de ar. De espaço.
— Andei sem direção. O sol batia no rosto. Os pensamentos, turvos. As emoções, embaralhadas.
— Foi aí que esbarrei em alguém.
Rosie: — Desculpa, eu estava meio...
— Olhei. E congelei.
— O tempo parou.
— Nossos olhos se encontraram. E os meus se encheram de lágrimas.
Continua...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 53
Comments